'Não há honestidades possíveis.
Ou há honestidade ou não há.'
António Lobo Antunes
As coisas não são assim tão simples.
Esta frase fez-me lembrar uma discussão a que assisti há uns tempos. Um dos comensais criticava um conhecido com um cargo dirigente, que, por conivência ou complacência, aceitava as malfeitorias dos seus pares e do primus da administração. O outro 'contendor' defendia o amigo, chegado, afirmando que este era sério, e que a acusação era muito injusta.
É possível terem ambos razão. Quem tenha a ambição - o que em si não é um defeito - de chegar longe na carreira numa empresa, na administração pública ou (mais ainda) na política, é obrigado a ponderar todas as suas posições públicas e privadas, em actos ou omissões, entremeando o conceito certo-errado com o parâmetro 'conveniente', tendo em vista o seu percurso individual. Nada mais é a preto e branco, as cautelas são XXL e há outras boundaries, seja essa pessoa um arrivista sem carácter, seja essa uma pessoa competente e genuinamente 'boa' - ambas terão que tolerar muita, digamos, coisa malcheirosa.
Em suma, a escalada tem um preço, o olfacto.
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