O fotógrafo Nuno Perestrelo tem um trabalho intitulado 'Impérios perdidos', dedicado a grandes empresas - a CUF de Alfredo da Silva (conglomerado de mais de 100 empresas), os estaleiros da Lisnave (que foram dos Mello, netos do primeiro), a Siderurgia Nacional (levantada por Champalimaud, cunhado dos segundos) e a corticeira Mundet - que, juntas, chegaram a empregar 30.000 pessoas.
Pujantes no tempo do condicionamento industrial da ditadura, as 4 empresas são agora umas carcaças abandonadas, como que à pressa, deixando como post-its cartazes políticos e de cachopas, sapatos, arquivos, móveis e máquinas caladas há muito. E fantasmas a ecoar nos pavilhões vazios. E vento a fazer trinar os vidros que ainda resistem, beliscando de quando em quando o silêncio sepulcral.
Veio a democracia, depois a 'vermelhidão' dos trabalhadores, não fosse a margem sul um bastião comunista, vieram as nacionalizações, vieram as greves, vieram as reprivatizações, e hoje desses impérios restam ruínas e despojos do pretérito.
Perestrelo nasceu em 1988, tem idade suficiente para lembrar-se das empresas abertas, mas o que assistiu foi já a um ocaso.
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