...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

sábado, 9 de janeiro de 2010

O AVÔ* DE PACHECO PEREIRA MATOU INÊS DE CASTRO


D. Pedro casou aos 8 anos (1328) com Branca de Castela, mas repudiou-a um ano mais tarde, por debilidade física e mental.
Pedro casou de novo em 1339 com Constança Manuel, neta do Afonso X de Castela. Com a nubente veio uma aia galega chamada Inês de Castro, filha bastarda dum neto bastardo de Sancho IV (e que crescera junto de Pedro) e da amante portuguesa Aldonça de Valadares.
Para complicar, Inês tratava por mãe a mulher dum filho bastardo de D. Dinis e que o meio-irmão Afonso IV odiava.

Pedro apaixonou-se pela aia da mulher, e pelo seu colo de garça. O pai, Afonso IV, exilou Inês para a fronteira espanhola, e iniciou uma contenda com o filho, que durou anos.
Morta Constança no parto de Fernando, Pedro recusou casar de novo, alegando “sentir ainda muito a perda da mulher”, tentando encontrar consolo: Inês foi viver para sua casa – no norte e depois no Paço de Coimbra, destinado pela Rainha Santa aos reis, descendentes e esposas legítimas - e tiveram 4 filhos… Os passarinhos passeavam na agora quinta das lágrimas, onde José Miguel Júdice tem um (afianço-vos) fantástico hotel de charme.

Os irmãos de Inês tinham grande ascendente sobre Pedro e conseguiram convencê-lo dos direitos ao trono castelhano, o que foi sensatamente travado pelo pai.
O rei ouviu ainda dizer que os irmãos Castro queriam matar Fernando e tornar herdeiro um filho natural (chamavam-lhe assim, termo mais neutro que ilegítimo, pois quase todos os reis tinham uns) de Pedro. A 7 de Janeiro de 1355, o rei cedeu à corte e ao povo, e mandou Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco degolar Inês.

Já rei, Pedro I legitimou os filhos, afirmando que se casara em segredo com Inês “em dia que não se lembrava”. Dois carrascos de Inês foram trazidos de Castela, à troca de 4 fidalgos castelhanos espanhóis, e executados em Santarém (a lenda diz que Pedro comia enquanto via arrancarem-lhes o coração); Pacheco foi perdoado por D. Fernando, exilou-se em oposição do casamento do rei com Leonor Teles (lá teria a sua razão), ofereceu-se ao rei de Castela contra Portugal, regressando ao país após o tratado de paz.
É lenda que Pedro tenha exumado o corpo de Inês, coroando-a rainha e obrigando a corte a beijar-lhe a mão descarnada. Os túmulos de Pedro e Inês estão em Alcobaça, frente-a-frente, para que possam olhar-se quando despertarem no dia do juízo final.

A mesma história, 2 versões: um grande amor ou simples adultério, um pai severo ou sensato em assegurar o trono para o neto legítimo e um filho ingénuo e com más companhias, justiça ou vingança. Pedro ganhou vários cognomes, entre eles o cruel e o justiceiro. Qual deles o certo?

Adenda: Fernando foi o último rei da dinastia de Borgonha, sendo sucedido, não por um filho de Inês, mas pelo filho de Pedro com a amante Teresa Lourenço, João Mestre de Avis. Ora toma.
* Sim, o Pacheco Pereira é descendente do carrasco de Inês

1 comentário:

  1. Além de Inês de Castro, Pedro teve pelo menos mais uma paixão: o escudeiro Afonso Madeira, a quem "amava mais do que se deve aqui dizer", no dito de Fernão Lopes.
    O tal escudeiro meteu -se com uma dama e o rei segundo Fernão Lopes, mandou "cortar -lhe aqueles membros que os homens em mais apreço têm". "Afonso Madeira foi pensado e curou-se mas engrossou nas pernas e no corpo e viveu alguns anos com o rosto engelhado e sem barba".

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