...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

quinta-feira, 23 de junho de 2011

MÁSCARAS DE VENEZA

O Carnaval de Veneza está para o do Rio, como um Maybach para um Porshe.
Há que aponte o aparecimento desta festa para 1094, quando o Doge instituiu a festança do carnis laxatio (abandono da carne), ou para o decreto de feriado na 3ª feira antes da quaresma em 1296; outros indicam 1162, na 6ª feira gorda, para festejar uma vitória militar; outros ainda defendem o ano de 1268, quando é pela primeira vez documentado o uso de máscaras - nesse édito, foi proibido o "jogo dos ovos". 
No século XIV, a festa sofreu um efeito 'duracell': começava em Outubro, coincidindo com o início da época teatral, parava no advento (4 semanas antes do Natal), recomeçava a 26 de Dezembro e só acabava na 3º feira antes da quaresma.
E, para um bom regabofe, nada como o anonimato dos trajes e das máscaras. A ponto de, nesse século, ser proibido o uso de máscaras à noite, em conventos e igrejas, por causa das "imoralidades" (a pena de multa e prisão até 2 anos não demoveu todos, mesmo fora das festas) e, em 1608, ser declarado que as máscaras eram uma ameaça à república sereníssima. É que, está bom de ver, as gentes aproveitavam os disfarces para o jogo, assassínios, adultério e sedução de donzelas e noviças.
Ganhou tradição no século XVII, quando a nobreza descia dos salões e se misturava como o povão, no meio de saltimbancos, animais amestrados, músicos, marionetas e actores, em particular da commedia dell'arte - do Arlechino, Columbina & Cª.
Suspenso em 1797 (quando a cidade foi integrada no império de Napoleão), só reapareceu oficialmente em 1979.
Algumas máscaras ganharam fama, como a bauta (meia-máscara, que permite comer e beber), a feminina moretta (presa pelos dentes, o que impedia as damas de abrir a boca) ou a mattaccino dos atiradores de ovos - que resistiram à proibição. Os materiais, papel maché, seda ou couro.
Os tradicionalistas usam as mashera nobile (brancas), um traje de seda negra e tricórnio. Outros escondem-se com máscaras prateadas ou douradas e trajes oitocentistas. E outros ainda são criativos e arriscam modernices. Mas a "macedónia" é rica e elegante. São 10 dias de festas e desfiles, num cenário magnífico e inigualável.
Convenhamos, tem patine.

















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