Londres não se conhece em 5 dias, é como ir ao Rossio e ver a
Betesga. Há partes que podem ser aceleradas, tipo já que estamos aqui podemos
ir ver uma coisa àquela rua, mais outra à paralela e depois aqueloutra a 2
quarteirões, sempre em ritmo de marcha, usando uma máquina digital como
pica-bilhetes.
Mas há outras coisas que demoram, as obras de arte vêem-se
duas vezes, antes e depois da legenda, depois de sabermos que o quadro demorou
4 anos, como se vê na moda dos vestidos de 2 figurantes, que van Eick escreveu
‘eu estive aqui’ no seu casamento dos Arnolfini, ou quem são as ‘fantasmas’ que
o artista apagou.
O melhor é seguir umas regras. Primeiro, fazer o T.P.C.:
comprar um guia e ver o mapa; saber o que há, onde está, quanto custa e a que
dias e horas está aberto; fazer opções de visita (o mais penoso) e
distribuí-las pelos dias, com espaço para acomodar detours; marcar 1 hotel
acessível (nos 2 sentidos). E é preciso gerir interesses divergentes: um
associa férias a museus, outro a piscina, outro a english breakfasts e o último
a brinquedos. Segunda regra, madrugar, para aproveitar o tempo todo.
Há 2 ou 3 museus que não se podem perder – são gratuitos, tirando
as exposições temporárias (e que exposições, por estes dias: Lichtenstein no
Tate Modern, Sebastião Salgado no História Natural, Pompeia no Britânico), vivem
de donativos e ainda conseguem ir adquirindo novas obras – mas não passa de um
raide: o museu de história natural tem cerca de 70 milhões de objectos e o
museu britânico tem cerca de 8 milhões de objectos, por exemplo.
A visita a este último começa com espanto e acaba em náusea:
lá está o fruto duma pilhagem massiva e sistemática doutros povos: são dezenas
de múmias, a pedra da roseta, parte do mausoléu de halicarnasso (1 das 7
maravilhas da antiguidade), a barba da esfinge de Gizé, estátuas gigantescas
arrancadas a templos astecas, assírios e gregos, um dos gigantes da Ilha da
Páscoa, a frontaria completa do parténon (que os gregos ainda há pouco exigiram
de volta), com um insultuoso agradecimento ao Lorde Millbanks ‘que nos ofereceu
estas esculturas’.
Quanto à National Gallery e ao Tate Modern, complementam-se
temporalmente, com o crème de la crème da pintura universal. Continua a
surpreender-me algum topete na arte mais recente, como uma tela de Cy Twombly,
com trinchadelas vermelhas que demoraram 2 anos a fazer, ou um simples espelho colado
numa tela, intitulado ‘untitled painting’, feito pela dupla Baldwin e Ramsden –
um teve a ideia, o outro comprou a cola, se calhar. Presença portuguesa, um
possível retrato holandês de Damião de Góis na NG, e um Vieira da Silva no TM.
Quanto à arquitectura, os edifícios mais antigos datam do
século XI (antes, era tudo de madeira) e são poucos, porque a maioria ardeu
várias vezes – só a catedral de S. Paulo vai na 4 ou 5ª versão, à pala disso –
, e coexistem com arranha-céus espelhados e gruas, a cidade é um estaleiro.
Surpresas, a água quente nas torneiras públicas, a quantidade
de pessoas de fato e gravata (de bicicleta), as dezenas de peças de teatro em
cartaz, os auto-pagamentos (os jornais e os catálogos estão à disposição,
confia-se que deixemos o dinheiro, fosse cá…) e a falta de chuva – a previsão
‘light rain shower’ foi manifestamente exagerada, não caíu uma gota.
Quem for em família e não conseguir entrar num pub,
esborrachando o nariz na montra, como um miúdo numa loja de doces, sempre pode
fazer uma breve e solitária escapada ao Coach & Horses, antes de fechar, enquanto
alguém (justificando um agradecimento nos créditos finais) deita as crianças.
Última nota, Londres não parece tão caro como dizem…
até fecharmos as contas.
combóio Stansted-Londres
Cy Twombly 2006-8 (Tate Modern)
Tower green (Tower of London)
Legoland, Windsor
Castle of Windsor
Windsor
London Eye
Houses of Parliament
Cartaz na St. James Church, Piccadilly
Escultura do Mausoléu de Halicarnasso (British Museum)
Pub no Soho
Glyptodont (Natural History Museum)
Dodos (Natural History Museum)
o último melããão!!!
esqueleto de cobra (Natural History Museum)
hall principal do Natural History Museum
Portobello road, Nottingham hill
London Eye
bandeira do Foreign and Commonwealth Office
St. James park
Horseguard, Horsehold cavalry
cadáver de cão, exposição Vida e morte em Pompeia e Herculano
British Museum
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