HÁ DERROTAS CARREGADAS DE FUTURO
Miguel Relvas
O Cardeal-patriarca de Lisboa, dom Policarpo, disse não ser doutrinalmente contra o sacerdócio das mulheres, mas que isso aconteceria "quando Deus quiser". Calha bem acreditar na providência divina, mas se ele e outros como ele não mexerem no assunto, é o mesmo que atirar o problema para as calendas gregas - não havendo calendas no calendário grego, é uma espécie de dia de são nunca à tarde.
Já Louçã não pode invocar a intervenção divina, e empurrar problemas com a barriga.
Mas é isso que o BE tem feito na digestão do fiasco eleitoral, quando um eurodeputado abandona a bancada, Portas e Cª pedem a saída dos fundadores, a ala direita (cruzes credo) critica a táctica de mimetismo do PC e a ala esquerda da ruptura-FER (sigla arrepiante que ainda inclui a palavra 'revolucionária') pede uma convenção: agora far-se-á um debate interno, logo se vê se o congresso é antecipado.
Maus ventos para aquela banda: o problema não se resume a falhas como a balda à troika, a incógnita é o futuro. Manter uma direcção cristalizada ideologicamente (Louçã é líder há 40 anos, ininterruptamente), ou renovar? Manter a recusa de pontes com um PS 'pecador' porque pragmático, ou ser "o CDS à esquerda", como bem colocou João Teixeira Lopes? Sabem a minha opinião, é preferível influenciar um governo fazendo parte dele, mesmo engolindo propostas alheias, do que vetando projectos na AR.
Enquanto o partido cresceu, os críticos calavam ou falavam baixinho, ao primeiro trambolhão cai a máscara: uma holding mal colada de facções e tiques autocráticos, por vezes lembrando as acusações de desvios burgueses de antanho.
Para os lados do PS, a leveza do ser: Sócrates foi eleito há meses com uma votação esmagadora, à albanesa. Hoje, o seu único quase-crítico, António José Seguro, arrebanha as hostes socráticas: 15 direcções das 18 federações, 2/3 dos presidentes de câmaras socialistas, Alberto Martins, António Serrano, Renato Sampaio, Luís Bernardo,...
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