...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A POSTERIDADE E O ANONIMATO

Ouvi alguém dizer que permanecemos vivos enquanto se lembrarem de nós.
Pois tenho em casa uma série de fotografias de antepassados a que nem consigo atribuir um nome (para evitar outras “mortes”, cravei a minha irmã para saber os nomes das pessoas emolduradas na casa da minha tia-avó e escrevê-los no verso, antes da última fonte da informação desaparecer).
Daqui a 100 anos, é possível que ninguém saiba que existimos (tirando uns trinetos, que guardarão alguma lembrança nossa) ou quem fomos, o que fizemos, rimos e chorámos. Talvez fique um nome e 2 datas - quem sabe o nome próprio dum dos 32 tetravós?, digam lá.
Eu cá já me dava por satisfeito se me associassem o nome à cara.

Soube hoje (eis a razão do post) que Mozart vendeu as suas obras para pagar os remédios da sua mãe, e foi enterrado numa vala comum para indigentes (conta a lenda que a mulher descobriu a vala porque o cão de Mozart morreu congelado sobre a campa).
Muitas personagens célebres tiveram vidas miseráveis. Camões e Pessoa passaram as passas do Algarve, e acho que não trocava o sucesso pela cegueira ou até pela surdez de Beethoven.
Valerá a pena haver posteridade, pagando na hora, com uma vida f…anhosa?, pensei. Cá p’a mim, "vai-se a ver" e se calhar é melhor uma vida anónima, mas satisfeita.

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