Há dias, apareceu um deputado cartaxense na televisão. Expliquei aos miúdos, aquele senhor é irmão do marido da irmã do teu padrinho. Perguntaram-me então, e tu, já apareceste na televisão?
Fiz um rewind de 20 anos ao meu arquivo morto e respondi, na televisão não, mas apareci num jornal: um candidato a presidente da república – levando uma tareão (70.35 contra 14.16%) – foi a vila real fazer um comício no cinema e eu fui. Apareço numa fotografia em 1º plano com um autocolante na testa. O senhor candidato até me deu um estaladão, querendo dar-me uma palmadita de amizade, quando passava à saída pela massa de jovens com bandeiras.
Tão perto doutro político estive 5 anos antes, em 85, quando um desconhecido Cavaco Silva percorreu o Ribatejo numa camioneta cheia de adolescentes. Nessa altura, dizia nos palanques “NÓS vamos fazer”, mas 2 anos depois já falava na 1ª pessoa do singular, “eu fiz”. O momento em que reparei nisso, num comício em Santarém, foi o fim da nossa bela amizade…
A propósito, nessa mesma noite cruzámo-nos na caravana automóvel com um senhor que ficou literalmente eufórico quando gritámos o seu nome, pois só os mais atentos sabiam quem era um tal de Mira Amaral.
A propósito, nessa mesma noite cruzámo-nos na caravana automóvel com um senhor que ficou literalmente eufórico quando gritámos o seu nome, pois só os mais atentos sabiam quem era um tal de Mira Amaral.
Esses são tempos irrepetíveis, quando as eleições eram uma festa: colávamos cartazes (era legal, na altura), distribuíamos autocolantes no mercado e andávamos por Lisboa de pé, em cima dos autocarros, a agitar bandeiras ou chapéus-palhinha de plástico do Freitas do Amaral, nas mais memoráveis e renhidas eleições desde 1974.
Quem diria que este senhor tinha uma síndroma vestibular e foi caindo para a esquerda, até ser ministro de Sócrates... Isso deve pegar-se nas candidaturas centristas a presidente, o Basílio também anda agora por essas bandas. Arrrhg.
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