Pois a baixa do Porto está a transformar-se numa espécie de Toompea Hill: em vez de invasores a brandir espadas, as hordas de turistas empunham selfie sticks, e 'empurram' os nativos para a periferia; em vez duma recepção hostil, é hostel.
O que alguém disse sobre Lisboa, também serve a norte: qualquer dia, os turistas vêm cá ver-se uns aos outros. Com a desertificação do centro, não tardará a que os curiosos se escondam atrás de arbustos, como um David Attemborough, à espera de captar um tripeiro. Hoje, os indígenas são como uns figurantes num parque temático, com tuk tuks, teleféricos, barcos, autocarros descapotáveis e lanchas, o último must no douro.
E a gastronomia local: pizzas, hamburgers (são aos magotes, as novas hamburguerias), tapas e pratos que levam menos tempo a deglutir, que a ler o nome na ementa (espuma de __ em cama de __ albardado com __ selvagem, é favor preencher a gosto), em restaurantes de nascidos e criados na Baviera (lá está, teutões). Tipicíssimo!
É, para o Porto ser igual aos outros, só falta um hard rock cafe e uma roda gigante. Corrijo, falta a roda.
A cidade perdeu a alma? Não, esta terra de mercadores vende o que puder, seja lã da Covilhã, vinho da Régua ou cogumelos Portobello em leito de qualquer coisa.
É mau? Não propriamente, apesar das vítimas colaterais, e o que é bom é para se mostrar.
E eu, sempre que posso, pago na mesma moeda, quando invado as terras deles com a minha lança de 13 megapixels.
Apareçam, cabem mais uns :)
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