Tenho uma colega que acredita num efeito-boomerang universal e que todas as pessoas pagam em vida as suas acções. Eu costumo dizer-lhe que espero que haja Deus, para fazer as contas, pois a justiça terrena tarda e falha. Há muitos exemplos disso: Estaline, Mao, Salazar e Franco morreram de velhos, o inquisidor-mor Tomás de Torquemada, o martelo dos hereges, teve o mesmo fim – o roubo e incineração da sua ossada ao fim de 334 anos não lhe doeu nada. Há mais exemplos de torcionários que nunca penaram, ou pagaram um preço pequeno para as suas maldades:
Idi Amin 1925-2003 (Uganda 71-79). Auto-intitulado “conquistador do império britânico de África em geral e do Uganda em particular” e rei da Escócia, é responsável por 300 a 500 mil mortos. Acusam-no de canibalismo, desmembramento duma consorte, atirar cadáveres a crocodilos e ter cabeças decepadas na geleira. Exílio na Líbia e depois na Arábia Saudita.
Mobutu Sese Seko 1930-97 (Zaire 65-97). Exílio de meses em Marrocos, até morrer.
Mengistu Mariam 1937- (Etiópia 74-91). Exílio no Zimbabué, onde é consultor de Mugabe. Condenado à morte à revelia por genocídio de dezenas de milhares de etíopes, incluindo milhares de crianças.
Ferdinand Marcos 1917-89 (Filipinas 65-86). Exílio no Havai. A mulher Imelda regressou, perdeu a corrida a presidente, mas entrou no congresso.
Fulgêncio Batista 1901-73 (Cuba 33-44, 52-59). Exílio dourado no Estoril e Marbella, até 73.
Jean-Claude Duvalier 1951- (Haiti 71-86). Matou e vendeu órgãos de milhares de opositores. Exílio em França, até acabarem os milhões roubados que não estão congelados na Suíça, voltou agora a casa, onde foi acusado de corrupção e peculato.
Jean-bédel Bokassa 1921-96 (República Centro-Africana 66-79), auto-proclamado imperador, numa cerimónia que custou ¼ da riqueza anual do país, e 13º apóstolo de Cristo. Matou e comeu (ou os crocodilos na piscina) algumas das suas vítimas. Exílio em França, mas ainda voltou à terra e ficou preso durante 5 anos – não paga os milhares de mortos, alguns às suas mãos. É agora reconhecido como um grande líder.
Ben Ali 1936- (Tunísia 1987-2011). Exílio na Arábia Saudita.
Hosni Mubarak 1928- (1981-2011). Exílio em…
Augusto Pinochet 1925-2006 (Chile 73-90). 50000 mortos e desaparecidos, começando pelo presidente Allende. Perdido o plebescito, nomeou-se senador vitalício. Esteve 503 dias em prisão domiciliária em Londres, mas foi dado como incapaz para fugir ao mandato do Juiz Baltazar Garzon, regressou a casa e passou incólume a centenas de queixas e 10 processos judiciais.
Pol Pot 1928-98 (Cambodja). Entre 75 e 79 foram mortos 2 milhões de pessoas, um quarto da população. Foi condenado a prisão domiciliária perpétua em 97, por um general dos “seus” khmer vermelhos, morrendo meses depois.
Vá, a Lei de Talião (olho por olho, dente por dente) é exagero, mas parece-me que a "Justiça" é muito frouxa!!!
bokassa no trono de 3 toneladas de ouro
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