...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

sábado, 6 de março de 2010

VAI MAS É PASSEAR!


Em Outubro, a Travel & Leisure (USA) considerou o Porto um dos destinos mais charmosos e acessíveis da Europa.
Na mesma altura, Lisboa ganhou 3 prémios no World Travel Awards, melhor destino da Europa, melhor destino para city breaks e melhor destino para cruzeiros.

Vá de férias cá dentro, é o que apraz dizer: mais 3 ou 4 fins-de-semana e chega o bom tempo, aproveitem e vão laurear a pevide.
Podia sugerir, de cima para baixo, Guimarães, Ponte de Lima, o Douro, Óbidos, Sintra e Cascais, Estremoz - óptimos destinos para conhecer ou rever.

Mas não, proponho-vos um passeio pelo Portugal que já foi importante, um país que foi povoado por causa dos mouros e de Espanha, e enquanto Espanha foi uma ameaça, até finais de setecentos (e depois Napoleão, em 1807-11, e D. Miguel, na guerra civil de 1828-1834).
Um país que ganhou forais e cartas de feira nos primórdios da nação, revigorou com milhares de judeus expulsos de Castela e definhou com as reformas administrativas de Mouzinho da Silveira e Passos Manuel, entre 1832 e 1836, quando o número de concelhos levou uma machadada – desceu de 817 para 351 – e concelhos passaram a freguesias.

É isso que proponho, uma subida às BEIRAS, uma volta pelas aldeias de Portugal, saída ao Sábado e regresso no Domingo.
Comecem por Belmonte, a terra de Álvares Cabral e “o” bastião judaico, depois Sortelha – a minha preferida, congelou no passado, calcorreámos a terra toda e só vimos 2 pessoas na porta da muralha –, Sabugal, Castelo Mendo e Almeida*: fundada no tempo dos romanos, moura e espanhola várias vezes, foi uma importante praça-militar até 1927, com as suas curiosas muralhas em estrela à volta da planalto (ou mesa, ou Talmeida em árabe).
Venha depois Castelo Rodrigo, Castelo Melhor e Marialva – prémio dado a um dos heróis da Restauração, D. António Luís de Menezes e mais conhecida pelo filho do 4º Marquês, um bonvivant que morreu na arena, durante a última corrida de touros de morte em Salvaterra de Magos.

Parece uma rota demasiado preenchida, mas as terras são tão pequenas quanto bonitas: não se compreende como vivia tanta gente dentro de muralhas minúsculas, ou como dormia tanta gente na torre de menagem – ao molho, no chão.

Dá para conhecer um tantinho de engenharia militar e aprender o que são seteiras, casamatas, portas da traição ou matacães (buracos onde se atiravam pedras ou líquido a ferver sobre os atacantes). E, last but not the least, para comer de forma opípara.
Dormida na Hospedaria do Convento de Santa Maria de Aguiar, do séc. XII, ou no quarto da coruja da Casa da Cisterna (Castelo Rodrigo), ou ainda nas Casas do Coro (Marialva). Procurem na net, os espaços são belíssimos e os anfitriões acolhedores. Não se arrependem.
Vá, mexam-se.


* Confesso o interesse: não fosse um militar qualquer, colocado em Almeida, ter conquistado a filha dum estalajadeiro de Castelo Rodrigo, no séc. XIX, o escriba não existia.

3 comentários:

  1. e o Piodão... aldeia também a não perder.

    E para os mais corajosos fica a informação que existem rotas marcadas para a pé se calcorrearem os montes que ligam estas aldeias.

    Eu fiz apenas 1 troço de cerca de 14km e fiquei apaixonado pela Beiras.

    ResponderEliminar
  2. Tenho uma amiga cuja família é de Piodão. O avô era o guarda-livros da aldeia, onde se assentavam as posses e partilhas, que por acaso eram curiosas: tudo se dividia.
    Razão pela qual a minha amiga é dona de 1/16 dum oliveira, de 1/32 duma cerejeira e por aí fora.

    ResponderEliminar
  3. Tenho raízes beirãs.. uma aldeiazinha com origens na nossa mais antiga história de Romeu e Julieta, perdão, Pedro e Inês, sendo que um dos assasínos da Rainha que nunca viu a coroa dava pelo nome de Pero Coelho, Senhor do Jarmelo, onde Inês esteve desterrada a mando do pai de D. Pedro. Após a captura e morte de Pero Coelho, mandou D. Pedro que se queimasse tudo e salgassem as terras para que nunca mais ali houvesse vida.Os habitantes... que já habitavam num deserto de pedra.. obrigados se sentiram a procurar outras terras e em alguns aglomerados fundaram Quintas que com o tempo se tornaram freguesias, uma delas a minha.

    Aconselho também uma visita a Pinhel.
    Gostei do blog, parabéns

    joaop

    ResponderEliminar