"Para certos republicanos a República tem sido um pé de cabra com que vêem aumentando os seus haveres." Senador João de Freitas, histórico republicano, in Boletim parlamentar do Senado, 11-06-1913
▼
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Na saúde e na doença
A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura mais tempo. Oscar Wilde
Facto: a sociedade moderna é hedonista, visa o prazer imediato, o que justifica que o pessoal apenas se junte, para ver se dá, ou case mais tarde (é mais barato, e a mamã trata da roupa), e separa-se com frequência, num método “tentativa e erro”.
Não condeno, as pessoas querem ser felizes, e fazem muito bem. Parece-me, contudo, que as decisões são imediatistas, por e tirar a anilha pode ser um acto pouco amadurecido.
Estatística: A taxa de nupcialidade diminuiu 23% entre 2000 e 2004, descendo de 7‰ pessoas em 92 para 4.4‰ em 2007, e a idade dos nubentes aumentou 1.6 anos (28,5 nas mulheres e 30,9 nos homens). Em 2006, houve 48 divórcios por cada 100 casamentos O divórcio ocorre em média aos 40,7 anos, a taxa de divórcios subiu de 1.1‰ em 92 para 2.2‰ em 2006, havendo 1 divórcio em cada 3 casamentos (melhor que no RU, onde há 1:2).
Acaso: O meu pai foi solteiro, noivo, casado, viúvo, separado, divorciado e unido de facto. Eu sou muito mais enfadonho – e não será mau sinal se permanecer assim -, o que, pelos vistos, parece dever-se à roda da fortuna (devo, aliás, confessar que a minha cerimónia foi a segunda mais pelintra a que assisti, mas memorável, confirmam testemunhas).
Casos: É chato quando os amigos se separam, primeiro temos que assimilar a fissão, deixa de haver "o Rui da Maria", depois ainda nos incluem nas partilhas, no lote da TV e do frigorífico - já me aconteceu.
Encontrei ontem uma grande amiga de há uns anos. Pedi novidades e respondeu de chofre, Divorciei-me. Em resposta ao convencional “Então…?”, resolveu condensar tudo numa frase, o que a tornou quase críptica, mas denotava ser uma explicação muito pensada. Ainda apanhei o “mudámos, já não somos os mesmos miúdos (…) conheci o Coiso aos 18 e divorciei-me aos 36, é uma vida inteira com ele, e só agora percebi as oportunidades que perdemos. Continuamos a trabalhar juntos e a ser amigos”.
Pensei em dizer-lhe “sinto muito”, mas calei-me, nem sei de lamento! É pena que um empreendimento tão longo tenha falhado, é bom não insistir e sair dum projecto sem sucesso. E depois, ela merecia melhor que o Coiso.
O certo é que conheço algumas pessoas que celebram a data do divórcio. Pode ser mesmo uma ocasião para festa com direito a discurso, brinde e bolo.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
A REDE
A WEB é um verdadeiro tesouro, temos a sorte de sabê-lo, porque vivemos sem ela, quando tínhamos que ir à biblioteca para fazer trabalhos, ou consultar a biblioteca luso-brasileira do pai - que alguns advogados usam agora para forrar um parede e dar um ar distinto.
Uma e-pen tem mais informação que a torre do tombo. E tem TUDO, num clique conhecemos o número de habitantes de Curitiba ou a taxa de bigodes na Papua Nova Guiné, a biografia de Zapata e de Idi Amin, a obra de Botero ou Giacometti, a música de bandas obscuras ou dos Marillion.
Mas há dois pequeninos pormenores, que não aparecem no contrato.
Uma e-pen tem mais informação que a torre do tombo. E tem TUDO, num clique conhecemos o número de habitantes de Curitiba ou a taxa de bigodes na Papua Nova Guiné, a biografia de Zapata e de Idi Amin, a obra de Botero ou Giacometti, a música de bandas obscuras ou dos Marillion.
Mas há dois pequeninos pormenores, que não aparecem no contrato.
Primeiro, o lixo: à frente da informação ou dos sites que procuramos, aparece um caudal de espaços de opinião ou blogues (com uma frequência cada vez maior, já repararam?) e sites muito remotamente relacionados, o que obriga a um trabalho de “catadura” para encontrarmos algo de jeito.
E depois há a falta de credenciais: entre milhões de bites sobre cada assunto, como separar o trigo do joio, e seleccionar a informação verdadeira e fundamentada?
Por mistérios insondáveis, o meu grupo profissional é considerado imprescindível à nação, razão pela qual fazemos parte do 1º grupo a tomar a vacina da gripe A, e estamos quase todos indecisos se a vamos tomar. Não só os médicos estão divididos (afinal, usam a mesma fonte que os outros, a net), como circulam filmes na Internet contraditórios, uns advogando a vacinação e desmontando maquinações, outros dispersando teorias de conspiração, incluindo a criação da doença por farmacêuticas (com a criatura sinistra Rumsfeld) e de reacções adversas da vacina. Até filmes de 1970s voltaram a circular, acerca doutro surto de gripe suína.
O risco da multiplicação de sons é o ruído, não é?
Por mistérios insondáveis, o meu grupo profissional é considerado imprescindível à nação, razão pela qual fazemos parte do 1º grupo a tomar a vacina da gripe A, e estamos quase todos indecisos se a vamos tomar. Não só os médicos estão divididos (afinal, usam a mesma fonte que os outros, a net), como circulam filmes na Internet contraditórios, uns advogando a vacinação e desmontando maquinações, outros dispersando teorias de conspiração, incluindo a criação da doença por farmacêuticas (com a criatura sinistra Rumsfeld) e de reacções adversas da vacina. Até filmes de 1970s voltaram a circular, acerca doutro surto de gripe suína.
O risco da multiplicação de sons é o ruído, não é?
terça-feira, 27 de outubro de 2009
UM TIRO NO PORTA-AVIÕES
Apesar da mãezinha achar que devia ter ido à tropa para ganhar corpo, este civilista não deu pela falta, pelo contrário: depois do curso, achava uma parvoíce passar 4 meses a correr com botas recicladas, fazer flexões e levar raspanetes dum bronco qualquer por causa de lençóis mal amanhados.
Marinha, ainda vá, para manter a malandragem ao largo, mas já trocava submarinos por outra coisa mais importante (o que é que a sua ausência evitou?). Quanto à força aérea e exército, servem para resgates no alto mar e combate a catástrofes naturais, mas não estou convencido da sua imprescindibilidade, em 2010. É assunto que não estou habilitado a discutir, mas é um dilema interessante: vale a pena termos Forças Armadas?
Aproveitei a visita a um “sô Major” e pus-lhe essas dúvidas, de forma distendida, e ele apresentou alguns argumentos não corporativos.
1º Um dos conceitos de soberania nacional é a possibilidade de declarar guerra.
Aproveitei a visita a um “sô Major” e pus-lhe essas dúvidas, de forma distendida, e ele apresentou alguns argumentos não corporativos.
1º Um dos conceitos de soberania nacional é a possibilidade de declarar guerra.
A quem?, perguntei. Mais, Portugal está na União Europeia e não tem qualquer ameaça militar, se não houvesse tropa quem nos queria invadir?
2º A cooperação em forças internacionais coloca Portugal na fila da frente dos fora mundiais.
2º A cooperação em forças internacionais coloca Portugal na fila da frente dos fora mundiais.
De que modo é que isso contribui para o bem estar da maralha, qual é o resultado?, interroguei. A Islândia não tem FA, a Suécia não faz parte da NATO, e depois?
3º O povo indigna-se com o custo dos equipamentos, se calhar com razão, pois é tudo na ordem dos “milhões”. Mas o país tem que resolver o que quer: se não quer tropa, tudo bem!; se quiser, tem que suportar a actualização dos meios. Ou se decide que não se participa em forças internacionais, e assume-se um eventual preço com o apagamento no concerto das nações, ou não pode manter o material obsoleto.
Exemplo, tragicomédia em 2 actos: Treino em Itália de preparação para Iraque, os outros países com farda creme para o deserto, os Nossos eram os únicos vestidos de verde. À portuguesa, desenrascaram-se, disseram que era um material novo, com o calor clareava!!! Entrada em Bagdad, os outros em viaturas blindadas, os bravos lusos dão o peito às balas dos snipers, em jipes com tecto de lona…
Aí, não pude contestar.
Mas dá que pensar.
3º O povo indigna-se com o custo dos equipamentos, se calhar com razão, pois é tudo na ordem dos “milhões”. Mas o país tem que resolver o que quer: se não quer tropa, tudo bem!; se quiser, tem que suportar a actualização dos meios. Ou se decide que não se participa em forças internacionais, e assume-se um eventual preço com o apagamento no concerto das nações, ou não pode manter o material obsoleto.
Exemplo, tragicomédia em 2 actos: Treino em Itália de preparação para Iraque, os outros países com farda creme para o deserto, os Nossos eram os únicos vestidos de verde. À portuguesa, desenrascaram-se, disseram que era um material novo, com o calor clareava!!! Entrada em Bagdad, os outros em viaturas blindadas, os bravos lusos dão o peito às balas dos snipers, em jipes com tecto de lona…
Aí, não pude contestar.
Mas dá que pensar.
sábado, 24 de outubro de 2009
Ele NÃO roubou a manta
"No final do julgamento por calúnia, o juiz obrigou o réu a escrever os comentários que fizera, rasgar o papel em bocadinhos e espalhá-los no caminho para casa. No dia seguinte, o Juiz sentenciou-o a apanhar todos os pedaços de papel. - Não posso fazer isso, meritíssimo, o vento deve tê-los espalhados por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão!, ao que o juiz respondeu: - Da mesma forma, um simples comentário que pode destruir a honra de um homem, espalha-se a ponto de não podermos consertar o mal causado."
Há mais de 15 anos, o Independente prestava um serviço público ao manter a vigilância sobre o poder absoluto do Cavaquismo. Quase todas as sextas-feiras, era apanhado mais um governante com esqueletos no armário. Ficou conhecida a história do Deus Pinheiro, que teria chegado ao desplante de roubar uma manta num avião da TAP. O que poucos souberam é que, vários anos depois, o jornal foi condenado, porque a notícia era falsa.
Não peroremos sobre Deus Pinheiro, mas já Shakespeare escrevia "Mesmo sendo puro quanto a neve, não escaparás à calúnia".
Vem isto a propósito dum comentário a um post do Pedro, em que um anónimo o acusa de desviar dinheiro do CCC e acaba num tom de ameaça tipo-jagunço, “poderão avivar-se memórias na minha cabeça a seu respeito e de alguns que o rodeiam”. Outra leitora alude a rumores sobre o mesmo assunto, que ouviu e leu - provavelmente num panfleto anónimo (ou nem tanto) distribuído durante a campanha, por quem queria ganhar com a sua descredibilização.
Há mais de 15 anos, o Independente prestava um serviço público ao manter a vigilância sobre o poder absoluto do Cavaquismo. Quase todas as sextas-feiras, era apanhado mais um governante com esqueletos no armário. Ficou conhecida a história do Deus Pinheiro, que teria chegado ao desplante de roubar uma manta num avião da TAP. O que poucos souberam é que, vários anos depois, o jornal foi condenado, porque a notícia era falsa.
Não peroremos sobre Deus Pinheiro, mas já Shakespeare escrevia "Mesmo sendo puro quanto a neve, não escaparás à calúnia".
Vem isto a propósito dum comentário a um post do Pedro, em que um anónimo o acusa de desviar dinheiro do CCC e acaba num tom de ameaça tipo-jagunço, “poderão avivar-se memórias na minha cabeça a seu respeito e de alguns que o rodeiam”. Outra leitora alude a rumores sobre o mesmo assunto, que ouviu e leu - provavelmente num panfleto anónimo (ou nem tanto) distribuído durante a campanha, por quem queria ganhar com a sua descredibilização.
O problema é que “a calúnia não exige provas” (William Haslitt), que não existem neste caso. Pois, em vez de “onde há fumo, há fogo”, eu diria “onde só há fumo, há caluniador”. Por causa desse panfleto canalha, tal como Kennedy se disse berlinense junto ao Muro, eu digo hoje (só mesmo hoje, cruzes), eu sou um bloquista.
P.S.: Este blogue serve para divertir, trocar ideias e fazer contraditório, mas de forma inócua, sem ataques pessoais e boataria.
P.S.: Este blogue serve para divertir, trocar ideias e fazer contraditório, mas de forma inócua, sem ataques pessoais e boataria.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
NOVO ELENCO
O Sócrates prometeu em frente das câmaras, na campanha, "novo governo, novos ministros", e clarificou "todos".
Ora aí 'tá, para quem ainda acredita no homem do leme:
8 ministros novos e (o núcleo duro) 8 ministros velhos que vêm da equipa anterior, 6 nas mesmas pastas (finanças, adm. interna, presidência, neg. estrangeiros, saúde e ensino superior) e 2 trocando de pelouro (economia e defesa). Os novos incluem Lacão, que sobe aos Assuntos Parlamentares e entrega a Secretaria do Conselho de Ministros ao ex-Secretário de Estado da Justiça e porta-voz do PS.
Cá para mim, depois dum "longo inverno de ditadura" (a maior legislatura desde 74), ou fase Salazar, vem a primavera marcelista, com esperança de diálogo e mudança, mas que não vai dar em nada: a nova turma de S. Bento mais não é que uma EVOLUÇÃO NA CONTINUIDADE. Bem, a primeira Primavera pelo menos foi mais curta que o consulado que a precedeu, talvez a história se repita.
Cá para mim, depois dum "longo inverno de ditadura" (a maior legislatura desde 74), ou fase Salazar, vem a primavera marcelista, com esperança de diálogo e mudança, mas que não vai dar em nada: a nova turma de S. Bento mais não é que uma EVOLUÇÃO NA CONTINUIDADE. Bem, a primeira Primavera pelo menos foi mais curta que o consulado que a precedeu, talvez a história se repita.
Vá, cumpre a paridade com as pastas do costume (cultura, saúde, educação, trabalho e ambiente). A Isabel Alçada entrou, como esperado, era a única (ex)professora do país que defendia a política da educação.
Ah, estou curioso de ver o Santos Silva, o que gostava de malhar na direita (e na esquerda), a meter-se com os militares.
BUROCRACIA
Existe aí uma doença que afecta em particular os funcionários públicos. Conheço o morbo porque trabalho no Estado, ainda que geralmente colocado em empresas privadas.
Chama-se SAC, síndroma do ar condicionado. É causada pela Legionella burucratus comunitensis. A Legionella viriatus, a estirpe que assola o país, também se instala nos sistemas de ventilação. Os sintomas são patognomónicos e incluem astenia, alucinações e perda da noção da realidade.
Numa fase inicial, causa fraqueza. Na minha repartição, um papel avisa que o pedido dum certificado, emitido em 10 minutos, deve ser efectuado com 48 de antecedência. Quando pedi à (simpática) administrativa que me tirasse um molho de fotocópias, numa quarta-feira, disse que teria que adiar, porque ia de férias na semana seguinte...
Nos indivíduos mais velhos, dá cegueira. Uma colega minha, quando um informático lhe mostrava uma nova aplicação no computador e lhe pediu para abrir o ficheiro, olhou para a estante e perguntou “qual?”.
Há ainda o esquecimento: um pedido de atribuição de número de operador ficou 7 anos numa secretária, pois o responsável reformara-se, alguém ocupou sua a mesa, mas não tocou na pilha lá deixada…
Há ainda o esquecimento: um pedido de atribuição de número de operador ficou 7 anos numa secretária, pois o responsável reformara-se, alguém ocupou sua a mesa, mas não tocou na pilha lá deixada…
Outros enfermos caracterizam-se por desinteria… normativa. A doença afecta particularmente pessoas com funções legislativas e de planeamento, que passam a julgar que devem ter ideias, para justificar a sua existência – e inventam!!! É o problema de ser pago para pensar, vêm ideias e idiotices. E já não é mau quando sai à primeira, por vezes é necessária uma contra-circular e/ou o esclarecimento, seguido do seu respectivo esclarecimento.
Como resultado, sobrecarregam-se os cidadãos de regras, até ao absurdo.
E quanto maior a regulamentação, maior a desregulação, porque a capacidade de intervenção não estica. Toda a gente fala nos mesmos exemplos da normalização comunitária, como o tamanho da cenoura e a maçã com bicho. Ninharias. Sabem que há legislação sobre os materiais de investigação e manipulação (vulgo brinquedos) que os porcos de engorda devem ter nos parques, para se entreterem?
Como resultado, sobrecarregam-se os cidadãos de regras, até ao absurdo.
E quanto maior a regulamentação, maior a desregulação, porque a capacidade de intervenção não estica. Toda a gente fala nos mesmos exemplos da normalização comunitária, como o tamanho da cenoura e a maçã com bicho. Ninharias. Sabem que há legislação sobre os materiais de investigação e manipulação (vulgo brinquedos) que os porcos de engorda devem ter nos parques, para se entreterem?
terça-feira, 20 de outubro de 2009
NÃO É CHUVA, NÃO É GENTE
Chuva na palma da mão (p.f. aumenta o volume)
Para quem não tem lavoura, estava a ser um Outono bem amistoso. Mas como não há mal que sempre dure, nem bem que não acabe, começou a chuva.
Há uma coisa que me irrita em viver no Norte, o tempo. Costumo sair de casa por volta das seis, pela fresquinha, e ouço amiúde no rádio “máximas de 12 no Porto, 17 em Lisboa, 21 em Faro”. E quando vou para a Trofa, a 25’ do Porto, a Tºc ainda desce mais 3-4ºc (se no Porto estiverem 6º, é fazer as contas…). A inveja é feia, mas GRRR!!!
Quanto ao boletim meteorológico, se antes associava às 4 estações de Vivaldi, hoje significa “nuvens no Continente, chuva no Minho e Douro Litoral”. Quase invariavelmente.
Não é bonito, não é bonito e não é justo que, num país tão ‘quenino, a água caia mais num dos 4 cantos.
Portanto, não se queixem da pluviosidade, ribatejanos.
Para quem não tem lavoura, estava a ser um Outono bem amistoso. Mas como não há mal que sempre dure, nem bem que não acabe, começou a chuva.
Há uma coisa que me irrita em viver no Norte, o tempo. Costumo sair de casa por volta das seis, pela fresquinha, e ouço amiúde no rádio “máximas de 12 no Porto, 17 em Lisboa, 21 em Faro”. E quando vou para a Trofa, a 25’ do Porto, a Tºc ainda desce mais 3-4ºc (se no Porto estiverem 6º, é fazer as contas…). A inveja é feia, mas GRRR!!!
Quanto ao boletim meteorológico, se antes associava às 4 estações de Vivaldi, hoje significa “nuvens no Continente, chuva no Minho e Douro Litoral”. Quase invariavelmente.
Não é bonito, não é bonito e não é justo que, num país tão ‘quenino, a água caia mais num dos 4 cantos.
Portanto, não se queixem da pluviosidade, ribatejanos.
sábado, 17 de outubro de 2009
O Primeiro-Mundo
press release
1. Cavaco obriga o governo a alterar lei, para aumentar em 50€/mês o salário dos generais brigadeiros, comodoros, coronéis e capitães de mar-e-guerra, achando a messe que “a modificação restabelece um mínimo de dignidade, evitando a humilhação da subalternização a técnicos superiores da AP”. É sempre bom quando o nosso PR fica comovido com os salários baixos – um Tenente-General ganha 4300€ base e 623€ de subsídio de condição militar – e mostra as suas preocupações sociais.
2. Contra as intenções da UE, ONU e OCDE, o Parlamento transpôs directivas comunitárias de combate ao branqueamento de capitais (comunicação pelos bancos de transacções suspeitas) de forma incompleta: exclui os políticos e altos funcionários públicos (incluindo familiares directos e até sócios), exactamente os que a UE considera “pessoas politicamente expostas” à corrupção - se viverem em território nacional. Queria saber é quem é que sobra.
3. Ao menos, o despudor vem de França. Jean Sarkozy, enteado de Carla Bruni, 23 anos, 2ª ano de direito, é candidato à presidência dum grande organismo público, com um orçamento de 115M€. O pai diz que "não há idade mínima para ser competente" e que o parentesco não pode limitar a sua carreira. Carreira essa que será brilhante, sem dúvida.
Fazem-nos de parvos, é o que é. HAJA DECORO.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
1/2. A CASA DAS HISTÓRIAS
Aos 17, vivi 1 ano às Janelas Verdes, e nunca entrei na porta do museu da arte antiga. Para meu remorso.
Mas há oportunidades que não se podem perder. Pois onde estava eu a 9/9/9? A Susana ficou literalmente retida 4 horas e meia, no que pode ser o melhor parque para miúdos do país, por estes dias (Kidzania, recomendo). Embora solidário, aproveitei a espera para visitar a Casa das histórias da Paula Rego.
Enganei-me e entrei pelo fim, mas resolvi continuar ao contrário, foi uma maneira diferente de ver a exposição, com a artista e rejuvenescer: vê-se como progrediu com a idade.
A fase do pastel, com as telas melhores e o traço inconfundível das mulheres parecidas, tipo beirã de pele curtida na lavoura, quase com buço, umas D. Marias de Santa Comba; até as meninas têm caras adultas. E o divã castanho, onde as mulheres posam sempre; as memórias de hábitos antigos, como crianças e vinho, a bota cardada, o castigo, a costura do hímen; as cenas bíblicas com as suas mulheres com roupa d’há 40 anos e poses provocantes (o Sampaio arranjou um tesouro para o Estado, ao adquirir uma série dessas sobre a Nossa Senhora, para a capela do Palácio de Belém).
Antes de 94-95, houve a fase do acrílico, menos apurada, com os mesmos temas, mas pior material. Mas a viragem ocorreu em 1987, quando o marido morreu, pois as pinturas anteriores não têm nada a haver. A minha visita acabou no início, na fase de colagens. Deu para ver que a Paula Rego é como o vinho do Porto, melhorou bastante com o tempo.
Paula Rego é alucinada, mas de forma divertida e interessante, é assumidamente medrosa e não tem manias sobre a sua genialidade. Quando lhe perguntam se a mãe era a modista num dos quadros, respondeu “olhe, pode ser”. Quando lhe perguntaram se o que queria dizer era blablabla (os jornalistas também inventam…), respondeu “não sei, o que é que acha que pode ser?”.
Quanto ao sítio, é perto da cidadela de Cascais. Uma das terras mais aprazíveis do rectângulo, com as suas ruinhas empredradas, os jardins, os restaurantes em pátios e becos. A Casa é um projecto bem giro, a esplanada é óptima e o jardim quase zen. Entrada gratuita.
´Tá feito o convite.
Mas há oportunidades que não se podem perder. Pois onde estava eu a 9/9/9? A Susana ficou literalmente retida 4 horas e meia, no que pode ser o melhor parque para miúdos do país, por estes dias (Kidzania, recomendo). Embora solidário, aproveitei a espera para visitar a Casa das histórias da Paula Rego.
Enganei-me e entrei pelo fim, mas resolvi continuar ao contrário, foi uma maneira diferente de ver a exposição, com a artista e rejuvenescer: vê-se como progrediu com a idade.
A fase do pastel, com as telas melhores e o traço inconfundível das mulheres parecidas, tipo beirã de pele curtida na lavoura, quase com buço, umas D. Marias de Santa Comba; até as meninas têm caras adultas. E o divã castanho, onde as mulheres posam sempre; as memórias de hábitos antigos, como crianças e vinho, a bota cardada, o castigo, a costura do hímen; as cenas bíblicas com as suas mulheres com roupa d’há 40 anos e poses provocantes (o Sampaio arranjou um tesouro para o Estado, ao adquirir uma série dessas sobre a Nossa Senhora, para a capela do Palácio de Belém).
Antes de 94-95, houve a fase do acrílico, menos apurada, com os mesmos temas, mas pior material. Mas a viragem ocorreu em 1987, quando o marido morreu, pois as pinturas anteriores não têm nada a haver. A minha visita acabou no início, na fase de colagens. Deu para ver que a Paula Rego é como o vinho do Porto, melhorou bastante com o tempo.
Paula Rego é alucinada, mas de forma divertida e interessante, é assumidamente medrosa e não tem manias sobre a sua genialidade. Quando lhe perguntam se a mãe era a modista num dos quadros, respondeu “olhe, pode ser”. Quando lhe perguntaram se o que queria dizer era blablabla (os jornalistas também inventam…), respondeu “não sei, o que é que acha que pode ser?”.
Quanto ao sítio, é perto da cidadela de Cascais. Uma das terras mais aprazíveis do rectângulo, com as suas ruinhas empredradas, os jardins, os restaurantes em pátios e becos. A Casa é um projecto bem giro, a esplanada é óptima e o jardim quase zen. Entrada gratuita.
´Tá feito o convite.
2/2. VOLTANDO A SANTOS-O-VELHO
Estudei junto ao Camões e ia para casa no eléctrico 19 ou no 58. Eram uns belos percursos, em particular com sol.
Vivia na casa da "Marechala", uma tia-avó sessentinha e solteirona, autoritária e com rituais militares: 3ª peixaria, 4º banco, 5ª talho, domingo almoço com amiga-inseparável-há-65-anos (um contraste, inglesa loura-olhos-azuis, magrinha, sorridente e calada); certa vez, descobriu que eu passara por casa, porque a porta da WC estava aberta mais 10 cm. Friorenta, fazia headphones e tapa-narizes de lã...
Era na Rua da Arriaga, na raia da Lapa mas impecável, antiga o suficiente para um filme do Vasco Santana, e com uns bons close ups usava-se até num take d’Os Maias.
Comprida, larga e luminosa (luz que só Lisboa tem), muito limpa, empedrada, pouco trânsito, Embaixada do Iraque, casa do Embaixador de Inglaterra, “palecetezinhos” arborizados de gente desconhecida, daquela que diz “o dinheiro corre na família há muitas gerações”, prédios novos à antiga, para bolseiros (não os necessitados, os da Bolsa de valores).
O meu prédio era o mais modesto da rua. Ainda assim era muito apresentável, tectos altos, muitas divisões, com vista para o Tejo sobre-telhados (vá, duma janela!). Com as voltas da vida, vieram-me parar às mãos papéis bem giros do meu bisavô, incluindo o documento do aluguer da casa, de 1935.
Lisboa é muito bonita, carago.
Vivia na casa da "Marechala", uma tia-avó sessentinha e solteirona, autoritária e com rituais militares: 3ª peixaria, 4º banco, 5ª talho, domingo almoço com amiga-inseparável-há-65-anos (um contraste, inglesa loura-olhos-azuis, magrinha, sorridente e calada); certa vez, descobriu que eu passara por casa, porque a porta da WC estava aberta mais 10 cm. Friorenta, fazia headphones e tapa-narizes de lã...
Era na Rua da Arriaga, na raia da Lapa mas impecável, antiga o suficiente para um filme do Vasco Santana, e com uns bons close ups usava-se até num take d’Os Maias.
Comprida, larga e luminosa (luz que só Lisboa tem), muito limpa, empedrada, pouco trânsito, Embaixada do Iraque, casa do Embaixador de Inglaterra, “palecetezinhos” arborizados de gente desconhecida, daquela que diz “o dinheiro corre na família há muitas gerações”, prédios novos à antiga, para bolseiros (não os necessitados, os da Bolsa de valores).
O meu prédio era o mais modesto da rua. Ainda assim era muito apresentável, tectos altos, muitas divisões, com vista para o Tejo sobre-telhados (vá, duma janela!). Com as voltas da vida, vieram-me parar às mãos papéis bem giros do meu bisavô, incluindo o documento do aluguer da casa, de 1935.
Lisboa é muito bonita, carago.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
SENTEM-SE, MENINOS
Reabertura do Parlamento. Talvez o mais fragmentado desde 1987, o que tornará a legislatura e a retórica parlamentar mais viva.
É dia de inscrições. 105 dos 230 deputados debutam, e têm o ar perdido do 1º dia na faculdade. Os mai’ velhos mostram a casa e explicam o funcionamento dos botões das votações: "quando dissermos, carregas aqui”.
Deus Pinheiro renuncia ao fim da manhã, ou era desavergonhadamente um falso candidato, ou não gostou da vista do gabinete.
Deus Pinheiro renuncia ao fim da manhã, ou era desavergonhadamente um falso candidato, ou não gostou da vista do gabinete.
PS e PSD quiseram pescar no eleitorado do BE e CDS com os extraviados Almeida e Zézinha, mas talvez acabem com 2 deputados a menos nas suas (historicamente) encolhidas bancadas.
Esperemos que façam todos justiça às 6 estátuas que ornamentam as galerias do público, onde cabe afinal o povo que os elegeu: constituição, diplomacia, lei, jurisprudência, justiça e eloquência.
E daqui a dias virá um cordeirinho Sócrates apresentar o novo programa de governo. Se apostar na continuidade, a gaffe não é gaffe, teremos um país mais pobre e endividado, como nos últimos 4 anos.
Esperemos que façam todos justiça às 6 estátuas que ornamentam as galerias do público, onde cabe afinal o povo que os elegeu: constituição, diplomacia, lei, jurisprudência, justiça e eloquência.
E daqui a dias virá um cordeirinho Sócrates apresentar o novo programa de governo. Se apostar na continuidade, a gaffe não é gaffe, teremos um país mais pobre e endividado, como nos últimos 4 anos.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
NEM BOM VENTO
Detesto GENERALIZAÇÕES, tipo os políticos são corruptos, os taxistas são todos uns ladrões, as italianas são giras, os americanos são ignorantes – haja ou não uma ponta de verdade. É que eu até gosto de espanhóis.
No meu trabalho, costumo dizer que temos um azar, só termos uns vizinhos e serem espanhóis. Se fôssemos vizinhos dos suecos (ia dizer dinamarqueses, mais alegres e com mais sol, mas esses fazem matanças de baleias na praia), seríamos mais civilizados.
No meu trabalho, costumo dizer que temos um azar, só termos uns vizinhos e serem espanhóis. Se fôssemos vizinhos dos suecos (ia dizer dinamarqueses, mais alegres e com mais sol, mas esses fazem matanças de baleias na praia), seríamos mais civilizados.
Tudo isto para dizer que fui a Madrid. Ir ao “estrangeiro”, claro, sai caro, mas espera-se que não sejamos roubados: um pratinho de camarões imersos em picante, daqueles congelados já descascados, 22 euros... escritos num talão amarelo sem menção a estabelecimento, data, NADA. Aliás, a conta em papéis anónimos é corrente.
Fomos a um restaurante buffet, numa das noites: 9 euros por adulto, 5 euros por uma criança a partir de 7 anos, grátis para miúdos mais novos - dito de boca, pois não havia preçário escrito. Como era uma pechincha e as crianças gostaram da comida - o que é difícil de arranjar -, voltámos lá: na altura de pagar, cobraram pelo miúdo de 5 anos. Quando disse que na véspera fora gratuito, a rapariga mal encarada respondeu que era grátis em crianças com um ano. E MAI'NADA. Bem sei que devia pedir o livro de reclamações, mas sou tipicamente português (mais uma generalização), comi, calei, … e reclamo em blogues.
Fomos a um restaurante buffet, numa das noites: 9 euros por adulto, 5 euros por uma criança a partir de 7 anos, grátis para miúdos mais novos - dito de boca, pois não havia preçário escrito. Como era uma pechincha e as crianças gostaram da comida - o que é difícil de arranjar -, voltámos lá: na altura de pagar, cobraram pelo miúdo de 5 anos. Quando disse que na véspera fora gratuito, a rapariga mal encarada respondeu que era grátis em crianças com um ano. E MAI'NADA. Bem sei que devia pedir o livro de reclamações, mas sou tipicamente português (mais uma generalização), comi, calei, … e reclamo em blogues.
Bem, já na romana Piazza Navona, o garçon percebeu perfeitamente quando encomendei a comida, mas não me entendia quando eu reiteradamente lhe explicava que aquele troco todo não era a gorjeta...
Querem cá ver que o problema não é o país, é o sector turístico?! É que eu não imagino um bom algarvio, num restaurante em Albufeira, a enganar um qualquer casal de reformados galeses…
Não desfazendo, para este turista português, os Austríacos são mais simpáticos do que ouvi dizer, os galegos são literalmente fraternos, os italianos (e os sevilhanos) conduzem caoticamente, os holandeses são uns bacanos, os mexicanos do yucatan são uns porreiros (se virem os arrabaldes do aldeamento, desconfiam que os Maias que nos servem têm razões para sorrir, pois um emprego daqueles não abunda e a miséria é grande). Ufa, consegui não generalizar...
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
PORTUGAL AUTÁRQUICO
O PSD tem mais câmaras mas não consegue o resultado irrepetível de há 4 anos, perdendo cerca de 20 câmaras, incluindo bastiões impensáveis como Barcelos, Tabuaço e Trofa. Vá, troca Faro por Leiria, mas o PS avançou terreno. CDS e BE mantém a insignificância, e invejam o possante PC.
Em 90% das câmaras, mantém-se o poder na mesma mão, quando não se reforça. A maioria dos resultados são folgados (Santarém, Cascais, Gaia, P. Lima), chegando em vários casos aos 70%, quase um caudilhismo. E ao fim de 30 anos, Mário de Almeida mantém Vila do Conde com 60% e Mesquita segura Braga (braço dado com a Bragaparques e clube de empreiteiros)... Giro vai ser daqui a 4 anos, quando 190 dos presidentes não se puderem recandidatar, aí sim vai haver um monte de transferências.
Nas minhas 2 terras, Matosinhos e Cartaxo, o PS até ganha com o Rato Mickey (saudades da P. Varzim e de V. Real, onde canta outro galo): a AD onde votei teve 17%, esmagada entre 2 galos do PS, no Cartaxo Caldas ganha com metade dos votos, apesar das histórias que correm sobre a sua "boa" gestão... procura-se justificação. Parabéns, aedilis Pedro, pela duplicação de votos.
Pequeno sinal positivo, finalmente o povo de Felgueiras abriu os olhos, e trocou a lusi-brasileira Fátima pelo Inácio, que diz "póssamos". Mas o condenado Isaltino é reeleito no concelho (academicamente) mais instruído do País.
JSD ovaciona "Vladimiro, Vladimiro" nas 3 televisões. O N. amigo está na pista para suceder a Rio, diz-me o mindinho (4º na lista, a seguir à quota CDS e mulheres, julgo).
Em 90% das câmaras, mantém-se o poder na mesma mão, quando não se reforça. A maioria dos resultados são folgados (Santarém, Cascais, Gaia, P. Lima), chegando em vários casos aos 70%, quase um caudilhismo. E ao fim de 30 anos, Mário de Almeida mantém Vila do Conde com 60% e Mesquita segura Braga (braço dado com a Bragaparques e clube de empreiteiros)... Giro vai ser daqui a 4 anos, quando 190 dos presidentes não se puderem recandidatar, aí sim vai haver um monte de transferências.
Nas minhas 2 terras, Matosinhos e Cartaxo, o PS até ganha com o Rato Mickey (saudades da P. Varzim e de V. Real, onde canta outro galo): a AD onde votei teve 17%, esmagada entre 2 galos do PS, no Cartaxo Caldas ganha com metade dos votos, apesar das histórias que correm sobre a sua "boa" gestão... procura-se justificação. Parabéns, aedilis Pedro, pela duplicação de votos.
Pequeno sinal positivo, finalmente o povo de Felgueiras abriu os olhos, e trocou a lusi-brasileira Fátima pelo Inácio, que diz "póssamos". Mas o condenado Isaltino é reeleito no concelho (academicamente) mais instruído do País.
JSD ovaciona "Vladimiro, Vladimiro" nas 3 televisões. O N. amigo está na pista para suceder a Rio, diz-me o mindinho (4º na lista, a seguir à quota CDS e mulheres, julgo).
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
QUERIDO DIÁRIO...
Ocorreu há dias a 1ª reunião de colegas do meu curso, em 15 anos. Graças à generosa CGD, os 2500€ depositados em 1994, destinados à viagem de curso e intocados, fermentaram até à fabulosa quantia de 2573€, viva a banca.
Tive a iniciativa de organizar o jantar e contactar as pessoas: alguns não se formaram, uma vive em Londres e outro na Suécia. Mandei um mail com a convocatória para a “reunião de curso”: um dos destinatários devolveu-me um ponto de interrogação. Quando esclareci qual o curso (qual a dúvida, não tirou mais nenhum…), pediu paciência, fora há 14 anos…
Muitos não foram, porque ficaram de pensar (até hoje), tiveram baptizados ou familiares subitamente doentes. Duas faltaram porque não se queriam cruzar com algumas colegas (como é que um qualquer episódio com 20 anos pesa mais que a vontade de ver 3 ou 4 amigos, no mínimo, que fizemos lá atrás?) e outra, ex-candidata a deputada, porque corre para presidente de câmara e está em campanha. Aliás, encontrei 4 candidatos autárquicos (um é presidente de concelhia), 3 deles em concelhos do interior – onde fica bem ter o doutor dos animais na lista. Umas eminências locais, portanto.
Houve uma ausência peculiar: o Lino arrancou 2 semanas antes para Antioquia (Turquia profunda, quase Iraque) para, com um professor particular, fazer as últimas 5 cadeiras – se tudo correr bem, 20 anos de curso…
Lá:
1. Como bons cristãos, multiplicámo-nos.
2. Um estava opado e 3 encanecidos, o resto TÁS IGUALZINHO, fisicamente e não só: o corista (caloiro, levou uma maleta de médico, insistindo que estudara em Medicina) continua corista, o cómico permanece um postal, a gótica continua gótica, o anão zangado mantém as trombas.
3. Estão todos empregados, alguns com múltiplos empregos, a maioria bem $ucedida, demonstrável no parque de estacionamento.
4. Há quem tenha trabalhos mais giros, como tratar de abutres e bisontes, mas quem foi mais longe foi a moça do Jaguar, que mandou tudo às malvas e agora cria porcos bísaros na sua quinta, “compondo” as clínicas do marido o resto do rendimento. Confirmou-se, o sucesso profissional não tem qualquer correlação com o sucesso académico, visto em chumbos e notas.
5. Foi curioso como a malta de agregou, geralmente com quem foi mantendo o contacto durante estes anos.
6. Sabia que tenho uma memória selectiva, o que quer dizer que esqueço a maioria das conversas, mas há gajos que se recordam de diálogos ipsis verbis que tiveram comigo, um prodígio (à chegada, disseram-me "continuas com roupa do teu irmão, lembras-te de comprares uma camisola da benetton 3 tamanhos acima, porque era gira e uma pechincha?").
7. Os optimistas acham que doravante podemos organizar um jantar anual.
Tive a iniciativa de organizar o jantar e contactar as pessoas: alguns não se formaram, uma vive em Londres e outro na Suécia. Mandei um mail com a convocatória para a “reunião de curso”: um dos destinatários devolveu-me um ponto de interrogação. Quando esclareci qual o curso (qual a dúvida, não tirou mais nenhum…), pediu paciência, fora há 14 anos…
Muitos não foram, porque ficaram de pensar (até hoje), tiveram baptizados ou familiares subitamente doentes. Duas faltaram porque não se queriam cruzar com algumas colegas (como é que um qualquer episódio com 20 anos pesa mais que a vontade de ver 3 ou 4 amigos, no mínimo, que fizemos lá atrás?) e outra, ex-candidata a deputada, porque corre para presidente de câmara e está em campanha. Aliás, encontrei 4 candidatos autárquicos (um é presidente de concelhia), 3 deles em concelhos do interior – onde fica bem ter o doutor dos animais na lista. Umas eminências locais, portanto.
Houve uma ausência peculiar: o Lino arrancou 2 semanas antes para Antioquia (Turquia profunda, quase Iraque) para, com um professor particular, fazer as últimas 5 cadeiras – se tudo correr bem, 20 anos de curso…
Lá:
1. Como bons cristãos, multiplicámo-nos.
2. Um estava opado e 3 encanecidos, o resto TÁS IGUALZINHO, fisicamente e não só: o corista (caloiro, levou uma maleta de médico, insistindo que estudara em Medicina) continua corista, o cómico permanece um postal, a gótica continua gótica, o anão zangado mantém as trombas.
3. Estão todos empregados, alguns com múltiplos empregos, a maioria bem $ucedida, demonstrável no parque de estacionamento.
4. Há quem tenha trabalhos mais giros, como tratar de abutres e bisontes, mas quem foi mais longe foi a moça do Jaguar, que mandou tudo às malvas e agora cria porcos bísaros na sua quinta, “compondo” as clínicas do marido o resto do rendimento. Confirmou-se, o sucesso profissional não tem qualquer correlação com o sucesso académico, visto em chumbos e notas.
5. Foi curioso como a malta de agregou, geralmente com quem foi mantendo o contacto durante estes anos.
6. Sabia que tenho uma memória selectiva, o que quer dizer que esqueço a maioria das conversas, mas há gajos que se recordam de diálogos ipsis verbis que tiveram comigo, um prodígio (à chegada, disseram-me "continuas com roupa do teu irmão, lembras-te de comprares uma camisola da benetton 3 tamanhos acima, porque era gira e uma pechincha?").
7. Os optimistas acham que doravante podemos organizar um jantar anual.
EU É QUE SOU O CONDIDATO À JUNTA
Recebi hoje o folheto do candidato PSD/CDS à junta. Nas 40 fotografias dos candidatos, reconheci um técnico de farmácia. E diabos me levem se o "técnico alimentar" não tem cara de talhante.
Fiquei a saber que ia votar no Sr. Amadeu, "o rosto da mudança", e que a proposta que encabeça o seu programa é um segundo cemitério… terá sido algum cretino a ordenar as propostas.
A propósito, fui desenterrar uma personagem fabulosa no baú da memória (leia-se google), o Bem-amado Odorico Paraguaçu, danado porque ninguém morria e estreava a sua obra de regime, um cemitério. Lembram-se?
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
É A VIDA
Gostei muito do exercício do Nuno, sobre o “lembras-te de”.
É verdade, o Cartaxo (e Vila Real, onde estudei) cresceu e descaracterizou-se, tornando-se mais uma terra como as outras.
É inexorável o desaparecimento das tascas, se não derem para as contas - como acabaram os latoeiros e os ferreiros, a leitaria, a loja dos chapéus e das boinas, o sapateiro no vão do prédio, a mercearia de bairro com o aroma inconfundível da fruta, do café e do feijão vendido avulso, em sacos de sarapilheira.
No seu lugar apareceram os cafés com mobiliário piroso (Monumental, o precursor), espelhados (Martinica, nome tipicamente ribatejano) ou com neons rosados (Rosabela). Não havia necessidade.
Quanto às tabernas, ainda as há, com o balcão de mármore impregnado com cheiro a vinho (daquele que pinta a língua), a cortina de fitas, o calendário e a fotografia do Benfica na parede. Mas será preciso uma Catarina Portas cartaxense, que consiga parar o metrónomo e (re)abra tascas sustentáveis, com vinho da casa, pipis, molhinhos e caracóis.
É verdade, o Cartaxo (e Vila Real, onde estudei) cresceu e descaracterizou-se, tornando-se mais uma terra como as outras.
É inexorável o desaparecimento das tascas, se não derem para as contas - como acabaram os latoeiros e os ferreiros, a leitaria, a loja dos chapéus e das boinas, o sapateiro no vão do prédio, a mercearia de bairro com o aroma inconfundível da fruta, do café e do feijão vendido avulso, em sacos de sarapilheira.
No seu lugar apareceram os cafés com mobiliário piroso (Monumental, o precursor), espelhados (Martinica, nome tipicamente ribatejano) ou com neons rosados (Rosabela). Não havia necessidade.
Quanto às tabernas, ainda as há, com o balcão de mármore impregnado com cheiro a vinho (daquele que pinta a língua), a cortina de fitas, o calendário e a fotografia do Benfica na parede. Mas será preciso uma Catarina Portas cartaxense, que consiga parar o metrónomo e (re)abra tascas sustentáveis, com vinho da casa, pipis, molhinhos e caracóis.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
A República
Comemorar a instauração da República é comemorar o dia em que os portugueses quiseram deixar de ser súbditos para passarem a cidadãos.
A República Portuguesa tem tido períodos brutais, obscuros, tontos e óptimos, mas os eleitos pelos cidadãos têm obrigação de, em nosso nome, comemorar o 5 de Outubro.
Já comentei que, no Cartaxo, o Bloco de Esquerda foi quem o quis fazer. O PSD e parte do PS foram contra, mas acabaram por se abster. O 99º aniversário desse dia histórico só foi, e mal, celebrado pela Assembleia Municipal, porque votaram a favor da proposta o Bloco, a CDU e parte do PS.
A nível local foi isto, uma tristeza sem música nem hastear da bandeira, sem presidente da Câmara nem vereadores e uns poucos eleitos pelo centrão, pois nem os principais candidatos do PS ou PSD se dignaram a aparecer.
A nível local, espero conseguir que o Cartaxo comemore com Festa os 100 anos da República Portuguesa para o ano.
A outro nível, o Presidente da República, decidiu esfrangalhar as comemorações, não discursou na varanda onde foi proclamada a república e não acha bem falar de ética republicana em campanha eleitoral. Não percebeu que a República é mais importante que ele e que a República não é património de uma facção política, mas de todos os portugueses.
"Deixemos o Sr Presidente terminar o seu mandato com dignidade."
A outro nível, o Presidente da República, decidiu esfrangalhar as comemorações, não discursou na varanda onde foi proclamada a república e não acha bem falar de ética republicana em campanha eleitoral. Não percebeu que a República é mais importante que ele e que a República não é património de uma facção política, mas de todos os portugueses.
"Deixemos o Sr Presidente terminar o seu mandato com dignidade."
é o que apetece repetir.
Pedro Mendonça
Pedro Mendonça
VIVA A REPÚBLICA
Para o bem e para o mal, há que agradecer, ao soprar 99 velas, aos 9 presidentes, 10 PR/PM e 48 primeiros-ministros que tomaram conta do que D. Carlos chamou piolheira. Se prestarem atenção, está explicado o porquê da ditadura, a sucessão de governos (43 em 16 anos, vários de dias ou semanas, dois de 1 dia; Ant. Mª Silva governou 4 vezes intercaladas, num total de 2 anos e 4 meses). Cerca de metade são militares (a cinzento).
PRESIDENTES
Teófilo Braga (10-11; 15)
Manuel Arriaga (11-15)
Bernardino Machado (15-17; 25-26)
Sidónio Pais (18)
Canto e Castro (18-19)
António José Almeida (19-23)
Manuel Teixeira Gomes (23-25)
Mendes Cabeçada (26)
Gomes da Costa (26)
Óscar Carmona (26-51)
Oliveira Salazar (51)
Craveiro Lopes (51-58)
Américo Tomás (58-74)
António Spínola (74)
Costa Gomes (74-76)
Ramalho Eanes (76-86)
Mário Soares (86-96)
Jorge Sampaio (96-06)
Cavaco Silva (06-09)
PRIMEIROS-MINISTROS
Teófilo Braga (10-11)
Pinheiro Chagas (11; 17/5/1915)
Augusto Vasconcelos (11-12)
Duarte Leite (12-13)
Afonso Costa (13-14; 15-16)
Bernardino Machado (14; 21)
Azevedo Coutinho (14-15)
Pimenta da Castro (15)
Norton de Matos Junta militar (15) 3 dias
José Ribeiro de Castro (15)
Sidónio Pais (17-18)
Canto e Castro int. (18) 9 dias
Tamagnini Sousa Barbosa (18-19) 1 mês
Paiva Couceiro (19) 25 dias
José Relvas (19)
Domingos Leite (19; 20; 25)
Sá Cardoso (19-20; 20) 6 dias
Fernandes da Costa (15/1/20) governo dos 5 minutos
António Maria Baptista (20)
Ramos Preto (20) 20 dias
António Maria da Silva (20; 22-23; 25; 25-26) 24 dias, 1 mês
António Granjo (20; 21)
Álvaro Castro (20; 23-24)
Liberato Pinto (20-21)
Barros Queirós (21)
Manuel Maria Coelho (21) 17 dias
Carlos Maia Pinto (21)
Cunha Leal (21-22)
Ginestal Machado (23)
Rodrigues Gaspar (23-24)
José Domingues dos Santos (24-25)
Carvalho Guimarães (25)
Mendes Cabeçadas (26) 20 dias
Gomes da Costa (26) 20 dias
Óscar Carmona (26-28)
Jaime Zuzarte Cortesão (27) 4 dias
Vicente de Freitas (28-29)
Ivens Ferraz (29-30)
Costa Oliveira (30-32)
Oliveira Salazar (32-68)
Marcelo Caetano (68-74)
António Spínola junta militar (74) 22 dias
Palma Carlos (74)
Vasco Gonçalves (74-75)
Pinheiro de Azevedo (75-76)
Almeida e Costa int. (76)
Mário Soares (76-78; 83-85)
Nobre da Costa (78)
Mota Pinto (79)
M. Lurdes Pintassilgo (80)
Sá Carneiro (80)
Freitas do Amaral int. (80-81)
Pinto Balsemão (81-83)
Cavaco Silva (85-95)
António Guterres (95-02)
Durão Barroso (02-04)
Santana Lopes (04-05)
José Sócrates (05-09)
O post é comprido, mas não por minha culpa.
E agora, uma república velha e rosada.
PRESIDENTES
Teófilo Braga (10-11; 15)
Manuel Arriaga (11-15)
Bernardino Machado (15-17; 25-26)
Sidónio Pais (18)
Canto e Castro (18-19)
António José Almeida (19-23)
Manuel Teixeira Gomes (23-25)
Mendes Cabeçada (26)
Gomes da Costa (26)
Óscar Carmona (26-51)
Oliveira Salazar (51)
Craveiro Lopes (51-58)
Américo Tomás (58-74)
António Spínola (74)
Costa Gomes (74-76)
Ramalho Eanes (76-86)
Mário Soares (86-96)
Jorge Sampaio (96-06)
Cavaco Silva (06-09)
PRIMEIROS-MINISTROS
Teófilo Braga (10-11)
Pinheiro Chagas (11; 17/5/1915)
Augusto Vasconcelos (11-12)
Duarte Leite (12-13)
Afonso Costa (13-14; 15-16)
Bernardino Machado (14; 21)
Azevedo Coutinho (14-15)
Pimenta da Castro (15)
Norton de Matos Junta militar (15) 3 dias
José Ribeiro de Castro (15)
Sidónio Pais (17-18)
Canto e Castro int. (18) 9 dias
Tamagnini Sousa Barbosa (18-19) 1 mês
Paiva Couceiro (19) 25 dias
José Relvas (19)
Domingos Leite (19; 20; 25)
Sá Cardoso (19-20; 20) 6 dias
Fernandes da Costa (15/1/20) governo dos 5 minutos
António Maria Baptista (20)
Ramos Preto (20) 20 dias
António Maria da Silva (20; 22-23; 25; 25-26) 24 dias, 1 mês
António Granjo (20; 21)
Álvaro Castro (20; 23-24)
Liberato Pinto (20-21)
Barros Queirós (21)
Manuel Maria Coelho (21) 17 dias
Carlos Maia Pinto (21)
Cunha Leal (21-22)
Ginestal Machado (23)
Rodrigues Gaspar (23-24)
José Domingues dos Santos (24-25)
Carvalho Guimarães (25)
Mendes Cabeçadas (26) 20 dias
Gomes da Costa (26) 20 dias
Óscar Carmona (26-28)
Jaime Zuzarte Cortesão (27) 4 dias
Vicente de Freitas (28-29)
Ivens Ferraz (29-30)
Costa Oliveira (30-32)
Oliveira Salazar (32-68)
Marcelo Caetano (68-74)
António Spínola junta militar (74) 22 dias
Palma Carlos (74)
Vasco Gonçalves (74-75)
Pinheiro de Azevedo (75-76)
Almeida e Costa int. (76)
Mário Soares (76-78; 83-85)
Nobre da Costa (78)
Mota Pinto (79)
M. Lurdes Pintassilgo (80)
Sá Carneiro (80)
Freitas do Amaral int. (80-81)
Pinto Balsemão (81-83)
Cavaco Silva (85-95)
António Guterres (95-02)
Durão Barroso (02-04)
Santana Lopes (04-05)
José Sócrates (05-09)
O post é comprido, mas não por minha culpa.
E agora, uma república velha e rosada.