O axioma medieval 'Graecum est, non legitur' (é grego, não se lê) nunca
fez tão pouco sentido como hoje, as eleições gregas interessam a todos.
O povo decidiu, está decidido.
Como disse Pedro Mexia, a Grécia é aquele que entra primeiro no quarto escuro e vai batendo com as
canelas nos móveis, os seguintes já vão menos às cegas. Foi assim com o
resgate, é agora com a eleição da esquerda radical, cada vez mais moderada, por
realismo ou tacticismo, seja na suspensão unilateral do pagamento da dívida e
negociação para o seu cancelamento (impagável, mesmo após o perdão de metade
dela, em 2011), na saída da OTAN, na nacionalização da banca (tudo no
programa de 2012) e na crença do euro, que nem sempre existiu – Lafazanis,
líder dum dos partidos do Syriza, quer mesmo o abandono da moeda.
Facto é que só o desespero
conduziu a esta solução, um último ‘cartucho’ usado mais por cansaço que com
entusiasmo: o Syriza passou em 5 anos de 4,6 para 36% (enquanto o socialista Pasok desceu de 43,9 para 4,8%) porque o que há não serve
e, pensam os gregos como o Tiririca,
pior que está não fica.
Ganhar foi o mais fácil. Agora se verá se a Coligação da
Esquerda Radical honra o cartaz de 2007 e torna possível o impossível, ou cai
na real – não espere que lhe continuem a emprestar dinheiro no dia em que
decida não pagar o que deve, sem primeiro convencer os credores (os outros europeus) que isso também
lhes interessa, e sem que estes imponham condições… austeras.
Talvez mais cedo que tarde, Tsipras
(acossado pelos seus companheiros mais puristas, os falcões desagradados com um governo
‘redondo’) não consegue aumentar salários, pensões, apoios sociais e
investimento sem cortar noutras despesas ou aumentar receitas, e descobre que o
seu possível é impossível para os gregos.
Se correr bem, é bom para os
gregos (e alumia os que vêm atrás, no escuro); se correr mal, é vacina para as outras
quimeras radicais europeias.
* conta a lenda que Ariadne, filha do Rei Minos, deu um novelo de linha ao seu apaixonado Teseu, quando este entrou no labirinto do Minotauro, para ele conseguir achar o caminho de volta. Na Lógica, o fio de Ariadne consiste na escolha duma alternativa não marcada como fracassada e segui-la logicamente até onde for possível; se não resultar, volta-se à última decisão tomada, que se regista como fracassada, e tenta-se outra opção. Caso não exista, anda-se para trás até encontrar uma decisão com alternativas e segue-se por uma delas. Está visto, a solução para a Grécia sair do buraco é a mitologia e algoritmos.
* conta a lenda que Ariadne, filha do Rei Minos, deu um novelo de linha ao seu apaixonado Teseu, quando este entrou no labirinto do Minotauro, para ele conseguir achar o caminho de volta. Na Lógica, o fio de Ariadne consiste na escolha duma alternativa não marcada como fracassada e segui-la logicamente até onde for possível; se não resultar, volta-se à última decisão tomada, que se regista como fracassada, e tenta-se outra opção. Caso não exista, anda-se para trás até encontrar uma decisão com alternativas e segue-se por uma delas. Está visto, a solução para a Grécia sair do buraco é a mitologia e algoritmos.