Não é o ângulo reto que me atrai
nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas
do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
o universo curvo de Einstein.
Disse Oscar Niemeyer, o poeta do betão armado, o ateu que criou o divino.
Disse e fez. Sabendo que não passava despercebido: 'Quando alguém vai a Brasília, eu pergunto se viu o Congresso Nacional, e
pergunto, depois, se gostou, se achou que o projeto era bom. Certo de que ele
poderia ter gostado ou não, mas que nunca poderia dizer que tinha visto antes
coisa parecida.'
E fez muito. Foi embora quase aos 105 anos, obviamente a idade era um assunto recorrente: 'Existem
apenas dois segredos para manter a lucidez na minha idade,
o primeiro é manter a memória em dia, o segundo eu não me lembro.'
Um pouco mais a sério, disse que a 'nossa passagem pela vida é rápida. Cada um vem, conta sua história, vai embora e depois ela será apagada para sempre. Eu diria que sou um ser humano como outro
qualquer, que vim, deixo a minha pequena história, que vai desaparecer como
todas as outras' (no caso dele, não me parece que desapareça tão cedo).
Num filme-documentário sobre si, Oscar foi sucinto:
'A vida é isso, nasceu, morreu, f.-se. A vida é
um sopro.'
E que sopro foi a sua vida.
igreja de S. Francisco de Assis, Pampulha (1943)
sede da ONU, NY - proposta Le Corbusier/Niemeyer (1949-52)
casa das Canoas 1953
congresso nacional, Brasília (1958-60)
palácio do planalto, sede do governo (1958-60)
catedral metropolitana de N. Sra. Aparecida, Brasília (1958-70)
museu de arte contemporânea, Niteroi (1996)
museu Oscar Niemeyer, Curitiba (2002)
pavilhão da serpentine gallery, Londres (2003)
auditorio ibirapuera, São Paulo (2005)
museu nacional, Brasília (2007)
teatro popular, Niteroi (2007)
centro cultural internacional, Avilés-Astúrias (2008)