‘Parece que é, mas não é’ era o slogan da Brasa, a bebida
que aquece o coração.
Esse podia ser o chavão dos governos por essa Europa fora,
que usam todas as suas capacidades de prestidigitação para suavizar a
realidade:
nada de cortes,
só poupanças;
austeridade é depressiva,
consolidação é
virtuosa.
Não, a crise não leva a baixas nos salários, cortes
orçamentais e aumentos de impostos, que isso são castanhas a estalar na boca
dos governantes.
O que se passa mesmo é que uma desaceleração severa da
economia é resolvida com a desvalorização competitiva dos salários, reformas e
uma majoração temporária (?) de solidariedade.
Não, a recessão não atinge os mais fracos nem provoca
desemprego, que isso é puxar para baixo.
O que acontece mesmo é que o
crescimento negativo (antítese poética) tem um impacto assimétrico e obriga à
racionalização laboral.
Ó carpideiras, basta um pouco de honestidade intelectual
para se ver que, tal como o ‘coiso’ (termo usado pelo ministro da Economia, bem melhor que a palavra desemprego, essa dá prurido) não
aumenta, a nossa vida não anda para trás – desacelera.
E, a propósito, o coiso tem vantagens:
é uma oportunidade e, mesmo não havendo, é-se mais livre, pois há menos a perder.
No fundo, é tudo uma questão de ajustamentos, económicos e semânticos.
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