Não fosse o ministro Lacão o ter lembrado, o líder da bancada do BE, José Manuel Pureza “esquecia-se” de agendar a moção de censura do BE, a que serve apenas para descolar do parceiro da coligação Alegre. Mais nada.
A fundamentação da censura, hoje divulgada, não menciona o PSD, mas “de boca” é um dos alvos da censura, pelo que não há hipótese de aprovação - razão tinha o CDS, para a esquerda e direita se juntarem, é necessária uma moção sumária, mesmo com uma só linha, “este governo não serve”.
Uma vez sem excepção, concordo com Daniel Oliveira, para quem a moção é absurda, um disparate, e revela impreparação táctica, calculismo inconsequente e falta de solidez estratégica.
A entrevista de Pureza ao Sol é confrangedora - o facto da direita não aprovar uma moção que a critica foi “preferir dar-nos razão, não se cobrindo de ridículo” - e fez-me lembrar aquela rábula dos gato fedorento, com a posição do Marcelo sobre o aborto. Não é preciso inventar muito:
P: Um moção serve para derrubar o Governo?
R: Sim, queremos que a democracia decida.
P: E se a direita chega ao poder?
R: Não estamos aqui para estender a passadeira a políticas ainda mais extremistas do ponto de vista liberal!
P: Para passar no parlamento, é preciso que o PSD a aprove?
R: Sim, mas só se se cobrissem de ridículo.
P: Então não vai passar?
R: Não.
P: Se vai chumbar, porque tem utilidade prática?
R: Porque é nossa.
P: E a do PCP, que desprezaram?
R: Essa não tinha a data de 10 de Março (n.r.: não tinha data nenhuma), depois do PR tomar posse e o governo poder cair.
P: Querem novas eleições?
R: Claro.
P: Se a direita apresentar uma moção, aprovam-na?
R: Nunca.
P: Assim, a legislatura vai até ao fim?
R: Só por cima do nosso cadáver.
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