Lisboa
2/10º1913
E.ma Menina Anna
Poucos dias depois de aqui estar enviei-lhe um postal da terra. Não sei se o recebeu, pois não tive a sorte de me responder. Mas… eu desculpo, pois se não fossem os seus affazeres certamente o teria feito. Mas passemos a outro assumpto. Gosta dos postaes? Sabe que me tenho dado mto bem. Teem havido bailes em Sines e houve aqui um tambem, e recital, é claro que tenho aproveitado tudo. Até estou um (?) mto regular. Isto sem me querer gabar… Tambem tenho ido a varios pic-nics mto agradaveis. Matriculou-se este anno no conservatorio? E seus manos? Como tenciono regressar a casa na 5ª feira, mto em breve terei o prazer de ahi ir a sua casa. Dá-me licença, não é verdade? Vou terminar. Envio os meus cumprimentos mto sinceros para a sua E.ma família e para si ficando sempre ao dispor o
José Rocha
Tem sabido da doença da Bibi? Teve uma febre typhoide.
A ocupar 3 postais, assim escrevia José, de 19 anos, a Ana, de 18. Assim José cortejava timidamente Ana, mas teria que esperar ainda o casamento e viuvez precoce dela, para se juntarem e terem 2 filhos, 2 netos, 4 bisnetos e 3 trinetos... and counting.
Ver postais antigos da colecção é isto, bisbilhotar a intimidade alheia.
Os namoros por declarar, os arrufos (Já hontem recebi o seu bilhete, fiquei sciente. Escrevo-lhe pela ultima vez d'esta rica terra, d'onde não levo saudades nenhumas), os desejos de melhoras, as recomendações e despedidas floreadas (Recomende-me muito ao papazinho e a todos, e até um dia. Que venha uma aragem mais suave que me leve a pude-la beijar de perto.), a tia depressiva [Por muito triste que seja a minha existência nunca me esquecerei de felicitar a minha querida sobrinha pelo seu anniversario (1914); Recebe os parabéns da tua infelis tia faço votos pelas tuas felecidades e peço a Deus que se lembre de mim o mais breve possível. Tua tia Francisca M. F. Rodrigues (1916)].
Agora já não se usam cartas, fala-se por mail, dão-se parabéns por telemóvel, namora-se por sms e comunicam-se constipações no facebook. Isso, partilha-se no facebook.
Resultado, é tão efémero como escrever na areia em maré baixa: daqui por cem anos (e podia dizer 10), não há palavras para 'espreitar'.
A contento, ao menos, dos ciosos da sua privacidade.
"Para certos republicanos a República tem sido um pé de cabra com que vêem aumentando os seus haveres." Senador João de Freitas, histórico republicano, in Boletim parlamentar do Senado, 11-06-1913
...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".
quinta-feira, 29 de março de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
MILLÔR FERNANDES, o Grouxo Marx brasileiro
Millôr Fernandes, desenhador, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor
16.8.1923-27.3.2012
VIVER É DESENHAR SEM BORRACHA.
A VERDADEIRA AMIZADE É AQUELA QUE NOS, PERMITE FALAR, AO AMIGO,
DE TODOS OS SEUS DEFEITOS E DE TODAS AS NOSSAS QUALIDADES.
DE TODOS OS SEUS DEFEITOS E DE TODAS AS NOSSAS QUALIDADES.
COMO SÃO ADMIRÁVEIS AS PESSOAS
QUE NÃO CONHECEMOS BEM.
ETERNO EM AMOR TEM O MESMO SENTIDO
QUE PERMANENTE NO CABELO.
SEXO CAUSA GENTE...
PAIS E FILHOS NÃO FORAM FEITOS PARA SER AMIGOS.
FORAM FEITOS PARA SEREM PAIS E FILHOS.
CRIANÇA É ESSE SER INFELIZ QUE OS PAIS
PÕEM A DORMIR QUANDO AINDA ESTÁ CHEIO DE ANIMAÇÃO
E ARRANCAM DA CAMA QUANDO AINDA ESTÁ ESTREMUNHADO DE SONO.
UMA CRIANÇA ESTÁ DEIXANDO DE SER CRIANÇA
NO DIA EM QUE COMEÇA A FAZER PERGUNTAS QUE TÊM RESPOSTA.
CRIANÇA É ESSE SER INFELIZ QUE OS PAIS
PÕEM A DORMIR QUANDO AINDA ESTÁ CHEIO DE ANIMAÇÃO
E ARRANCAM DA CAMA QUANDO AINDA ESTÁ ESTREMUNHADO DE SONO.
UMA CRIANÇA ESTÁ DEIXANDO DE SER CRIANÇA
NO DIA EM QUE COMEÇA A FAZER PERGUNTAS QUE TÊM RESPOSTA.
JAMAIS DIGA UMA MENTIRA
QUE NÃO POSSA PROVAR.
O CARA SÓ É SINCERAMENTE ATEU
SE ESTÁ MUITO BEM DE SAÚDE.
TODO O HOMEM É O SEU VALOR
DIVIDIDO PELA SUA AUTO-ESTIMA.
TODO O HOMEM É O SEU VALOR
DIVIDIDO PELA SUA AUTO-ESTIMA.
QUEM MATA O TEMPO NÃO É ASSASINO,
MAS SIM UM SUICIDA.
O MAL DO MUNDO É QUE DEUS ENVELHECEU E O DIABO EVOLUÍU.
O CAPITALISMO É A EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM.
O SOCIALISMO É O CONTRÁRIO.
DEMOCRACIA É QUANDO EU MANDO EM VOCÊ,
DITADURA É QUANDO VOCÊ MANDA EM MIM.
O CAPITALISMO É A EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM.
O SOCIALISMO É O CONTRÁRIO.
DEMOCRACIA É QUANDO EU MANDO EM VOCÊ,
DITADURA É QUANDO VOCÊ MANDA EM MIM.
BASTA O AVIÃO SACUDIR UM POUQUINHO MAIS
E LOGO TODOS OS PASSAGEIROS
FICAM PARECIDOS COM A FOTO DO PASSAPORTE.
ERRAR É HUMANO.
SER APANHADO EM FLAGRANTE É BURRICE.
SE AGIR COM DIGNIDADE, PODE NÃO MUDAR O MUNDO, MAS
UMA COISA É CERTA: HAVERÁ MENOS UM CANALHA NA TERRA.
O HOMEM É UM MACACO QUE NÃO DEU CERTO.
O DINHEIRO NÃO SÓ É FACILMENTE DOBRÁVEL
COMO DOBRA FACILMENTE QUALQUER UM.
O DINHEIRO NÃO TRAZ FELICIDADE, MANDA BUSCAR.
NADA É MAIS FALSO QUE UMA VERDADE ESTABELECIDA.
NADA É MAIS FALSO QUE UMA VERDADE ESTABELECIDA.
PODE SER DIFÍCIL ENCONTRAR UMA AGULHA NO PALHEIRO.
MAS NUNCA DESCALÇO.
É MELHOR SER PESSIMISTA QUE OPTIMISTA:
O PESSIMISTA FICA FELIZ QUANDO ACERTA E QUANDO ERRA.
COM MUITA SABEDORIA, ESTUDANDO MUITO, PENSANDO MUITO,
PROCURANDO COMPREENDER TUDO E TODOS, UM HOMEM CONSEGUE,
DEPOIS DE MAIS OU MENOS 40 ANOS DE VIDA,
APRENDER A FICAR CALADO.
DIZ-ME COM QUEM ANDAS, DIR-TE-EI QUEM ÉS. POIS É:
PROCURANDO COMPREENDER TUDO E TODOS, UM HOMEM CONSEGUE,
DEPOIS DE MAIS OU MENOS 40 ANOS DE VIDA,
APRENDER A FICAR CALADO.
DIZ-ME COM QUEM ANDAS, DIR-TE-EI QUEM ÉS. POIS É:
JUDAS ANDAVA COM CRISTO, CRISTO ANDAVA COM JUDAS.
É MEU CONFORTO: DA VIDA SÓ ME TIRAM MORTO.
terça-feira, 27 de março de 2012
AS FARPAS (I) - A NAÇÃO E O DEFICIT
Ramalho Ortigão n' As Farpas
Junho, 1882
A sociedade portuguesa neste derradeiro quarteirão do século pode em rigor definir-se do seguinte modo: – Ajuntamento fortuito de quatro milhões de egoísmos explorando-se mutuamente e aborrecendo-se em comum.
Chamar pátria à porção de território em que uma tal agregação se encontra seria abusar repreensivelmente do direito que cada um tem de ser metafórico. O espaço circunscrito pelo cordão aduaneiro, dentro do qual sujeitos acompanhados das suas chapeleiras e dos seus embrulhos ou tomaram já assento ou furam aos cotovelões uns pelo meio dos outros para arranjar lugar nas bancadas, pode chamar-se um ómnibus – e é exactamente o que é – mas não se pode chamar uma pátria. A pátria não é o sítio em que nos coloca o acaso do nascimento, à mão direita ou à mão esquerda de uma guarda da alfândega, mas sim o conjunto humano a que nos liga solidariamente a convicção de uma pensamento e de um destino comum.
...
Perdendo a pouco e pouco a consciência da sua tradição histórica, Portugal, politicamente, não tem hoje papel na civilização. Está desempregado. Figura no congresso das nações como um país sem modo de vida. Perante o progresso está sem profissão.
(…) Portugal descansa desde o século XVI sobre os monumentos imortais da sua passada energia, e acha-se no movimento moderno da raça latina como uma nacionalidade com licença ilimitada para tomar ares (…) há duzentos anos sentado ao sol numa ponta do mapa-múndi, a cabecear, a coçar os joelhos e a ouvir ranger o calabre à nora da coisa pública (...).
(…) os homens que há vinte anos se revezam no governo carecem das ideias gerais de que procede na ciência o ponto de vista governativo. As assembleias das duas Câmaras, revezando-se ora para a direita ora para a esquerda, dão ou retiram a maioria dos votos a cada um daqueles senhores, consagrando-se exclusivamente a defendê-los ou a impugná-los, sem portanto saírem nunca da órbita dos princípios que eles representam, princípios a que não correspondem sistemas diversos e que se distinguem apenas uns dos outros pelos sinais fisionómicos dos estadistas que os têm no ventre, podendo-se dividir assim: princípios governativos calvos, princípios governativos de olhos tortos e princípios governativos de cabelos tingidos.
(…) - a questão da fazenda.
Reunidas as Câmaras e aberto perante elas o orçamento do Estado, começa-se invariavelmente por constatar, num trémulo elegíaco de sinfonia fúnebre, que continua a existir o deficit. Cada um dos três governos, a quem a Coroa alternadamente adjudica a mamadeira do sistema, encarrega-se de explicar aos taquígrafos essa ocorrência – aliás desagradável, cumpre dizê-lo – mas que ele, Governo em exercício, não tem culpa. A responsabilidade cabe ao Governo transacto, bem conhecido pelos seus esbanjamentos e pela sua incúria.
Para cada um desses três governos sucessivamente encarregados de trazerem o deficit ao regaço da representação nacional, o Governo que imediatamente o precedeu nesse mesmo encargo é o último dos imbecis.
(…) A Coroa pela sua parte – e este é o mais augusto de todos os seus privilégios – é sucessivamente da opinião de todos os três ministérios; e depois de haver retirado, com sincero nojo, a sua confiança aos imbecis do grupo nº 1, nº 2 e nº 3, a Coroa torna a restituir a citada confiança, com uma efusão de júbilo tão sincero como o nojo anterior, a cada um dos grupos de imbecis já referidos mas colocados cronologicamente em sentido inverso (…)
Trocadas as descomposturas preliminares sobre a questão da fazenda, decide-se que é indispensável, ainda mais uma vez, recorrer ao crédito, e faz-se um novo empréstimo. No ano seguinte averigua-se por cálculos cheios de engenho aritmético que para pagar os encargos do empréstimo anterior não há outro remédio senão recorrer ainda mais uma vez ao país, e cria-se um novo imposto.
Fazem-se empréstimos para suprir o imposto, criam-se impostos para pagar os juros dos empréstimos, tornam-se a fazer empréstimos para atalhar os desvios do imposto para o pagamento dos juros, e neste interessante ciclo vicioso, mas ingénuo, o deficit – por uma estranha birra, admissível num ser teimoso, mas inexplicável num mero saldo negativo, em uma não-existência, – aumenta sempre através das contribuições intermitentes com que se destinam a extingui-lo já o empréstimo contraído, já o imposto cobrado. (…)
Pela parte que lhe respeita o país espera. O quê? O momento em que pela boa razão de não haver mais coisa que se colecte, porque está colectado tudo, deixe de haver quem empreste por não haver mais quem pague.
No entanto o problema de aumentar a riqueza – último meio de prover aos encargos – é considerado como absolutamente estranho à questão da fazenda. E todavia nem toda a gente ignora que a riqueza não aumente senão pelo desenvolvimento progressivo do trabalho e que este se acha ligado aos progressos da indústria.
quarta-feira, 21 de março de 2012
domingo, 18 de março de 2012
MUDAM-SE OS TEMPOS...
"Dispersos nas bancadas da representação nacional viam-se vinte e três deputados, dos quais uns escreviam tranquilamente o seu correio; outros conversavam em pequenos grupos; alguns, estirados nos seus fauteuils, com os seus olhos cerrados, as mãos enfiadas nas algibeiras das calças, parecia repousarem."
Assim escreveu Ramalho Ortigão, em 1876. Há 136 anos.
Mudou alguma coisa desde então?
Sim, agora o correio já não carece de pena e mata-borrão, cada deputado tem um pc para trocar mensagens online pelo facebook.
sábado, 17 de março de 2012
BEN HEINE
Ben Heine, um belga nascido na Costa do Marfim em 1983 (um miúdo!), é fotógrafo e ilustrador. Resultado, usa a tecnologia disponível para trabalhar e brincar com as suas fotografias, ou criar obras do que chama circlismo digital.
No seu site, muito bem engendrado (http://www.benheine.com/), Heine vende as 'peças', entre 500 e 5000€
No seu site, muito bem engendrado (http://www.benheine.com/), Heine vende as 'peças', entre 500 e 5000€
Pencil vs Camera - 22 (2010) |
Pencil vs Camera - 34 |
Pencil vs Camera - 55 |
Pencil vs Camera - 4 (2010) |
Funicular in Lisbon |
Keep walking |
Today is my lucky day |
Be unique |
Nowhere to be found (2009). Conceptual photo |
Marilyn Monroe (2010). Digital circlism |
Julian@ssange (2011). Digital circlism |
GLOSSÁRIO DE PANCADARIAS DO LIBERALISMO
REVOLUÇÃO LIBERAL (1820-8-24)
Fartos dos benefícios alfandegários concedidos à Inglaterra e do fim do pacto colonial (que garantia a cada país o exclusivo comercial das suas colónias), que prejudicaram a burguesia nacional; fartos do domínio militar dos britânicos, depois de findas as invasões napoleónicas; animados pela restauração da constituição em Espanha; aproveitando a ausência do general Beresford (regente de facto), militares rebelaram-se e criaram uma Junta provisória no Porto, com 18 notáveis (incluindo Manuel Fernandes Tomás e José Ferreira Borges) representando o exército, nobreza, clero, comércio, magistratura, universidade e províncias do Minho, Trás-os-Montes e Beira.
3 objectivos: o regresso de João VI do Brasil, reunião das Cortes para elaborar uma constituição e restauração da exclusividade do comércio com o Brasil.
A revolução espalhou-se e chegou a Lisboa, a 15 de Setembro foi deposta a regência e criado um governo interino constituinte. Em Janeiro de 1821 reuniram-se as Cortes, o rei regressou depois do Brasil e a constituição foi jurada em 22-9-1822 (a rainha Carlota Joaquina recusou-se a fazê-lo!), 15 dias após a independência do Brasil.
VILAFRANCADA (1823-05-27)
D. Miguel consegue em Vila Franca a adesão dum regimento de infantaria, em prol da restauração do absolutismo (à imagem do que sucedera em Espanha). O partido da rainha talvez ponderasse a abdicação de João VI, mas afinal o rei tornou-se líder da revolta e, a 3 de Junho, suspendeu a constituição.
As cortes dispersaram e vários liberais exilaram-se.
ABRILADA (1824-4-30)
D. Miguel manda prender vários membros do governo, políticos e militares (como Palmela), instala o quartel-militar no palácio dos Estaus (agora teatro nacional D. Maria II) e manda cercar João VI e Beresford no palácio da Bemposta. O rei convocou o filho e conseguiu o regresso das tropas aos quartéis. Em Maio, refugiado num navio inglês, João VI ordenou a libertação dos presos, a captura dos miguelistas, destituiu D. Miguel do exército e deportou-o para Viena.
CARTA CONSTITUCIONAL (1826-4-29)
Em vez de votada em Cortes, D. Pedro IV outorga um segunda constituição, mais moderada que a primeira, numa tentativa falhada de aproximar liberais e absolutistas: a soberania passou a residir também no rei (e não só na Nação, representada pelas Cortes eleitas), o rei recuperou o poder de veto efectivo das leis e de nomear os membros do Conselho de Estado, passou a deter um 4º poder (moderador) e a nomear os membros duma segunda câmara legislativa, a dos Pares.
Ao fim de 8 dias de reinado, a 2 de Maio, D. Pedro IV abdica na filha Maria da Glória e volta para o Brasil.
GUERRAS LIBERAIS (1828 a 1834)
João VI morrera em Março de 1826 e deixa um problema de sucessão: Pedro IV fora deserdado quando liderou a independência do Brasil, Miguel está exilado em Viena. A regente Isabel nomeia Pedro como sucessor, mas este abdica e combina com o irmão o seu casamento com a sobrinha, D. Maria II, e entrega-lhe a regência.
Em 1828, as cortes declaram que as Leis Fundamentais impedem Pedro (e seus herdeiros) de reinar, porque já era soberano de outro Estado e levantara armas contra Portugal, e aclamam rei absoluto o irmão Miguel, provocando a revolta de parte do exército do norte, o que animou os liberais exilados em Inglaterra (como Saldanha, Palmela e Sá da Bandeira) a fretar o navio Belfast e rumar ao Porto - esse arranque falhado ganhou o epíteto de Belfastada.
Pedro IV abdica em 1931, tornando o filho Pedro II, imperador do Brasil, e regressa a Portugal para devolver a coroa a Maria II. Depois de muita peleja, consegue. E lá volta a Carta.
SETEMBRISMO (1836 a 1842)
A 10 de Setembro de 1836, o povo e os batalhões da guarda nacional revoltam-se e exigem à rainha a demissão do governo do Duque da Terceira e a proclamação da Constituição de 1822. O novo governo de Sá da Bandeira e Passos Manuel abolirá a Carta Constitucional, que o reformador Mouzinho da Silveira se empenhara em defender. Esses 6 anos governados pela facção esquerda do liberalismo (em oposição aos cartistas, mais conservadores) ficaram conhecidos pelas reformas na educação, no fomento industrial através de políticas proteccionistas, na reconstrução ultramarina.
A 20 de Março de 1838 foi aprovada a nova constituição, jurada a 4 de Abril por D. Maria II.
BELENZADA (2 a 6 de Novembro de 1836)
A intentona dura entre 2 e 5 de Novembro de 1836: D. Maria, com o apoio francês e de Leopoldo I da Bélgica, demite o governo do Conde de Lumiares (onde pontificam Sá da Bandeira e Passos Manuel) e nomeia o Marquês de Valença. As cortes transferem-se do palácio das Necessidades para Belém e apelam aos partidários da Carta. Tropas britânicas ainda desembarcam em Lisboa, e a Guarda nacional dirige-se a Belém, mas é parada por Passos Manuel. Sá da Bandeira força a demissão do governo dos mortos, que não chegou a entrar em funções, e preside ao novo governo.
CABRALISMO (1842)
Costa Cabral é recebido no Porto com vivas à Carta, a 18 de Janeiro. 8 dias depois, há um pronunciamento militar nessa cidade e é restaurada a Carta (à 3ª foi de vez, durou até 1910).
O seu governo, apoiado entre outros pelo seu irmão Silva Cabral, promoveu bastantes reformas mal recebidas: tornou mais rigoroso o recrutamento militar, aumentou os impostos introduzindo a contribuição predial, para o que obrigou o recenseamento predial (as papeletas da ladroeira). Como pano de fundo, a exaltação do descontentamento pelos miguelistas anti-liberais, em particular no norte profundo.
MARIA DA FONTE (1846)
A 28-9-1844, Cabral proíbe o enterro das pessoas nas igrejas: deviam ser usados cemitérios (com uma taxa), depois de passado um atestado de óbito. Foi tudo sendo ignorado.
Em Março de 1846, em Póvoa da Lanhoso, o povo (essencialmente mulheres) enterrou uma pessoa na igreja, impediu o comissário de saúde atestar o óbito, recusou pagar a nova taxa de enterro e impediu a guarda de exumar o corpo. Foram presas 4 cabecilhas, e o povo tentou invadir a prisão para libertá-las.
Casos idênticos sucedem noutros cantos do Minho, as insurrecções (por esta e outras razões) espalham-se pelo norte, beiras e Estremadura, formam-se juntas que tomam o poder local e recusam obedecer ao governo. Grupos políticos cavalgam a onda e Sá da bandeira chega a formar um exército revoltoso.
Maria II cede em Maio, demite Costa Cabral e nomeia o Duque de Palmela chefe do novo governo, por onde passam o Duque da Terceira, o Duque de Saldanha (não chega a tomar posse e afasta-se rapidamente), Mouzinho de Albuquerque e o Marquês Sá da Bandeira.
EMBOSCADA (6-10-1846)
Do exílio, Costa Cabral organiza um golpe, levado a caso por Maria II: demite Palmela e nomeia o Marechal Saldanha, que se rodeia de cartistas, promete a abolição dos impostos prediais e desconvoca as eleições. Contra o regresso do cabralismo sem Cabral, o norte revolta-se e nasce a Junta governativa do Porto (chefiada pelo conde das Antas e o irmão de Passos Manuel), que presta obediência à rainha, de jure mas não de facto. Sá da Bandeira sobe à invicta e declara o seu apoio à revolução.
Os dois lados pegam em armas e a guerra civil - A PATULEIA - espalha-se de Trás-os-Montes ao Algarve e ilhas, entre Outubro de 1846 e Junho de 1947, tendo o desfecho apenas sido decidido com a intervenção da Espanha e Inglaterra, ao princípio renitentes em activar a quádrupla aliança (que incluia a França) e ajudar D. Maria contra a aliança anti-natura de setembristas e miguelistas.
Em Maio de 1848, é criada uma comissão revolucionária de Lisboa (com Anselmo Braancamp, Rodrigues Sampaio e Casal Ribeiro) e a Carbonária.
Em 1849, Costa Cabral volta à chefia do governo, ao início com apoio de Saldanha - 2 anos depois, o marechal pega em armas e, com o apoio dos (ex-adversários) irmãos Passos consegue o lugar de Cabral: é o primeiro governo regenerador, onde entra Fontes Pereira de Melo, protagonista político durante as 3 décadas seguintes.
Nesse ano, ocorre uma cisão no constitucionalista Partido Progressista e nascem os partidos regenerador (que integrará os cartistas-cabralistas e o seu líder, Duque da Terceira) e progressista-histórico.
Acabada a bastonada*, começa o ROTATIVISMO, que dura até 1906.
* Até 1906, há ainda a referir a Saldanhada (D. Luís nomeia Saldanha ministro da guerra, o chefe do governo - Loulé - não aceita, é demitido e substituído pelo marechal, no governo dos 100 dias), a Pavorosa (golpe falhado promovido em 1872 pelo conde de Angeja) e a revolução republicana falhada no Porto, a 31-1-1891.
Para informação detalhada, ver http://www.arqnet.pt/portal/portugal/liberalismo/index.html.
Cortes de 1822, Óscar Pereira da Silva |
3 objectivos: o regresso de João VI do Brasil, reunião das Cortes para elaborar uma constituição e restauração da exclusividade do comércio com o Brasil.
A revolução espalhou-se e chegou a Lisboa, a 15 de Setembro foi deposta a regência e criado um governo interino constituinte. Em Janeiro de 1821 reuniram-se as Cortes, o rei regressou depois do Brasil e a constituição foi jurada em 22-9-1822 (a rainha Carlota Joaquina recusou-se a fazê-lo!), 15 dias após a independência do Brasil.
VILAFRANCADA (1823-05-27)
Chegada de D. Miguel a Vila Franca |
As cortes dispersaram e vários liberais exilaram-se.
ABRILADA (1824-4-30)
D. Miguel manda prender vários membros do governo, políticos e militares (como Palmela), instala o quartel-militar no palácio dos Estaus (agora teatro nacional D. Maria II) e manda cercar João VI e Beresford no palácio da Bemposta. O rei convocou o filho e conseguiu o regresso das tropas aos quartéis. Em Maio, refugiado num navio inglês, João VI ordenou a libertação dos presos, a captura dos miguelistas, destituiu D. Miguel do exército e deportou-o para Viena.
CARTA CONSTITUCIONAL (1826-4-29)
Em vez de votada em Cortes, D. Pedro IV outorga um segunda constituição, mais moderada que a primeira, numa tentativa falhada de aproximar liberais e absolutistas: a soberania passou a residir também no rei (e não só na Nação, representada pelas Cortes eleitas), o rei recuperou o poder de veto efectivo das leis e de nomear os membros do Conselho de Estado, passou a deter um 4º poder (moderador) e a nomear os membros duma segunda câmara legislativa, a dos Pares.
Ao fim de 8 dias de reinado, a 2 de Maio, D. Pedro IV abdica na filha Maria da Glória e volta para o Brasil.
GUERRAS LIBERAIS (1828 a 1834)
Pedro IV e Miguel, Honoré Daumier 1933 |
Em 1828, as cortes declaram que as Leis Fundamentais impedem Pedro (e seus herdeiros) de reinar, porque já era soberano de outro Estado e levantara armas contra Portugal, e aclamam rei absoluto o irmão Miguel, provocando a revolta de parte do exército do norte, o que animou os liberais exilados em Inglaterra (como Saldanha, Palmela e Sá da Bandeira) a fretar o navio Belfast e rumar ao Porto - esse arranque falhado ganhou o epíteto de Belfastada.
Pedro IV abdica em 1931, tornando o filho Pedro II, imperador do Brasil, e regressa a Portugal para devolver a coroa a Maria II. Depois de muita peleja, consegue. E lá volta a Carta.
SETEMBRISMO (1836 a 1842)
A 10 de Setembro de 1836, o povo e os batalhões da guarda nacional revoltam-se e exigem à rainha a demissão do governo do Duque da Terceira e a proclamação da Constituição de 1822. O novo governo de Sá da Bandeira e Passos Manuel abolirá a Carta Constitucional, que o reformador Mouzinho da Silveira se empenhara em defender. Esses 6 anos governados pela facção esquerda do liberalismo (em oposição aos cartistas, mais conservadores) ficaram conhecidos pelas reformas na educação, no fomento industrial através de políticas proteccionistas, na reconstrução ultramarina.
A 20 de Março de 1838 foi aprovada a nova constituição, jurada a 4 de Abril por D. Maria II.
BELENZADA (2 a 6 de Novembro de 1836)
A intentona dura entre 2 e 5 de Novembro de 1836: D. Maria, com o apoio francês e de Leopoldo I da Bélgica, demite o governo do Conde de Lumiares (onde pontificam Sá da Bandeira e Passos Manuel) e nomeia o Marquês de Valença. As cortes transferem-se do palácio das Necessidades para Belém e apelam aos partidários da Carta. Tropas britânicas ainda desembarcam em Lisboa, e a Guarda nacional dirige-se a Belém, mas é parada por Passos Manuel. Sá da Bandeira força a demissão do governo dos mortos, que não chegou a entrar em funções, e preside ao novo governo.
CABRALISMO (1842)
Costa Cabral é recebido no Porto com vivas à Carta, a 18 de Janeiro. 8 dias depois, há um pronunciamento militar nessa cidade e é restaurada a Carta (à 3ª foi de vez, durou até 1910).
O seu governo, apoiado entre outros pelo seu irmão Silva Cabral, promoveu bastantes reformas mal recebidas: tornou mais rigoroso o recrutamento militar, aumentou os impostos introduzindo a contribuição predial, para o que obrigou o recenseamento predial (as papeletas da ladroeira). Como pano de fundo, a exaltação do descontentamento pelos miguelistas anti-liberais, em particular no norte profundo.
MARIA DA FONTE (1846)
Duque de Saldanha |
Em Março de 1846, em Póvoa da Lanhoso, o povo (essencialmente mulheres) enterrou uma pessoa na igreja, impediu o comissário de saúde atestar o óbito, recusou pagar a nova taxa de enterro e impediu a guarda de exumar o corpo. Foram presas 4 cabecilhas, e o povo tentou invadir a prisão para libertá-las.
Casos idênticos sucedem noutros cantos do Minho, as insurrecções (por esta e outras razões) espalham-se pelo norte, beiras e Estremadura, formam-se juntas que tomam o poder local e recusam obedecer ao governo. Grupos políticos cavalgam a onda e Sá da bandeira chega a formar um exército revoltoso.
Maria II cede em Maio, demite Costa Cabral e nomeia o Duque de Palmela chefe do novo governo, por onde passam o Duque da Terceira, o Duque de Saldanha (não chega a tomar posse e afasta-se rapidamente), Mouzinho de Albuquerque e o Marquês Sá da Bandeira.
EMBOSCADA (6-10-1846)
Do exílio, Costa Cabral organiza um golpe, levado a caso por Maria II: demite Palmela e nomeia o Marechal Saldanha, que se rodeia de cartistas, promete a abolição dos impostos prediais e desconvoca as eleições. Contra o regresso do cabralismo sem Cabral, o norte revolta-se e nasce a Junta governativa do Porto (chefiada pelo conde das Antas e o irmão de Passos Manuel), que presta obediência à rainha, de jure mas não de facto. Sá da Bandeira sobe à invicta e declara o seu apoio à revolução.
Os dois lados pegam em armas e a guerra civil - A PATULEIA - espalha-se de Trás-os-Montes ao Algarve e ilhas, entre Outubro de 1846 e Junho de 1947, tendo o desfecho apenas sido decidido com a intervenção da Espanha e Inglaterra, ao princípio renitentes em activar a quádrupla aliança (que incluia a França) e ajudar D. Maria contra a aliança anti-natura de setembristas e miguelistas.
D. Maria II recebe decreto da criação do Tribunal de Contas (1849), Almada Negreiros |
Em 1849, Costa Cabral volta à chefia do governo, ao início com apoio de Saldanha - 2 anos depois, o marechal pega em armas e, com o apoio dos (ex-adversários) irmãos Passos consegue o lugar de Cabral: é o primeiro governo regenerador, onde entra Fontes Pereira de Melo, protagonista político durante as 3 décadas seguintes.
Nesse ano, ocorre uma cisão no constitucionalista Partido Progressista e nascem os partidos regenerador (que integrará os cartistas-cabralistas e o seu líder, Duque da Terceira) e progressista-histórico.
Acabada a bastonada*, começa o ROTATIVISMO, que dura até 1906.
* Até 1906, há ainda a referir a Saldanhada (D. Luís nomeia Saldanha ministro da guerra, o chefe do governo - Loulé - não aceita, é demitido e substituído pelo marechal, no governo dos 100 dias), a Pavorosa (golpe falhado promovido em 1872 pelo conde de Angeja) e a revolução republicana falhada no Porto, a 31-1-1891.
Para informação detalhada, ver http://www.arqnet.pt/portal/portugal/liberalismo/index.html.
quinta-feira, 15 de março de 2012
TCHAU, COLEGAS
O Aguiar, a orçar pelos 61 anos, pediu há 10 meses a reforma.
O Aguiar está à espera da guia de marcha para as 'férias grandes'.
Em 30 anos, o Aguiar passou mais tempo com os colegas que com a família. Nesse tempo, partilharam todos coisas boas e más, muitos aniversários, nascimentos, casamentos e funerais.
O Aguiar diz que já não há camaradagem, e o que havia soçobrou às avaliações de desempenho, que estimulam a competição e o individualismo.
O Aguiar já viu muita gente reformar-se, e nunca mais passar pelo escritório para ver as pessoas, ou sequer telefonar. E vice-versa. Porque será?, pergunta o Aguiar.
Agora é sua vez, e o Aguiar lamenta, 'só tenho pena de não ter pena de me ir embora'.
Desconfio que, chega um dia, o Aguiar diz 'eu vou andando!' e nunca mais cá põe os pés.
Sê feliz, Aguiar.
segunda-feira, 12 de março de 2012
SE HÁ-DE IR PRÓS PORCOS...
O Torres escorregou no trabalho, apoiou-se mal no corrimão e torceu o ombro.
O Torres foi de baixa.
O Torres foi a uma junta médica. A lesão é antiga (os anos de andebol não são para aqui chamados!), mas não é possível excluir que o acidente de trabalho tenha agravado o problema.
Foi-lhe atribuída uma percentagem de invalidez e o Torres recebeu 17000€ de indemnização.O Torres não fez nada de ilegal, só é filho dum ortopedista e conhece bem a lei.
O Torres diz que apenas usou um direito (verdade!), parvo seria se não o fizesse, antes para ele que para essa cambada que anda aí a mamar - na proverbial expressão do Torres, ‘se há-de ir para os porcos…’
De acordo com o Torres, nos próximos 10 anos, se a lesão for reactivada, podem-lhe aumentar o grau de invalidez e voltar a receber outra indemnização.
O Torres está no Peru, a gozar uma merecidas férias a contas da compensação pelos danos causados. Faço figas que ele não escorregue na encosta de Machu Picchu, ou lá temos que ressarci-lo.
EXPECTATIVAS
Quirimbas
Antes fazíamos amigos por intermédio dos pais, agora fazemos por intermédio dos filhos. No sábado, veio jantar um duo muito simpático, que conhecíamos de aniversários e festas de infantário.
Falámos da Bimby e do custo de vida. Contaram que venderam a casa com prejuízo e alugaram uma maior, o que faz hoje todo o sentido - nada de IMIs ou condomínios, olá mobilidade – e eu criei um sururu quando disse que, se soubesse o que sei hoje (eu recebia 250€ quando andei na universidade, agora um amigo meu gasta 1000€ com o filho universitário – e os salários não quadruplicaram), não tinha 2 filhos. Tive que sublinhar que obviamente não abdicava deles, agora que já os conheço, mas que tomamos decisões conforme as expectativas que temos, e depois os pressupostos mudam.
Citando o premier, essa foi a parte ‘piegas’ da parla.
Mas o tópico de grande parte da conversa foi o nosso realizado conviva.
Não é todos os dias que temos à mesa uma pessoa com um emprego tão bom como o de um colega meu que (soube há dias) trata golfinhos no Dubai: episodicamente desempregado, e com o curso de mergulho, foi convidado para rumar a Pemba, no norte de Moçambique, e montar as actividades aquáticas dum hotel, perto das oníricas ilhas Quirimbas. Depois passou a responsável por safaris fotográficos e de caça grossa.
Falou da criação de leões da Rodézia (são cães), das baleias que vê por vezes da janela do quarto, dos recifes de corais e dos mergulhos até 40m, das caras pintadas de branco das macuas, das picadas e das queimadas, dos chuveiros em paliçadas, dos seus encontros imediatos com leões (ambos do lado de fora do jipe), da caça de palancas e búfalos, dos trilhos feitos à catanada, dos dias seguidos na pista dum animal mais batido, de quando a presa se torna predador, do desconforto quando assistiu ao abate dum elefante – qual tourada, os prémios são orelhas, rabos, dentes e a pele da barriga, mais fácil de curtir.
Bela com senão, a pequena corrupção e as avenças quase regulamentares com a polícia – diz o ditado que a África vence sempre, só há que adaptar -, a internet intermitente (por vezes vai o mail e ficam os anexos) e a distância da família – o miúdo mais novo achava estranho como, sempre que telefonava ao pai, a mãe ficava tão ‘suada’…
Por falar em expectativas, quando a minha garota disse que o pai da amiga era caçador na savana, eu imaginei o Robert Redford de África Minha, ou um espadaúdo Indiana Jones com camisa caqui, uns calções Camel cheios de bolsos e um chapéu de aba larga. Não.
Tem cabelo grisalho (mas vá, também o tinha Clark Gable em Mogambo), é baixinho, com barriguinha saliente, óculos de massa e lentes grossas.
E chama-se Carlinhos.
p.s.: graças a Deus não me perguntou 'e você, o que faz?', só podia responder-lhe 'ora, nada de especial'.
quinta-feira, 8 de março de 2012
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Mordillo
'A história da mulher é a história
da pior tirania que o mundo conheceu:
a tirania do mais fraco sobre o mais forte.'
Oscar Wilde
.
terça-feira, 6 de março de 2012
1 PRÓ KUSTURICA, POR FAVOR
A vida é como um cinema multiplex, onde entramos às escuras.
Há quem tenha direito a uma longa-metragem, outros vêem umas curtas.
Uns sentam-se em sofás reclináveis na sala VIP, outros ganham torcicolos na primeira fila.
Pode sair uma mega-produção cheia de efeitos especiais, ou uma película de baixo orçamento.
A uns calha em sorte um remake, a outros um argumento original.
Uns assistem a um épico galardoado, outros têm direito a uma primeira-obra introspectiva, que só interessa aos actores e parentela em 1º grau.
A uns cabe uma comédia romântica que se esquece quando aparecem os créditos finais, a outros um musical, a outros um dramalhão, a outros ainda um filme de terror.
Há quem consiga trocar de sala no intervalo, por sorte (ou azar), à custa de muito garimpar ou com uma cunha do Coronel Silva ou, mais eficaz, do senhor da lanterninha.
Ao acender das luzes, uns escondem os kleenexes, outros discutem o final (e nem sempre os maus são punidos), aqueloutros dão o tempo por bem gasto e há ainda quem não tenha percebido o filme - por culpa própria, dos ruidosos trituradores de milho frito ou do gigantone da fila da frente.
Se ainda for a tempo de escolher a sessão, eu cá queria o bilhete dum Kusturica e embarcava numa paródia bem musicada.
colecção da JOHN KOBAL FOUNDATION
1921 Charlie Chaplin e Jackie Coogan (em The kid, C. Chaplin Productions), autor desconhecido
1925 Buster Keaton, Arthur Rice
1925 Stan Laurel e Oliver Hardy, Lamsing Brown
1929 Greta Garbo (em Anna Christie, MGM), Clarence Sinclair Bull
1931 Boris Karloff (em Frankenstein, Universal), Roman Freulich
1933 John Weissmuller (em Tarzan o Homem Macaco, MGM), Clarence Sinclair Bull
1933 Jean Harlow (MGM), George Hurrell
1935 Katherine Hepburn, Ernest Bachrach
1935 Irmãos marx (MGM), Ted Allan
1936 Ginger Rogers e Fred Astaire (em Ritmo Louco, RKO), John Miehle
1939 Margareth Hamilton (em Feiticeiro de Oz, MGM), Virgil Apger
1939 Vivien Leigh (em E tudo o vento levou, MGM), Fred Parrish
1941 Ingrid Bergman (RKO), Ernest Bachrach
1941 Marlene Dietrich (em Manpower, Warner Bros.), Laszlo Willinger
1946 Rita Hayworth (em Gilda, Columbia Pictures), Robert Coburn
1948 Elizabeth Taylor (MGM), Clarence Sinclair Bull
1950 Marlon Brando (em Eléctrico chamado Desejo, Warner Bros.), John Engstead
1953 James Dean (em A Leste do Paraíso, Warner Bros.), autor deconhecido
1955 James Dean (em Fúria de viver, Warner Bros.), Floyd McCarthy
1953 Marilyn Monroe (em Como se conquista um Milionário, 20th Century Fox), autor desconhecido
1956 Audrey Hepburn (em Cinderela em Paris, Paramount Pictures), Bud Fraker
1958 Alfred Hitchcock e o leão da MGM, Clarence Sinclair Bull
sexta-feira, 2 de março de 2012
NÃO DEVE, OFERECE
Ora bem: a CM de Matosinhos pôs a Cepsa em tribunal por falta de pagamento de 17M€ de taxas correspondentes a 10 anos, o tribunal mandou reavaliar o valor - por decisão das partes, o calote desceu para pouco mais de 7M€.
Mas o acordo extrajudicial não fala em dívida: a Cepsa paga 8.1M€ durante 4 anos, ao abrigo da lei do mecenato - não estou a mentir!!!
A empresa castelhana ainda ganha 10,5M€ de isenções fiscais e pode, sem qualquer penalidade, suspender os 'donativos' se houver alterações substanciais das circunstâncias em que labora em Matosinhos - diz o protocolo.
Depois a culpa é do povão (piegas) que vive acima das suas possibilidades.
P.s.: Exmo. Sr. Presidente da CMM, este humilde cidadão pede que o seu IMI (que vai ser opado este ano) seja considerado mecenato, dá jeito no IRS e até é pago no prazo. Ou há moralidade, ou comem todos.
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