...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

domingo, 29 de setembro de 2013

PORQUE NO TE CALLAS?


Excerto retirado do artigo “Autarquicas Clandestinas” de João Quadros, publicado no jornal “Negócios” de 27/09/2013:
(...) a melhor cena de campanha tem Pedro Passos Coelho como protagonista. As televisões, na lógica "follow the leader" a que se limitaram, brindaram-nos com a seguinte cena.
Numa rua de Sintra, Passos Coelho segue com a comitiva, quando decide abrandar o passo e cumprimentar uma senhora de idade que estava à janela de um r/c:
Passos: Como está?
Velhota: Está cada vez pior. A minha pensão.
Passos: Quanto é a sua pensão?
Velhota: Hum... É das mais baixas.
Passos: Diga lá, quanto é a sua pensão?
Velha: Hum…
Passos: Diga lá quanto é a sua pensão?
Velhota: 200 euros…
…(faces pálidas de pessoas acompanham PM)
Passos (feliz): Então aumentou!
E continuou, por ali fora, argumentando que os remédios estão mais baratos e a pensão, da sortuda, está mais alta.

Ora bem, é normal que um PM tome medidas com as quais não concordamos.
É possível que um PM pense coisas 'indizíveis'.
É terrível que um PM (de qualquer partido, em particular de um que tem 'social' no nome) use este argumento impiedoso e estúpido.
Pior é impossível. Mesmo.

domingo, 22 de setembro de 2013

ISSO É MAQUIAVÉLICO

citações d' O Príncipe, de Nicolau Maquiavel 
Em 1513, aos 44 anos, Maquiavel achou ter acumulado conhecimento suficiente, pela 'longa experiência das coisas modernas e leitura constante das antigas (...) com muito trabalho e perigo', para ousar 'oferecê-lo' condensado ao jovem Lourenço de Médici II*, saber esse sobre como tomar e manter o poder.
O pequeno volume, que se lê numa penada, mostra acima de tudo pragmatismo (Maquiavel é um Kissinger da renascença), com uma realpolitik cimentada na virtú, um conceito que junta força de carácter, inteligência, coragem e capacidade de adaptação às circunstâncias - longe da benigna virtude, como a entendemos**.
Através do saber empírico, a partir de inúmeros exemplos pretéritos - porque a história se repete, e a iteração dos erros pode ser evitada -, Maquiavel sistematiza uma série de regras (máximas) a seguir pelo príncipe, umas que hoje parecem lana caprina, outras porventura contraditórias - afinal, deve dar-se primazia ao povo, ou aos poderosos? -, mas sempre cristalinas, como uma árvore de decisão.
Alguns trechos terão um contexto histórico, numa Itália retalhada em pequenos Estados em constantes pelejas pela sobrevivência ou expansão, mas outras 'lições' são intemporais.
Eis alguns exemplos:   

sobre as novas colónias
Aqueles que lesa [confiscando-lhes terras e casas], dispersos e empobrecidos, não logram incomodá-lo; quanto aos outros, ficam quietos e calados porque, por um lado, não foram lesados e, por outro, têm medo que lhes aconteça o mesmo que aconteceu aos espoliados, se a tal derem azo.

cortar o mal pela raiz
Prevendo à distância os males nascentes - dom só concedido aos judiciosos -, remedeiam-se depressa. Mas quando, por não terem sido previstos, crescem tanto que qualquer os vê, já não há remédio. Por isso os Romanos remediaram sempre os inconvenientes, pois previram-nos sempre, também. Nunca os deixaram alastrar para evitar uma guerra, porque sabiam que uma guerra não se pode evitar, mas sim, apenas, adiar, com vantagem para outrem.
  
sobre criar novas instituições
Aquele que as impõe tem como inimigos todos a quem a ordem antiga aproveitava e como tíbios defensores apenas os que poderão aproveitar da nova.

será?
A natureza dos homens é mutável.

ou ganância 
Os homens molestam os outros por medo ou por ódio.
é como tirar um penso
Pode chamar-se boa à crueldade (se é possível haver bem no mal) que se exerce somente uma vez, por necessidade de segurança, e depois se abandona e se converte o mais possível em benefício dos súbditos. A crueldade má é aquela que, embora ao princípio seja pequena, aumenta com o tempo, em vez de diminuir (...) ao apoderar-se de um país, o ocupante deve pensar em todas as crueldades que precisa de fazer e praticá-las imediatamente, de uma vez, para não ter de voltar a recorrer ao mesmo processo, e, não as renovando, tranquilizar os homens e conquistá-los pelos seus benefícios.
Convém fazer o mal todo de uma vez, para que, por ser suportado durante menos tempo, pareça menos amargo, e o bem pouco a pouco, para melhor saborear.
o povo é quem mais ordena?
Aliás, um príncipe com um povo hostil nunca pode sentir-se em segurança, pois o povo é muito numeroso, mas pode precaver-se dos grandes, que são poucos. (...) Acontece ainda que o príncipe é obrigado a viver sempre com o mesmo povo, mas pode passar bem sem os grandes, pode criá-los e destruí-los todos os dias, tirar-lhes e dar-lhes poder e autoridade quando lhe aprouver.
Quem chegar a príncipe com a ajuda do povo deve conservar sempre a sua amizade - o que será fácil, visto o povo só desejar que não o oprimam.
realpolitik
É tão grande a diferença entre a maneira como se vive e a maneira como se deveria viver, que quem trocar o que se faz pelo que se deveria fazer, aprende mais a perder-se do que a salvar-se, pois quem quer viver exclusivamente como homem de bem não pode evitar perder-se entre tantos outros que não são bons. Por isso,o príncipe que deseja manter a sua posição precisa, também, de aprender a não ser bom e a servir-se ou não dessa faculdade de acordo com a sua precisão.
o príncipe Rui Rio
Um príncipe prudente não se deve preocupar se lhe chamarem somítico, pois com o tempo será gradualmente considerado liberal, quando virem que graças à sua economia, os seus rendimentos lhe chegam, se pode defender de quem o atacar e empreender cometimentos sem sobrecarregar o povo. Assim usará de liberalidade para todos aqueles a quem não tira nada, e que são em número infinito, e de sovinice para com todos aqueles a quem nada dá, que são poucos.
tanto bom (?) exemplo...
Parece-me mais seguro ser temido do que amado, se sé se puder ser uma delas. (...) Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor mantém-se por um laço de obrigações que se quebra quando surge ocasião de melhor proveito. Mas o medo mantém-se por um temor do castigo que nunca nos abandona. 
Contudo, o príncipe deve fazer-se temer de tal modo que, se não conseguir a amizade, possa pelo menos fugir à inimizade. (...) Acima de tudo, convém que se abstenha de tocar nos bens doutrem, porque os homens esquecem mais depressa a morte do seu pai do que a perda do seu património.
(o príncipe deve ter o entendimento treinado para) não se afastar do bem, se puder, mas enveredar pelo mal, se for necessário.
como guardar-se de ser odiado e desprezado
Quando não se rouba aos homens nem os bens nem a honra, eles vivem contentes e só resta combater a ambição de uns quantos, a qual se pode dominar facilmente e de várias maneiras. (...) Um dos remédios mais certos contra as conjuras é não ser odiado nem desprezado pelos populares. (...) os príncipes sensatos dedicaram sempre todos os cuidados a não desesperar os grandes e a satisfazer e contentar o povo.
Os príncipes devem confiar a outros os papéis que concitam rancores e tomar para si os que atraem o reconhecimento. Repito, outra vez ainda, que o príncipe deve prestar atenção aos mais importantes, mas sem se fazer odiar pelo povo.
Sendo impossível aos príncipes não ser odiado por alguém, devem, primeiro, esforçar-se para não serem odiados por todos e, se não o conseguem, estudar todas as maneiras possíveis de evitar a inimizade da classe mais poderosa.
É, sem dúvida, quando saem vitoriosos dos seus empreendimentos e das contrariedades que lhes causam que os príncipes se tornam grandes. (...) Há, até, quem pense que um príncipe sensato deve, sempre que tenha oportunidade, alimentar subtilmente algumas inimizades, a fim de que, vencendo-as, faça jus a maiores louvores.
A maior cidadela possível é não seres odiado pelo povo.
a sorte protege os audazes
É melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna é mulher e, para a conservar submissa, é necessário bater-lhe e contrariá-la.

o voluntarista Maquiavel acha que é sempre mais proveitoso tomar partido em guerras alheias, que manter-se neutro, e que adiar uma guerra dá vantagem ao adversário, o que nem sempre foi o caso (depende do resultado, ficar-se conhecido como audaz ou como imprudente) - podia perceber de política, mas quanto a estratégia militar, podia aprender com o mais paciente Sun Tsu.

* curiosamente, Maquiavel começou a trabalhar na chancelaria em 1498, durante o regime republicano, sendo demitido e preso em 1512, com o regresso dos Médici - a dedicatória a um deles, aquando da sua travessia no deserto, parece maquiavélica, perdão, interessada.
** ou, como afirmou Espinosa, O Príncipe é uma suprema ironia, e Maquiavel mais não fez que expor a perfídia dos governantes e preconizar, para bem do povo, uma governança assente em boas leis.

sábado, 21 de setembro de 2013

DON MCCULLIN, FOTOJORNALISTA

O fotojornalista Don McCullin (Londres, 1935) ganhou fama pelas suas fotografias de guerra e conflitos urbanos, trabalhando mais de 20 anos para o Sunday Times. A guerra proporciona imagens impressivas, como socos no estômago, em quem as vê e em quem as tira. McCullin, como outros fotojornalistas, viu-se amiúde confrontado com a dúvida, devo carregar no botão ou parar e ajudar a pessoa que tenho na mira?
Até que desistiu, afirmando-se cansado da guerra, pouco depois de, em Beirute, uma mulher tentar tirar-lhe a máquina fotográfica, gritando que ele não tinha o direito de fotografá-la, no meio daquele sofrimento. Já este mês, no festival fotográfico de Perpignan, McCullin disse ter vergonha de ser considerado fotógrafo de guerra.
McCullin passou então a 'trabalhar' paisagens e naturezas mortas. Com a mesma perícia.

1958. Sheep to slaughter
 
1961, August. East berliners watch construction of the Berlin Wall. Germany
 
1961, November. West berliners watch construction of the Berlin Wall. Germany
 
1961, November. Construction of the Wall, West Berlin. Germany
 
1961, November. Windows are bricked up on the East Berlin.
 
1962. Protester, cuban missile crisis. Whitehall, London

1963. West Hartlepool steelworks. County Durham, UK

 1964. Suspected freedom fighters, loyal to deposed prime minister, Patrice Lumumba,
being tormented by congolese soldiers before execution.  Stanleyville, Congo
 
1964. British peacekeeping soldiers transport the bodies of turks killed by greek militia. Cyprus

1964. Turkish defender leaving the side entrance of a cinema. Limassol, Cyprus

1968. Biafra, south-eastern Nigeria

1968. Fallen north vietnamese soldier. Vietnam

1968. Paul McCartney, Ringo Star and George Harrison fakes John Lennon's death

1968, february. Shell-shocked US marine awaits evacuation, Tet offensive. Hué, South Vietname

1970 (ca). Windsor Baths, Bradford

1970. Homeless irishman. Aldgate (East End), London

1970. Bogside, Londonderry. Northern Ireland

1971.8.7. Young catholic rioters trying to escape from clouds of CS gas released by the troop.
Bogside, Londonderry, Northern-Ireland

 
 
1973. Snowy the mouseman. Cambridge

1976. Christian gunmen battling palestinians from the foyer of the Holiday Inn. Beirut, Lebanon

1993. Apples from my gardens. Somerset
 
2000. The Battlefields of the Somme. France



 
 
2002. Family of Mursi shepherds. Ethiopia

2006. Ladie's day, Royal Ascot

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ENTREVISTAS DE FERRO A SALAZAR



Não há livro sobre a ditadura que não tenha como referência bibliográfica as entrevistas de Salazar a António Ferro – 5 em 1932 e 2 em 1938 – publicadas no Diário de Notícias, como folhetim. Embora realizadas no início do seu longo consulado, são o testemunho político de Salazar – ali o ditador diz ao que veio.
Chamar-lhes entrevistas talvez não seja o mais correcto, Ferro é mais uma espécie de mediador entre um governante desconhecido e o povo (como escreveu em O Ditador e Multidão, embora uma ditadura não possa passar a vida a narcisar-se, o ditador deve contactar com o povo, galvanizá-lo, coando a supressão de liberdades e direitos através da alegria e entusiasmo, apresentando-lhe uma bandeira – porque ‘os povos não gostam de ser arrastados: gostam de ser levados…’). Com adulação e algum romance, termo que Ferro usa como analogia para o seu inquérito, no mesmo parágrafo onde fala em ‘peça’, ‘último acto’ e ‘o pano vai subir’. O ditador na boca de cena, portanto.
Acresce o detalhe das embevecidas* entrevistas – mesmo as perguntas teoricamente mais assertivas servem de passadeira vermelha para Salazar explanar o seu argumentário - terem sido submetidas à apreciação prévia do lente coimbrão e terem sido redigidas de memória (Ferro guardou o bloco, em detrimento duma conversa mais fluída) - como escreve Salazar no prefácio, as respostas passaram pela pena do jornalista, ganhando uma beleza literária que de seu natural não tinham.
O objectivo? Como justifica na Introdução, Ferro pretende saber quem é o novo presidente do Conselho (‘Talvez um teimoso, talvez um visionário, talvez um orgulhoso, talvez um insensível, um inadaptado dentro da sua raça, mas um homem indiscutivelmente honesto e inteligente.’) e saber se ele pretendia aplicar o bem-sucedido método aplicado na pasta das finanças – cuja descrição parece actual (ver caixa) -, ‘ao orçamento errado, desequilibrado, da própria alma da raça, às suas verbas excessivas e às suas verbas insuficientes, valorizando aqui certas qualidades, reduzindo taras e defeitos acolá. Impostos, imposições, sobre certas reacções individuais… O combate metódico, mas tenaz, a um défice de virtudes e os esforços consequentes para chegar a superavit…’  

E hei-lo, sozinho, e frente da crise, desprezando a sua grande cultura financeira, armando-se temporariamente com as quatro operações aritméticas: somar, diminuir, multiplicar e dividir… O primeiro movimento foi de incredulidade perante este critério simples de dona de casa. (…) Como resistir ao cautério, ao peso das contribuições, ao arrumo forçado, violento, das contas do Estado? (…) Foi o momento, a hora difícil do dr. Oliveira Salazar, como ministro das Finanças. Por toda a parte, nos cafés, nos eléctricos, nas lojas, nos Bancos, nas casas burguesas, à hora do jantar, a campainha de alarme, o verdadeiro pânico: «Mas este homem é um louco!... Mas este homem tira-nos a pele!... Mas este homem leva-nos à ruína!...», O dr, Oliveira Salazar teria soçobrado, nesse momento, se tivesse dado o flanco, se tivesse discutido, se tivesse saído da sua terrível e admirável serenidade. (…) Os que tinham sentido o seu país *a beira da ruína foram-se levantando, hoje um, amanhã outro, confusos, feridos, amachucados, apalpando-se a si próprios, espantados pelo milagre: «Pois será possível? Ainda estamos vivos?» Alguns, é certo, nunca mais puderam erguer-se, mas foram aqueles, talvez, que tinham os seus dias contados…

Quem ler o livro, ou este resumé (leva o tempo de fazer uma tosta, é favor ligar a torradeira) conclui que Salazar era um homem do seu tempo, com os preconceitos naturais à época, apóstolo dum governo musculado (no rescaldo duma 1ª república caótica e pouco democrática) e descrente no parlamentarismo e dos seus debates estéreis, visando apenas o poder. Era um homem do seu tempo em 1932, mas, senão antes, em 45 já o seu tempo passara.
 
ANTI-PARLAMENTARISMO, UM SINAL DOS TEMPOS
A primeira entrevista parte do seu discurso de 23 de Novembro, onde Salazar dá ordem de desmobilização às direitas conservadoras, católicos e monárquicos, atacando a lógica de facções, pois é hora da união nacional - só falta o grito de batalha, por São Jorge, a mim!

´Nós temos uma doutrina e somos uma força. (…) Nestas circunstâncias não há acordos, nem transições nem transigências possíveis. Os que concordam com o nosso programa fazem um acto patriótico, declarando a sua concordância e trabalhando abertamente a nosso lado; os que não concordam podem ser igualmente sinceros e dignos confessando a sua discordância, são mesmo livres de proclamá-la mas, no que respeita a uma actuação política efectiva, levá-los-emos pelo melhor modo possível a que não nos incomodem demasiadamente. (…) Não estão connosco os que preferem à obediência a sua liberdade de acção nem os que sobrepõem às directrizes superiormente traçadas as indicações da sua inteligência, ainda que esclarecida, ou os impulsos, ainda que nobres, da sua vontade.’ (discurso)

Salazar afirma que a Ditadura se fez contra o espírito partidário, que a Constituição não facilitará a ressurreição dos partidos e que não deixará formar até agrupamentos dentro da Situação. A sua opinião é linear, ‘Os partidos – não o esqueçamos – eram em geral grandes agências de colocações onde se entrava, como se entra nas bichas, para esperar vez, para aguardar a fatal distribuição de benesses na hora do Poder.’
Na 5ª entrevista, volta à carga: ‘Eu não tenho horror aos partidos, dum modo geral, tenho horror ao partidarismo em Portugal. A Inglaterra vive, pode dizer-se, há séculos com os seus dois partidos alternando-se no poder, e até ao presente têm-se dado bem com isso. (…) A terapêutica da Nação doente, retalhada, exige-nos uma imobilização, que pode ser definitiva ou demorada, de toda a acção política fragmentária. (…) eu sou, de facto, profundamente anti-parlamentar porque detesto os discursos ocos, palavrosos, as interpelações vistosas, e vazias, a exploração das paixões não à volta duma grande ideia, mas de futilidades, de vaidades, de nadas sob o ponto de vista do interesse nacional.’
Na derradeira conversa, Salazar volta a advogar a governação em petit comité, ‘Há certas leis que se tornariam perigosas ou se prestariam a especulações inconvenientes se não fossem elaboradas em silêncio, como, por exemplo, aquelas que dizem respeito a direitos’, embora reconheça que ‘todo o poder sem fiscalização, até quando se trata de um bom governo, tem tendência para exorbitar’.
 
A AUTORIDADE E A LIBERDADE
Salazar é peremptório, na 2ª entrevista, ‘Autoridade e liberdade são conceitos incompatíveis… Onde existe uma não existe a outra…’, recorrendo a um argumento simiesco: ‘A liberdade vai diminuindo à medida que o homem vai progredindo, que se vai civilizando. Desde o homem primitivo, absolutamente livre no mundo da sua floresta, ao homem de hoje, que obedece a sinais, obrigado a seguir, nas ruas duma cidade, pela direita ou pela esquerda, quanta distância percorrida, quantos progressos realizados. Entreguemos, pois, a liberdade à autoridade, porque só ela a pode administrar… e defender. (…) A liberdade garantida pelo Estado, condicionada pela autoridade, é a única possível, aquela que nos pode conduzir, não digo à felicidade do homem, mas à felicidade dos homens.’
Na última entrevista, 6 anos depois, Salazar insiste, ‘Não pode haver liberdade contra a verdade; não pode haver liberdade contra o interesse comum’ – a sua verdade e o interesse comum visto por si, devia acrescentar-se.
 
 A CENSURA, UM MAL NECESSÁRIO
‘Chego a pensar que a censura é uma instituição defeituosa, injusta, por vezes, sujeita ao livre arbítrio dos censores, às variantes do seu temperamento, às consequências do seu mau humor. Uma digestão laboriosa, uma simples discussão familiar, podem influir, por exemplo, no corte intempestivo duma notícia ou da passagem dum artigo. Eu próprio já fui em tempos vítima da censura e confesso-lhe que magoei, que me irritei, que cheguei a ter pensamentos revolucionários…’
Na 2ª entrevista, assim começa Salazar a sua prédica sobre a censura, pretendendo ‘reduzir a sua acção ao indispensável’, mas que crê necessária: para evitar ‘que se deturpem os factos, por ignorância ou má-fé, para fundamentar ataques injustificados à obra dum governo’; como instrumento moralizador, já que alguma imprensa oferecia ‘uma imagem de saguão: intrigas, insultos, insinuações, pessoalismos, provincianismos, baixa intelectualidade. Ora o jornal é o alimento espiritual do povo e deve ser fiscalizado como todos os alimentos; para impedir, não a boa doutrina, sem acinte e com boa fé, mas a ‘doutrina subversiva, demasiado habilidosa’.
Na 7ª entrevista, respondendo às críticas dos liberais franceses e ingleses acerca do analfabetismo lusitano, e trazendo à baila a ofensiva do comunismo internacional, Salazar encontra mais uma razão para amordaçar o povo: ‘A censura, hoje, por muito paradoxal que a afirmação lhe pareça, constitui a legítima defesa dos Estados livres, independentes, contra a grande desorientação do pensamento moderno, a revolução internacional da desordem. Eu não temo o grande jornalismo desde que seja português e o demonstre. O que temo são os pequenos jornalistas que se desnacionalizam sem dar por isso, talvez por não estarem suficientemente armados para se defenderem de sedutoras e fáceis teorias’.
 
OS ISMOS
Nessa 2ª entrevista, há espaço para Salazar se demarcar do capitalismo, ‘É evidente que o capital precisa de ser transformado, disciplinado, educado, de molde a beneficiar mais a colectividade, no sentido dum maior rendimento social’, mas também para morder no Estado XXL a que se cola boa parte da nação: ‘Esse Socialismo de Estado, que muitos apregoam e aconselham como um regime avançado, seria, na verdade, o sistema ideal para lisonjear o comodismo nato e o delírio burocrático do comum dos portugueses. Nada mais cómodo, mais garantido, mais tranquilo, do que viver à custa do Estado, com a certeza do ordenado ao fim do mês e da reforma no fim da vida, sem a preocupação da ruína ou da falência. O Socialismo do Estado é o regime burguês por excelência. A tendência para esse regime, entre nós, deve, portanto, procurar-se mais no fundo, falho de iniciativa da nossa raça do que noutras preocupações do ordem social. O Estado não paga mal e paga sempre. É-se desonesto, além disso, com maior segurança, com segura esperança de que ninguém repare. As próprias falências, os desfalques, as irregularidades, se há compadres na governação, são facilmente abafados e os défices cobertos – regalia única! – pelos orçamentos do Estado. As iniciativas, por outro lado, não surgem, não progridem, porque o patrão é imaterial, quase uma imagem. As coisas marcham com lentidão, com indolência, com sono.’
 
A BRANDA VIOLÊNCIA
Na inquirição seguinte, Salazar procura afastar-se de Mussolini, a quem chama de admirável oportunista da acção, e do fascismo, que considera um caso nacional irrepetível, cuja violência constante não se adapta aos nossos brandos costumes: ‘Há que governar, portanto, tendo sempre em conta esse sentimentalismo doentio a que nós estamos habituados a chamar bondade. A Ditadura para realizar a sua obra tem de ser calma, generosa, um tudo nada transigente, vagarosa até. Ela perderá em tempo mas ganhará em eficácia e solidez: uma Ditadura de direito sem dar grandes asas ao poder pessoal. (…) Há problemas de interesse nacional, de interesse colectivo, que se resolveriam facilmente com duas penadas, passando por cima de tudo, de todas as leis, de todas as normas, de todos os obstáculos individuais. Mas o bem que uma vez se faz, pode ser inutilizado pelo muito mal que outras vezes se poderia fazer. Um poder sem limites, rápido, decisivo, tem suas seduções, suas vantagens e seus perigos.’
Salazar, ‘o primeiro a reconhecer que há, talvez, maior saúde, maior justiça, maior claridade, num poder pessoal largo, bem compreendido e dirigido. Simplesmente, para usar desse poder pessoal, é preciso encontrar homens raros, homens moralmente excepcionais, com uma grande disciplina interior, uma vontade firme e uma inteligência clara’, vê-se como um príncipe iluminado: à pergunta de Ferro, se não estará ele nessas condições, Salazar sorri e responde um singelo muito obrigado. 
Às notícias de maus tratos a presos políticos, Salazar começa por sublinhar que alguns casos tinham fundamento, tendo sido tomadas imediatas providências, mas que ‘os presos maltratados eram sempre, ou quase sempre, temíveis bombistas que se recusavam a confessar (…) Só depois de empregar esses meios violentos é que eles se decidiam a dizer a verdade. E eu pergunto-me a mim próprio, continuando a reprimir tai abusos, se a vida de algumas crianças e de algumas pessoas indefesas não vale bem, não justifica largamente, meia dúzia de safanões a tempo nessas criaturas sinistras… Sinistro.
 
A MISÉRIA, SECREÇÃO DO PROGRESSO (subtítulo da 7ª entrevista)
Ao 3º dia, o Estado social: ‘O subsídio sem o trabalho compensador desmoraliza os indivíduos, torna-os indolentes, comodistas, completamente inúteis à vida duma sociedade. O subsídio a troco de trabalho, pelo contrário, não desabitua os homens da sua função natural dentro da vida e enriquece o País com o acabamento e a iniciação das obras públicas (…)’ Faz lembrar o RSI, não faz?

Na mesma prosa, Salazar considera a mendicidade um falso problema, que induz estrangeiros e nacionais em erro, facilmente resolúvel - varra-se para baixo do tapete: ‘Essa mendicidade não é um índice de miséria porque é antes um vício, porque a maioria dos que pedem não precisam de pedir. O caso mão tem, portanto, a gravidade que se lhe atribui, salvo a sua teatralidade explorável, e pode ser resolvido, se houver boa vontade, castigando, severamente, os falsos mendigos, devolvendo à procedência, à sua terra natal, os pobres que não são de Lisboa e metendo os restantes, os autênticos, nos asilos existentes e noutros que se improvisem para acudir, urgentemente, a esse mal.’
Em suma, a mendicidade é anti-patriótica.
 
O MÍSTICO DAS CIFRAS
Na 4ª entrevista, Ferro ousa uma crítica que ainda hoje se lhe faz, ‘Há quem diga – com aparente razão, pelo menos – que o Estado português pode ter enriquecido, através da obra notável do seu ministro das Finanças, mas que o indivíduo está pobre, quase na miséria…’, e Salazar justifica a austeridade: ‘Nesses períodos de cura, pode reduzir-se, efectivamente, o poder de compra do indivíduo, mas essa redução é sempre compensada pelos benefícios duma administração severa e honesta’.
Mais adiante, considera-se partidário ‘duma certa severidade fiscal, tendente não ao imposto esmagador da economia individual, mas ao imposto forte, estímulo daquela, condição de progresso pelas vantagens colectivas que pode criar. (…) A solução, portanto, é arrancar ao indivíduo essas contribuições, que, no fundo, não lhe adiantam nem atrasam e que podem ser, convenientemente orçamentadas, uma fonte de riqueza e prosperidade…’
A forma, aliás, como o ditador vê os críticos, é curiosa: na 6ª entrevista, um freudiano Salazar justifica o descontentamento ‘de certos sectores’ com a nova prática política, que não atende a interesses individuais, e com a natureza dos portugueses, que os torna um pouco tristes, descontentes, um tudo-nada revoltados: ‘Há um abismo entre a nossa inteligência, viva e pronta, de meridionais, e a nossa débil vontade, pouco paciente, pouco tenaz. Este abismo provoca, no meu entender, um verdadeiro desequilíbrio psíquico.’
 
A MULHER
‘Nos países ou nos lugares onde a mulher casada concorre com o trabalho do homem (…) a instituição da família, pela qual nos batemos como pedra fundamental duma sociedade organizada, ameaça ruína… Deixemos, portanto, o homem a lutar com a vida no exterior, na rua… E a mulher a defendê-la, a razê.la nos seus braços, no interior da casa… não sei, afinal, qual dos dois terá o papel mais belo, mais alto e mais útil. (…) De resto, as mulheres portuguesas não têm que se queixar de nós. O nosso estatuto constitucional marca-lhes uma conquista: reconhece-lhes, com as possíveis restrições, igualdade de direitos e até, em certas condições, o direito ao voto…’ (5ª entrevista)
E não se queixem, parece pensar.
 
A VANGUARDA DO POVO
Os extremos tocam-se. As palavras lidas na 7ª entrevista poderiam ser escritas por Estaline, só que em cirílico: ‘A opinião pública é indispensável à vida de qualquer regime. Os governos por mais apoios de que disponham, não se mantêm usando a força, mas mantendo-a (…) Simplesmente essa opinião pública pode viver abandonada a si própria ou ser convenientemente dirigida…’
Ferro pergunta se Eugénio d’Ors não terá razão ao defender a necessidade, em certas épocas históricas, da política de missão, aquela que procura salvar o povo contra si próprio, e Salazar responde que ‘os governos nunca se devem escravizar a opinião das massas, sempre inferior e muito diferente da opinião pública da Nação. Em resumo, a opinião pública é indispensável ao governo dos povos, constitui, por vezes, um grande estimulante, mas nunca se deve perder, a bem da sua própria saúde, o controlo da sua formação.’ Um verdadeiro engenheiro de almas.
Mais adiante, uma confissão, ‘A verdade é que não poderia adular o povo sem trair a minha consciência. Nós constituímos um regime popular, mas não um governo de massas, influenciado ou gerido por elas.’ Afinal, quem é que manda aqui?
 
POBRES E HONRADOS
Nessa última conversa, como vê Salazar o seu povo? ‘Bondoso, inteligente, dócil, hospitaleiro, trabalhador, facilmente educável, culto…’, mesmo que com fraca instrução, e ‘Excessivamente temperamental, com horror à disciplina, individualista sem dar por isso, falho de espírito de continuidade e de tenacidade na acção. A própria facilidade de compreensão, diminuindo-lhe a necessidade de esforço, leva-o a estudar todos os assuntos pela rama, a confiar demasiado na espontaneidade e brilho da sua inteligência. Mas quando enquadrado, convenientemente dirigido, o português dá tudo quanto se quer.’ Esses defeitos são resolúveis com a formação de elites que eduquem e dirijam a Nação, considerando Salazar ‘mais urgente a constituição de vastas elites do que ensinar toda a gente a ler. É que os grandes problemas nacionais têm de ser resolvidos, não pelo povo, mas pelas elites enquadrando as massas.’
‘Quero levar os portugueses a viver habitualmente’, disse Salazar a Henri Massis. ‘É mais humano e mais cristão procurar antes aquela mediania colectiva em que não são possíveis nem os miseráveis nem os arquimilionários’. Quem pode ficar satisfeito com a mediania, é a questão. 
 

No prefácio do livro publicado à época, um pouco ambicioso Salazar vê a Pátria como ‘uma casa branca, cheia de sol, num quintal cuidado, em que a vida é pacífica, alegre, operosa e digna.’ Só falta mesmo o cheirinho a alecrim...
No mesmo texto, um assomo de lucidez, Contra uma consciência pública esclarecida e generalizada não há possibilidade de os Governos se manterem duradoiramente, ao menos sem um certo desenvolvimento de força, nem sempre legítimo’ e um misto de mito e profecia, quando analisa a imagem que as entrevistas lhe conferem, alguém que ‘tem todo o ar de lhe ser indiferente estar ou ir; em todo o caso, está. Está e está há tanto tempo e tão tranquilamente como se ameaçasse nunca mais deixar de estar’.
A rematar o prefácio, uma prova de que o anti-político era um Maquiavel encartado: ‘Peço desculpa de ter escrito este Prefácio. Não é que me envergonhe de o haver feito; é que me roubou tempo de que precisava para outras coisas’. Haverá demagogia maior? 

* No remate das 5 entrevistas de 1932, Ferro compara Salazar a D. Henrique (excesso de entusiasmo) e vê-o como o grande Chefe moral duma nação, um reformador singular ‘através duma sufocação dolorosa, por vezes, mas talvez benéfica e redentora…’. O texto termina com um conselho, ‘E agora, que já o ouvimos, vamos cada qual para a nossa vida… Não façamos barulho… deixemo-lo trabalhar…’
Passam 6 anos e Ferro volta à carga, com mais duas entrevistas. Já não é o jornalista ao serviço das palavras, mas o político ao serviço das ideias, dirigente do Secretariado da Propaganda Nacional desde a sua criação, em 1933 (cargo que ocupou até 1949, no renomeado Secretariado Nacional de Informação). A paixão por Salazar, a mesma de sempre: ‘Quanto tempo perdido, afinal, antes de Salazar, antes de encontrar a verdade’, escreve Ferro sobre o tempo decorrido.
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domingo, 8 de setembro de 2013

MOSTEIRO DA BATALHA

João I prometeu, a 14.8.1385, construir um mosteiro caso vencesse o exército castelhano. Vencida a batalha nesse dia, em Aljubarrota, João cumpriu: o mosteiro da Santa Maria da Vitória foi provavelmente iniciado em 1386 (e entregue 2 anos depois aos dominicanos), só tendo sido 'acabado' na segunda década de 1500.
O projecto foi entregue a Afonso Domingues, que levantou a igreja, a sala do capítulo, e as galerias sul e nascente do claustro de D. João I, num estilo gótico radiante, sendo substituído em 1402 pelo mestre Huguet, que deu uma marca tardo-gótica à igreja, com as suas abóbadas e a fachada principal, acabou o claustro e a cobertura da sala do capítulo, com uma ousada abóbada única, dada a sua dimensão.
Ao projecto inicial foram acrescentadas 2 capelas funerárias: 
* A capela do fundador,  mandada construir por João I para panteão régio (entre 1426 e 1433/34), quadrangular com tecto octogonal, tem ao centro o túmulo gótico (conjugal, uma novidade à época) de João I e Filipa de Lencastre e, na parede sul, os túmulos (do 2º quartel de 1400) dos seus filhos e noras - Pedro, o Infante das 7 partidas, e Isabel de Urgel; Henrique, o navegador; João e Isabel de Barcelos (neta de João I e de Nuno Álvares Pereira, avó de D. Manuel e de Isabel, a católica); e Fernando, o infante santo. Na parede poente, mandados fazer por D. Carlos, já no século XX, estão os túmulos do neto D. Afonso V, do bisneto D. João II e do trineto Afonso - herdeiro do príncipe perfeito que caiu do cavalo e morreu antes do pai... uma sorte para D. Manuel, a quem o trono caiu no regaço.
* As capelas imperfeitas, conjunto octogonal com 7 capelas, foram iniciadas em 1934 por D. Duarte e serviriam de panteão do rei e dos seus filhos. Mas a morte precoce do rei (em 1437) e do mestre Huguet, impediu a conclusão da obra, que ainda mereceu a atenção de D. Manuel, conferindo-lhe o seu estilo único às capelas e ao sumptuoso portal (sobre este, foi ainda colocada uma varanda renascentista, em 1533, já no reinado de João III). O túmulo conjugal de D. Duarte e D. Leonor foi colocado numa das capelas, no século XX, tornando-os nos únicos ocupantes das capelas.
E por todo o lado, ou não fosse este o ex-voto da Independência, o escudo de Portugal. 
      
 
Mosteiro da Batalha, imagem aérea (site oficial)
  
 

 

Fachada sul

Capela do fundador

porta da fachada sul (e seguintes), do Afonso Domingues,
com 4 arquivoltas de arco quebrado e gablete pontiagudo
contendo os brasões de João I e Filipa de Lencastre 

 

 

Porta principal, do mestre Huguet
 
Nas ombreiras, os 12 apóstolos; no tímpano, Deus rodeado pelos 4 evangelistas
(João com a águia, Marcos com o leão, Lucas com o boi e Mateus com o anjo);
nas 2 arquivoltas exteriores, virgens, mártires e confessoras, papas, bispos, diáconos,
monges e mártires; nas  arquivoltas intermédias, reis de Judá (ancestrais de Maria),
profetas e patriarcas; nas 2 arquivoltas interiores, anjos e serafins

Os apóstolos nas ombreiras (ao centro, é fácil identificar Judas)
  
Portal da capela do fundador

O mosteiro da batalha será, talvez, o primeiro edifício português com vitrais.
Os vitrais degradaram-se ao longo dos séculos, tendo sofrido um restauro em
meados do séc. XIX (sob a batuta de Mouzinho de Albuquerque). Os fragmentos
originais foram retirados e tratados há uns anos, não tendo sido repostos.

 
 
Túmulo de João I e Filipa de Lencastre

Túmulo de D. Henrique
 
 


Túmulo de D. João, mestre de Santiago, e Isabel de Barcelos
 
Túmulo de D. João II
 
 
 

 
 
Claustro de D. João I, começado por Afonso Domingues e concluído
por Huguet. As bandeiras das arcadas, manuelinas, são posteriores 

Lavatório do mosteiro


A cruz de Cristo nas bandeiras das arcadas
 
Exposição Jardins de Pedra, de Mário Lopes
 
Claustro afonsino, erguido no reinado de Afonso V, numa altura em que
o despojamento era apreciado. É o primeiro a ter 2 andares.

Capelas imperfeitas


Grande portal das capelas imperfeitas, manuelino, de Mateus Fernandes.
Acima, varanda ou balcão maneirista, de Miguel de Arruda (1533),
Última tentativa, no reinado de João III, para acabar as capelas


 
 
 
As abóbadas das capelas têm chaves esculpidas com escudos de
armas e emblemas que identificam os 'destinatários'
 
 
 
Túmulo de D. Duarte (ou Eduard) e Leonor de Aragão
 

 
 


 
 
 
Sobre os estilos, ver http://www.mosteirobatalha.pt/pt/index.php?s=white&pid=181&identificador=bt133_pt