...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

OFÉLIA

 Ophelia, 762x1118 cm, Tate Britain 

foto-reprodução, Marie Hochhaus

Ontem, durante um zapping, parei no canal 2: Hélia Correia falava acerca do seu novo livro Adoecer, sobre uma tal de Lizzie.
Não foi a entrevista que me prendeu, mas um quadro simplesmente fabuloso, pintado em 1851-52 e em que Lizzie (Elizabeth Siddal era a sua graça) serviu de modelo.
A obra-prima chama-se Ofélia, e reproduz a morte da rapariga, narrada pela rainha Gertrude da Dinamarca, numa peça de Shakespeare: demente pelo luto do assassinato do pai pelo seu amado Hamlet, Ofélia colhe flores numa árvore e cai ao rio, cantando enquanto se deixa afogar.
'Seus vestidos se abriram, sustentando-a por algum tempo, qual sereia, enquanto ela cantava antigos trechos, sem revelar consciência da desgraça, como uma criatura ali nascida e feita para aquele elemento. Muito tempo, porém, não demorou, sem que os vestidos se tornassem pesados de tanta água e que, de seus cantares, arrancassem a infeliz para a morte lamacenta.'
O pintor inglês pré-rafaelita Sir John Everett Millais (1829-96) pintou o quadro em 2 fases: primeiro o cenário campestre in situ, no rio Hogsmill, e depois a modelo de 19 anos dentro de água, no seu estúdio de Londres: embrenhado com os pinceis, Millais esqueceu-se de manter as lamparinas acesas por baixo da banheira, a menina adoeceu e o pai dela exigiu 50 libras pelas despesas médicas (valor reduzido após regateio).
Mal recebido na altura (um crítico do The Times disse que parecia uma leiteira a brincar na banheira), o quadro está agora avaliado em... (rufo de tambor)... 36 milhões de euros.

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