"Eis que em vários labirintos de montes e vales
surge o glorioso Eden de Sintra.
Ai de mim! Que pena ou que pincel
logrará jamais dizer a metade sequer
das belezas destas vistas (...)?"
Estas palavras, do poema Childe Harold’s Pilgrimage, pertencem a Lord Byron, para quem 'a vila de Cintra, na Estremadura, é talvez a mais bela do mundo'. Para a glorificação do burgo contribuiu a sua visita ao Palácio de Monserrate e do seu vasto (33 ha) jardim paisagístico.
O restauro dos jardins e da casa (ainda em obras) começaram em 2010, dando novo fulgor a uma quinta que, durante 500 anos, oscilou entre o brilho e o abandono.
1540 - construção da capela de N. Sra. Monserrate na colina do palácio, aí mandada levantar por frei Gaspar Preto, no regresso duma peregrinação ao eremitério beneditino de Monserrat, na Catalunha (supõe-se que havia no local uma pequena capela do tempo da reconquista); nesse século, a então quinta da Bela Vista torna-se propriedade do Hospital de Todos os Santos de Lisboa, desaparecido no terramoto de 1755
1601 - aforamento da propriedade à família Mello e Castro (que a compra em 1718), radicada em Goa
1755 - o terramoto torna inabitáveis as casas existentes na quinta
1790 - com o objectivo* de "arrendar utilmente a mesma Quinta, mas também de promover a utilidade, conservação e aumento deste Prédio", Francisca de Mello e Castro arrenda a propriedade ao comerciante inglês Gerard de Visme, concessionário da importação de pau-brasil (cortesia do Marquês de Pombal), que ergue o 1º palácio neogótico sobre as ruínas da capela - esta foi reconstruída noutro local e depois propositadamente 'arruinada', ao estilo dos romantic gardens da Álbion
1793 - o milionário inglês William Beckford arrenda a quinta, melhora o palácio e inicia o jardim paisagístico (a sua 'estada' durou até 1799, interrompida entre 1795-98, quando sub-alugou a propriedade aos filhos do fidalgo José de Oliveira)
1856 - Sir Francis Cook, milionário têxtil inglês e 1º visconde de Monserrate, compra a propriedade para residência de veraneio, reconstrói o jardim romântico, com mais de 3000 espécies exóticas, e o palácio (1856-58) bastante eclético, com laivos góticos, indianos e mouriscos
1946 - posta à venda 17 anos anos, a quinta é comprada pelo financeiro Saúl Sáragga, que tentou (sem sucesso) dividir a propriedade em lotes, mas vendeu em leilão todo o luxuoso recheio
1949 - a quinta é adquirida pelo Estado, juntamente com a tapada de Sintra
* o contrato omite a razão primeira, D.Francisca voltou de Goa e precisou custear a reconstrução do palácio familiar na capital, arrasado pelo terramoto
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Palácio de Monserrate |
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Fonte do Tritão e entrada/torre sul |
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Átrio central octogonal e fonte com mármore de Carrara
(arcos quebrados com bandeiras rendilhadas) |
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Átrio central |
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Cúpula do átrio central, em madeira e estuque |
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Galeria |
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Fonte do Tritão |
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Sala da música/torre norte. Cúpula em estuque com motivos florais dourados.
Friso com Musas e Graças |
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Árvore da borracha australiana, parede oeste da falsa ruína, criada por
Francis Cook a partir da capela erguida por Gerard de Visme, em
substituição da capela de N. Sra. Monserrate
(no nicho da Capela havia 1 de 3 sarcófagos etruscos adquiridos por Cook) |