'O Governo português anda mendigando em Londres um novo empréstimo.
Os nossos charlatães financeiros não sabem senão estes dois método de governo:
- Empréstimos e impostos.
Por um lado, o governo mandou para as cortes um carregação de propostas tendentes todas a aumentar de tributos; por outro lado, o governo vai negociar um empréstimo no estrangeiro.
É dinheiro emprestado e dinheiro espoliado.
Pede-se dinheiro aos agiotas para pagar às camarilhas; depois tira-se ao povo para pagar as agiotas!
E ao passo que se trata de um empréstimo em Londres, negoceia-se outro empréstimo com os bancos nacionais.
Este tem carácter de dívida flutuante* interna e é para pagamento da dívida consolidada** externa!
Este empréstimo que nos está às costas para pagamento no fim de três meses, sai na razão de 13/2%!
E no fim não é dinheiro aplicado em nenhum melhoramento público; é só dinheiro para pagar juros da dívida!
É a dívida a endividar-nos cada vez mais! É a dívida a crescer para pagar as sinecuras do estado! É a dívida a multiplicar-se para não faltarem à corte banquetes, festas, caçadas, folias!
Esta situação é terrível e tanto mais que ela exige para não se agravar, de sacrifícios que o país não pode e que de mais não deve fazer, quando eles são apenas destinados às extravagâncias da corte e ao devorismo do poder, no qual se inscreve agora o novo subsidio aos pais da pátria!'
em A Lanterna, 17.12.1870
Fica a pergunta, não se aprendeu nada?* dívida pública a curto prazo; ** dívida pública sem prazo de reembolso
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