Os franciús invadiram Portugal por 3 vezes, e 3 vezes foram escorraçados. Assentaram arraiais por pouco tempo (mesmo esse, foi demasiado), mas deixaram uns souvenirs, que pegaram de estaca na linguagem popular.
Jean Andoche Junot comandou a primeira invasão, uma espécie de blitzkrieg: entrou por Idanha-a-Nova, em 17/11/1807, acelerou pela margem direita do Tejo e chegou a Lisboa no dia 30... a tempo de ver a armada portuguesa, com a corte, a sair da barra do rio - ficou 'a ver navios'.
O governador-geral, entretanto nomeado duque de Abrantes (duc d'Abrantès), procurou esquecer o desaire com uma vida faustosa, entre caçadas, festas e idas ao teatro - viveu 'à grande e à francesa'.
O forró não durou muito: o povo sublevou-se em Junho, os ingleses vieram dar uma mãozinha (paga com língua de palmo) e, no final do verão quente, o exército napoleónico deu de frosques. Não sem que Junot levasse tudo o que conseguiu carregar (nas fragatas emprestadas pelos ingleses, que os derrotaram), incluindo obras de arte - foi 'de armas e bagagens'. A pressa em zarpar, essa, crismou a expressão 'despedida à francesa'.
Na comitiva de Junot, veio Louis Henri Loison, mau como as cobras, famoso pelas pilhagens e pelo seu gosto em torturar, por vezes até à morte, inúmeras pessoas. Má sina tinha quem fosse apanhado pelo general, que perdera o braço esquerdo num acidente de caça - muita gente 'foi para o maneta'.
Partida da corte de D. João VI, 29-11-1807 (Henry L'Évêque, 1815) |
Sem comentários:
Enviar um comentário