João I prometeu, a 14.8.1385, construir um mosteiro caso vencesse o exército castelhano. Vencida a batalha nesse dia, em Aljubarrota, João cumpriu: o mosteiro da Santa Maria da Vitória foi provavelmente iniciado em 1386 (e entregue 2 anos depois aos dominicanos), só tendo sido 'acabado' na segunda década de 1500.
O projecto foi entregue a Afonso Domingues, que levantou a igreja, a sala do capítulo, e as galerias sul e nascente do claustro de D. João I, num estilo gótico radiante, sendo substituído em 1402 pelo mestre Huguet, que deu uma marca tardo-gótica à igreja, com as suas abóbadas e a fachada principal, acabou o claustro e a cobertura da sala do capítulo, com uma ousada abóbada única, dada a sua dimensão.
Ao projecto inicial foram acrescentadas 2 capelas funerárias:
* A capela do fundador, mandada construir por João I para panteão régio (entre 1426 e 1433/34), quadrangular com tecto octogonal, tem ao centro o túmulo gótico (conjugal, uma novidade à época) de João I e Filipa de Lencastre e, na parede sul, os túmulos (do 2º quartel de 1400) dos seus filhos e noras - Pedro, o Infante das 7 partidas, e Isabel de Urgel; Henrique, o navegador; João e Isabel de Barcelos (neta de João I e de Nuno Álvares Pereira, avó de D. Manuel e de Isabel, a católica); e Fernando, o infante santo. Na parede poente, mandados fazer por D. Carlos, já no século XX, estão os túmulos do neto D. Afonso V, do bisneto D. João II e do trineto Afonso - herdeiro do príncipe perfeito que caiu do cavalo e morreu antes do pai... uma sorte para D. Manuel, a quem o trono caiu no regaço.
* As capelas imperfeitas, conjunto octogonal com 7 capelas, foram iniciadas em 1934 por D. Duarte e serviriam de panteão do rei e dos seus filhos. Mas a morte precoce do rei (em 1437) e do mestre Huguet, impediu a conclusão da obra, que ainda mereceu a atenção de D. Manuel, conferindo-lhe o seu estilo único às capelas e ao sumptuoso portal (sobre este, foi ainda colocada uma varanda renascentista, em 1533, já no reinado de João III). O túmulo conjugal de D. Duarte e D. Leonor foi colocado numa das capelas, no século XX, tornando-os nos únicos ocupantes das capelas.
E por todo o lado, ou não fosse este o ex-voto da Independência, o escudo de Portugal.
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Mosteiro da Batalha, imagem aérea (site oficial) |
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Fachada sul |
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Capela do fundador |
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porta da fachada sul (e seguintes), do Afonso Domingues,
com 4 arquivoltas de arco quebrado e gablete pontiagudo
contendo os brasões de João I e Filipa de Lencastre |
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Porta principal, do mestre Huguet |
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Nas ombreiras, os 12 apóstolos; no tímpano, Deus rodeado pelos 4 evangelistas
(João com a águia, Marcos com o leão, Lucas com o boi e Mateus com o anjo);
nas 2 arquivoltas exteriores, virgens, mártires e confessoras, papas, bispos, diáconos,
monges e mártires; nas arquivoltas intermédias, reis de Judá (ancestrais de Maria),
profetas e patriarcas; nas 2 arquivoltas interiores, anjos e serafins |
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Os apóstolos nas ombreiras (ao centro, é fácil identificar Judas) |
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Portal da capela do fundador |
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O mosteiro da batalha será, talvez, o primeiro edifício português com vitrais.
Os vitrais degradaram-se ao longo dos séculos, tendo sofrido um restauro em
meados do séc. XIX (sob a batuta de Mouzinho de Albuquerque). Os fragmentos
originais foram retirados e tratados há uns anos, não tendo sido repostos. |
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Túmulo de João I e Filipa de Lencastre |
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Túmulo de D. Henrique |
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Túmulo de D. João, mestre de Santiago, e Isabel de Barcelos |
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Túmulo de D. João II |
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Claustro de D. João I, começado por Afonso Domingues e concluído
por Huguet. As bandeiras das arcadas, manuelinas, são posteriores |
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Lavatório do mosteiro |
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A cruz de Cristo nas bandeiras das arcadas |
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Exposição Jardins de Pedra, de Mário Lopes |
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Claustro afonsino, erguido no reinado de Afonso V, numa altura em que
o despojamento era apreciado. É o primeiro a ter 2 andares. |
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Capelas imperfeitas |
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Grande portal das capelas imperfeitas, manuelino, de Mateus Fernandes.
Acima, varanda ou balcão maneirista, de Miguel de Arruda (1533),
Última tentativa, no reinado de João III, para acabar as capelas
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As abóbadas das capelas têm chaves esculpidas com escudos de
armas e emblemas que identificam os 'destinatários' |
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Túmulo de D. Duarte (ou Eduard) e Leonor de Aragão |
Sobre os estilos, ver http://www.mosteirobatalha.pt/pt/index.php?s=white&pid=181&identificador=bt133_pt
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