...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

(A)PARIÇÃO DUM NOVO GOVERNO

 

 

'O novo arco da governação' estreia brevemente,
num parlamento perto de si.  A última produção de
Monstros & Cª é uma saborosa combinação
de sustos e gargalhadas, a não perder.


'Quem quer casar com a carochinha?',
ouve-se no Largo do Rat(ã)o.
 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

LALALAND


Há por aí muita gente com um sonho húmido, o da união das esquerdas.
Essas núpcias podem acontecer? Não só podem, como devem experimentar, é um cenário perfeitamente legítimo (mais natural que um branco de carapinha) e esse ménage à trois tem uma vertente lúdica deliciosa: depois duma lua-de-mel a 3, com morangos com chantilly (a revogação das taxas moderadoras dos abortos) e peanuts (a aceitação da nato), virão os escolhos domésticos – uma das partes não vai querer ser o membro passivo da relação.
O PS (com um cinto de castidade chamado défice) terá que tirar o lápis da orelha e fazer contas, pois sabe que para governar a casa pode gastar pouco mais do que recebe – a austeridade é austeridade, à direita ou à esquerda, mesmo com lingerie – e ainda atender o telefone à sogra intrometida na privacidade do casal, que vive em Bruxelas e é fiadora da casa. E, no recato do lar, não pode satisfazer os parceiros, que têm ciúmes um do outro e o aguentam preso por 2 suspensórios…
Para evitar o divórcio, o BE e o PCP terão que syrizar, aceitando o que odeiam, indo contra a sua natureza, revogando o irrevogável e contentando-se com uns Mon Cheri (até quando? suspeito que não cheguem a celebrar as bodas de algodão). Nada como governar a casa para cair na real – isto não é a Lalaland –, perder as peneiras do 'ah, se fosse eu...' e saber o que é bom para a tosse.
Só por isso, valia a pena. Se o jogo fosse a feijões, mas não é... voltando à onírica imagem inicial, o país ainda acorda com a cama molhada.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

PANCADAS DE MOLIÈRE

 
'Ao elenco da minha peça', foi o brinde que ouvira no repasto da véspera, a rematar um embargado discurso dedicado ao grupo de velhos amigos. Na altura, parecera-lhe ser o vinho a falar, mas agora, enquanto escanhoava a cara, aquilo fazia algum sentido, apesar, ou por causa, da cabeça enevoada como o espelho. 
As pessoas, pensou, são figurantes na 'nossa' peça, escrita a várias mãos (sim, rapaz, temos menos poder no guião do que pensamos): uns escolhidos por nós, outros presentes no casting original (ah, que saudades da avó!); uns protagonistas da história, outros personagens secundárias do enredo; uns heróis, outros vilões; estes com direito ao palco do abrir ao descer do pano, aqueles importantes num ou dois actos, aqueloutros com actuações brilhantes em apenas algumas cenas.
Bem, talvez fosse melhor estancar as sequelas das 5 lâminas da gillette fusion (uma revolução no mundo dos barbeados, diz a publicidade, e não há revolução sem mortes e feridas...), tomar um guronsan e deixar-se de filosofias baratas.
Amélia C. em Bocas de Cena

quarta-feira, 15 de julho de 2015

LINHAS VERMELHAS E POSIÇÕES IRREVOGÁVEIS


'Não gosto nada, mas foi o que se arranjou para evitar um desastre', foi mais ou menos o que disse agora Tsipras, o que parecia tão 'irrevogável' até ao referendo cujo resultado* não serviu de nada (é uma espécie-de-democracia).
A banda esquerda fartou-se de gozar com Paulo Portas (que disse uma coisa semelhante sobre o nosso resgate e também não usava a palavra troika, como se o vinagre fosse mais tragável chamando-lhe gelatina de ananás), por causa das suas linhas vermelhas, e agora vai por aqui um silêncio sepulcral...
Tão bem-feito!, diria, não fosse haver um povo a penar com a lírica bravata do Syriza (e, convenhamos, é pouco sensato apelidar a outra parte da negociação, a quem deve e tem que continuar a pedir ajuda, de criminosos e chantagistas).
Já agora, o Syriza aprovava este acordo 'das lentilhas' no parlamento, se estivesse na oposição e fosse a ND a negociá-lo? Pois, é mais fácil dizer mal dos outros do que meter a mão na massa, mas depois a esquerda imaculada chega ao governo e tem que ceder ao pragmatismo (um palavrão!, pensa ela), ou como dizem os gregos, realismós.

* eu tenho a ideia estapafúrdia que, bem lá no fundinho, Tsipras achava que  vitória do Sim até lhe dava algum jeito para sair do beco onde estava.

sábado, 23 de maio de 2015

MAO COMO AS COBRAS


'Mao A História Desconhecida' é talvez, pela sua dimensão e anos de aturada pesquisa, a obra da vida de Jung Chang e do seu marido Jon Halliday. Objectivo, desconstruir o grande embuste que Mao criou sobre si próprio, e que contagiou tanta gente por essa Europa fora, na década de sessenta: o mito sobre o 'poder popular', a aliança entre os camponeses e operários para a tomada do poder, a sintonia entre o partido e as aspirações do povo.
Afinal, Mao era outro, e só não era um ditador como os outros, porque era um ditador pior que os outros, fazendo do seu Mestre Estaline, como bajuladoramente o tratava, um menino de coro.

Sobressai da biografia o Terror sobre todos, desde o seu politburo (que foi variando) até à base da pirâmide social - que manteve, bastante achatada, já que a igualdade era apenas discursiva.
Todos sabiam que, numa penada, podiam ser acusados de proprietário rural, anti-bolchevique, espião, contra-revolucionário, direitista ou conspirador. Além das delações e autocríticas obrigatórias (e não és leal de não tiveres nada a contar...), arranjar provas não era complicado, a tortura era formalmente recomendada e os detidos eram como as cerejas, uns traziam outros. Um kafkiano Mao justificou o método: caso as vítimas fossem incapazes de aguentar a tortura e faziam confissões falsas, isso provava que eram culpadas, pois 'como é possível que revolucionários leais façam confissões falsas, para incriminar outros camaradas?'
Claro está, as condenações eram públicas, para hipertrofiar a humilhação do condenado e para avisar a plateia, atenção!, podes ser tu o próximo. Recorrer da decisão era uma possibilidade legal, mas uma impossibilidade prática - sendo a dúvida sobre o 'discernimento' do partido uma ofensa, o resultado seria o agravamento da pena.
Aliás, as purgas metódicas (e os líderes locais que não eliminassem uma certa percentagem pré-determinada de pessoas seriam eles próprios punidos por deslealdade) começaram bem antes de Mao conquistar a China e atingiam os seus próximos - Mao confessou que, na década de 40, não esmagara só 80% do partido, 'foram de facto 100% e através da força'.
Obviamente, a rotação no topo do partido era estonteante, sendo saneados todos os companheiros com opiniões próprias ou (na cabeça de Mao) com ambições pessoais - ora eliminados de forma definitiva, ora repescados após a submissão completa e enquanto essa acefalia se mantivesse, sujeitos a regulares humilhações e ameaças.
Outros métodos de Mao para eternizar-se no poder são inespecíficos: sofrendo vários revezes na sua escalada, através de votação dos seus pares, Mao rotulou o voto de 'ultrademocracia' e aboliu essa prática, logo que pôde; nada podia escapar ao seu radar, desconfiava de todos e só a sua palavra contava, chegando a escrever ao seu n.º 2 da época, que pensava estar excessivamente autónomo, 'Todos os documentos só podem ser emitidos depois de eu os ter visto. Caso contrário, são inválidos. Tem cuidado'*.

Sobre o líder militar, o livro é elucidativo: Mao nunca esteve na frente da batalha, fugia ao combate, tomava medidas erráticas e suicidas - milhares de soldados foram premeditadamente enviados para a morte, para Mao descartar potenciais concorrentes.
Quanto à empatia com o povo, é lapidar a frase do grande líder, a lembrar Maria Antonieta: 'Só têm folhas de árvores para comer? Então que seja' (na guerra civil, recomendou que os seus soldados esfomeados estacionados na Manchúria que se alimentassem de girinos!). Mao foi indiferente às dezenas de milhões de chineses que morreram** de fome, a quem confiscou quase todo o cereal, óleo ou carne de porco... para doações (a países mais ricos, como a Hungria ou a Albânia), exportação ou compra de armas.
Enquanto Mao queria quase todo o cereal, dizendo que o povo não ficava 'sem comida durante todo o ano - apenas 6... ou 4 meses', altos funcionários pediram-lhe mais vagar no esbulho alimentar, invocando a consciência. Mao respondeu 'É melhor que tenham menos consciência. Alguns dos nossos camaradas têm demasiada misericórdia, não têm brutalidade suficiente, o que significa que não são tão marxistas (...) Nesta questão, não temos, na verdade! O marxismo é brutal a esse ponto.' Uma maldade à altura de Vlad, o empalador, não?
Mao queria o cereal para comprar armas e estimou quanto dava para ir 'às compras' - vai daí, mandou triplicar a produção. Fazia os orçamentos assim, não percebia absolutamente nada de economia (como reparou o conselheiro-mor russo) e queixava-se que os relatórios dos ministérios tinham 'apenas listas e números monótonos, e nenhuma história.' Risível, não fossem as consequências graves dessa ignorância...
Não será surpresa num ditador, Mao não gostava de socializar de perto com as massas, e foi desde o começo paranóico com a sua segurança e com pavor de ser assassinado.
Nem a imagem do desapego ao luxo era verdadeiro: Mao usava sapatos velhos porque eram confortáveis (mandava os guarda-costas usarem o calçado novo, para moldá-los), gostava de almofadas usadas (mas os remendos feitos em Xangai eram mais caros que comprar novas); só comia peixe fresco, mandando vir peixes vivos em caixas oxigenadas, pescados a centenas de quilómetros de distância; 'sugeria' visitas a algumas regiões, obrigando à construção de mansões adequadas, mas depois mudava de ideias e, algumas, nunca chegou a estrear; via filmes estrangeiros e lia muitos livros, mas acusou todas as formas de arte - óperas, teatro, artes populares, música, pintura, escultura, dança, cinema, poesia e literatura - de serem feudais ou capitalistas, e decidiu acabar com elas, pois o povo devia ser ignorante e era precisa a política de 'manter as pessoas estúpidas'. Para tratar do assunto, Mao começou por acicatar a violência civil ('Pequim não está suficientemente caótica...', queixou-se) pelos adolescentes Guardas Vermelhos, contra professores, artistas e intelectuais - o embrião da Revolução Cultural.
E que dizer dum homem que abandona, obrigando as mulheres a fazer o mesmo, vários filhos recém-nascidos, não querendo saber mais deles? 
O livro é bem fundamentado, bem escrito e bem traduzido. Se este cheirinho não convenceu os apreciadores de história e lê-lo, a culpa é minha.

* Faz lembrar o absolutista Luís XVI, que disse aos seus ministros ´Peço e exijo que nenhuma norma seja aprovada a não ser por minha ordem'. 
** À pala das purgas, da fome (cujo pico resultou da política do 'grande salto em frente', com 22M de mortos só em 1960) e dos campos de trabalho durante a Revolução Cultural, estima-se que foram mortos 70 milhões de chineses. Nada de inquietante para Mao, como provam algumas tiradas: 'As mortes têm benefícios, podem fertilizar os solos', 'Trabalhando desta forma, metade da China pode muito bem ter que morrer', 'Não se inquietem tanto com uma guerra mundial, no máximo, morrem pessoas' ou '[um eventual ataque nuclear à China] é apenas uma grande pilha de pessoas a morrer'.
 

terça-feira, 19 de maio de 2015

NÃO QUERO NADA DE TI(?)

Alfons Mucha, 1899
Moët & Chandon Crémant Impérial



Escuta-me piedosamente.

Escuta-me piedosamente.
Não vale a pena amar-me não,
Mas o que o meu coração sente -
Ah, quero que te passe rente
À ideia do teu coração...
 
Quero que julgues que podias
Se quisesses, amar-me. Só
Saber isso consolaria
Minha alma erma de alegria...
Ter a certeza do teu dó!...
 
Teu dó, o teu quase carinho...
Qualquer sentimento por mim...
Que não me deixasse sozinho...
Eu posso construir um ninho,
Com o pouco que me vem de ti...
Eu tenho de mim tanta pena
Queria ao menos que tu também
Viesses ter pena serena
Não de mim mas da minha pena,
Essa pena que ninguém tem.

Fernando Pessoa, 1917

sábado, 25 de abril de 2015

PARABÉNS POR MAIS UM ANINHO



EU GOSTO DA DEMOCRACIA.
EU GOSTO DE VOTAR.
EU GOSTO DESSE CONCEITO,
O DIREITO DE TODOS,
MESMO TODOS E DE FORMA IGUAL,
PODERMOS PARTICIPAR NA DECISÃO.
HÁ MUITOS MAS E NEM SEMPRE É ASSIM,
DIRÃO (CERTAMENTE) OS CÍNICOS,
MAS O QUE É HOJE ELEMENTAR, 
FALTOU AQUI 'HÁ ATRASADO',
COMO SE DIZ POR ESTAS BANDAS.

Ass: cidadão de gosta
que lhe peçam a opinião

terça-feira, 21 de abril de 2015

ABAIXO O IMPERIALISMO?

O fotógrafo Nuno Perestrelo tem um trabalho intitulado 'Impérios perdidos', dedicado a grandes empresas - a CUF de Alfredo da Silva (conglomerado de mais de 100 empresas), os estaleiros da Lisnave (que foram dos Mello, netos do primeiro), a Siderurgia Nacional (levantada por Champalimaud, cunhado dos segundos) e a corticeira Mundet - que, juntas, chegaram a empregar 30.000 pessoas.
Pujantes no tempo do condicionamento industrial da ditadura, as 4 empresas são agora umas carcaças abandonadas, como que à pressa, deixando como post-its cartazes políticos e de cachopas, sapatos, arquivos, móveis e máquinas caladas há muito. E fantasmas a ecoar nos pavilhões vazios. E vento a fazer trinar os vidros que ainda resistem, beliscando de quando em quando o silêncio sepulcral.
Veio a democracia, depois a 'vermelhidão' dos trabalhadores, não fosse a margem sul um bastião comunista, vieram as nacionalizações, vieram as greves, vieram as reprivatizações, e hoje desses impérios restam ruínas e despojos do pretérito.
Perestrelo nasceu em 1988, tem idade suficiente para lembrar-se das empresas abertas, mas o que assistiu foi já a um ocaso.
 












domingo, 19 de abril de 2015

UM CIGARRO E UMA SANGRIA, NÃO SABES O BEM QUE TE FAZIA

 
Damião de Góis testemunhou acerca das virtudes curativas do tabaco, na Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel (1566-1567), 'de cuja virtude poderia aqui por coisas milagrosas de que eu vi a experiência, principalmente em casos desesperados, de apostemas, úlceras, fístulas, caranguejas, pólipos, frenesins e outros muitos casos'.
O médico Zacuto Lusitano, em obra póstuma de 1657, entendeu que o tabaco curava casos de alopécia e de epilepsia. António Cruz, cirurgião do Hospital Real de Todos os Santos, Morato Roma, frei Manuel de Azevedo e João Curvo Semedo defenderam o seu uso para curar maleitas desde feridas, chagas e mordeduras a 'acidentes uterinos'. Pelo menos a partir de 1767, o tabaco passou a integrar os gastos despendidos com um doente mental internado no Hospital da Misericórdia de Évora.
Visão História, Abril 2015

domingo, 22 de fevereiro de 2015

MANGA DE ALPACA

 
UM PAÍS TEM QUE GOVERNAR-SE
COM CONTABILIDADE,
NÃO PODE GOVERNAR-SE
POR CONTABILIDADE.
Fernando Pessoa, 1932-33

sábado, 21 de fevereiro de 2015

FRIENDHOOD

Garçon sur Planche a Routlettes, 1952, Sabine Weiss
 
SE OS LAÇOS FAMILIARES NÃO SE ESCOLHEM -
O SANGUE É UM MAU INDICADOR DE AFINIDADES -,
JÁ A AMIZADE SE BASEIA EM PERCURSOS COMUNS,
CONFIDÊNCIAS AVULSAS E SOBRETUDO NUMA
WELTANSCHAUUNG SEMELHANTE.
Maria Filomena Mónica, Expresso 21.02.2015
 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

É FAVOR NÃO INCOMODAR


'A FELICIDADE SUPREMA
É NÃO SER INCOMODADO.'
Georges Clémenceau

A resposta do estadista francês a George Sylvester Viereck, publicada na revista Liberty (7/7/1928), ficava bem debruada com a imagem dum livro, um jarro de sangria e uma esplanada soalheira.
Mas do que me lembrei foi das 'meninas' de Romina Ressia, que têm uma particularidade, além da provocada incoerência dos adereços: o semblante impaciente das donas, de quem está a fazer um frete.
Fosse Clémenceau português, e o que pediria era sopas e descanso. 










domingo, 25 de janeiro de 2015

AND NOW, FOR SOMETHING COMPLETELY DIFFERENT (?)

 
O axioma medieval 'Graecum est, non legitur' (é grego, não se lê) nunca fez tão pouco sentido como hoje, as eleições gregas interessam a todos.
O povo decidiu, está decidido. Como disse Pedro Mexia, a Grécia é aquele que entra primeiro no quarto escuro e vai batendo com as canelas nos móveis, os seguintes já vão menos às cegas. Foi assim com o resgate, é agora com a eleição da esquerda radical, cada vez mais moderada, por realismo ou tacticismo, seja na suspensão unilateral do pagamento da dívida e negociação para o seu cancelamento (impagável, mesmo após o perdão de metade dela, em 2011), na saída da OTAN, na nacionalização da banca (tudo no programa de 2012) e na crença do euro, que nem sempre existiu – Lafazanis, líder dum dos partidos do Syriza, quer mesmo o abandono da moeda.
Facto é que só o desespero conduziu a esta solução, um último ‘cartucho’ usado mais por cansaço que com entusiasmo: o Syriza passou em 5 anos de 4,6 para 36% (enquanto o socialista Pasok desceu de 43,9 para 4,8%) porque o que há não serve e, pensam os gregos como o Tiririca, pior que está não fica.
Ganhar foi o mais fácil. Agora se verá se a Coligação da Esquerda Radical honra o cartaz de 2007 e torna possível o impossível, ou cai na real – não espere que lhe continuem a emprestar dinheiro no dia em que decida não pagar o que deve, sem primeiro convencer os credores (os outros europeus) que isso também lhes interessa, e sem que estes imponham condições… austeras.
Talvez mais cedo que tarde, Tsipras (acossado pelos seus companheiros mais puristas, os falcões desagradados com um governo ‘redondo’) não consegue aumentar salários, pensões, apoios sociais e investimento sem cortar noutras despesas ou aumentar receitas, e descobre que o seu possível é impossível para os gregos.
Se correr bem, é bom para os gregos (e alumia os que vêm atrás, no escuro); se correr mal, é vacina para as outras quimeras radicais europeias.

* conta a lenda que Ariadne, filha do Rei Minos, deu um novelo de linha ao seu apaixonado Teseu, quando este entrou no labirinto do Minotauro, para ele conseguir achar o caminho de volta. Na Lógica, o fio de Ariadne consiste na escolha duma alternativa não marcada como fracassada e segui-la logicamente até onde for possível; se não resultar, volta-se à última decisão tomada, que se regista como fracassada, e tenta-se outra opção. Caso não exista, anda-se para trás até encontrar uma decisão com alternativas e segue-se por uma delas. Está visto, a solução para a Grécia sair do buraco é a mitologia e algoritmos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

YANN ARTHUS BERTRAND, NÃO TEM DE QUÊ

Yann Arthus Bertrand, o autor da exposição '7 mil milhões de outros', no Museu da Eletricidade, é um francês especial. Também dedicado ao vídeo - porque, como disse, só um pequeno grupo de pessoas, como Sebastião Salgado, pode viver da fotografia -, Yann é em primeiro lugar fotógrafo, e um bastante despretensioso: como disse na entrevista ao Fotografia Total, as suas fotos não têm direitos de autor, se não usadas com intuito comercial, e Yann até fica contente quando uma das suas imagens é publicada na internet.
Seja, é com prazer que faço Yann feliz 22 vezes, com imagens suas das séries Terra vista do Céu, Cavalos e As bestas e os homens. Repito, não tem de quê.

Cemitério americano a norte de Verdun, Meuse, França

B-52s na base aérea Davis-Monthan perto de Tucson, Arizona, E.U.A.

Ossos de baleia Beluga, Van Keulenfjorden, Ilha Spitsbergen, Svalbard, Noruega

Colunas de Buren, Palais-Royal, Paris, França


Fardos de algodão, Thonakaha, região do Korhogo, Costa do Marfim

Colheita de algodão perto de Banfora, Burkina Faso

Caravanas de dromedários perto de Fachi, deserto de Ténéré, Niger

Madeiras flutuantes perto de Port-Gentil, província de Ogooué-Maritime, Gabão

Cemitério de tanques iraquianos no deserto próximo de Al Jahrah, Kuwait

Tapetes de Marraquexe, Marrocos

Campas modernas num cemitério em Asyut, vale do Nilo, Egipto

Monumento aos Descobrimentos na margem do rio Tejo, Lisboa, Portugal

Planisfério da exposição “Earth from Above” na Plaza Santiago R. Palmer em 2007, Caguas, Porto Rico

Salinas em Alexandria, Egipto

Piscina na Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Tractor num campo próximo de Bozeman, Montana, E.U.A.

Estaleiro de Ulsan, Coreia do Sul

Desperdícios da estação de dessalinização em Al-Doha, região de Jahra, Kuwait

Yankee Stadium, NY, E.U.A

Barcos em Kalaban Koro, subúrbios de Bamako, Mali
 
série cavalos
série 'des bétes & des hommes'