O
fotojornalista William Eugene Smith (1918-78) nasceu em Wichita, Kansas, onde
começou a trabalhar em 2 jornais locais. Mudou-se para NY e entrou na Newsweek,
onde mostrou o seu tortuoso perfeccionismo (da mãe herdou o ofício, do pai o destempero mental). Despedido por recusar usar máquinas
fotográficas de formato médio, passou para a revista LIFE, em 1939, onde depressa
se demitiu. Depois de passagens pela revista Parade e das publicações
Ziff-Davis, regressou à LIFE, dando nas vistas pelas suas fotografias tiradas na
ofensiva do Pacífico, durante a 2ª guerra mundial. A sua audácia teve um preço:
foi atingido por estilhaços de bomba em Iwo Jima e, depois, perto de Okinawa - da 2ª vez o projectil furou-lhe a mão e atingiu-lhe a cara, obrigando-o a 2 anos de reabilitação e várias plásticas.
Smith julgou necessário que a sua primeira
fotografia, após o longo interregno, fosse catártica, e o oposto da guerra (‘quero que
as minhas fotografias tenham alguma mensagem contra a ganância, a estupidez e
as intolerâncias que causam estas guerras’, disse sobre as suas imagens de
prisioneiros japoneses): assim nasceu a icónica imagem
dos seus 2 filhos, de mãos dadas, na boca duma clareira.
Maníaco-depressivo,
com dependências do álcool e anfetaminas, Smith teve conflitos editoriais
épicos na revista LIFE, com lágrimas, ameaças de demissão e até de suicídio,
para que tudo saísse exactamente como queria. Foi assim com os artigos-ícones
como ‘Country Doctor’ (1948, considerada a 1ª 'foto-história'), ‘Spanish Village’ (1951), ‘Nurse Midwife’ (1951)
ou ‘Man of Mercy’ (1955), que o levou a bater mesmo com a porta da LIFE.
Mudou-se então para a Magnum, empenhando uma década em 2 projectos que quase
arruinaram a agência e lhe destruiram o casamento: primeiro, 3 semanas e 100
fotografias para comemorar o bicentenário de Pittsburgh transformaram-se em 22000
fotos ao longo de 4 anos; pelo meio, largou a família e mudou-se para um decrépito
edifício em Manhattan, local de reunião de músicos de jazz que vestiu de microfones - literalmente, de cima a baixo. Resultado, 40000
fotos e 4000 horas de gravações áudio (músicos de renome e pretendentes a,
drogados, polícias, bem como entrevistas de rádio e televisão, conversas
anónimas, barulhos de rua e miados, uma miscelânea).
Em 1971, Smith
e a sua 2ª mulher Aileen viajaram para o Japão, dedicando-se aos efeitos da
contaminação industrial na vila pesqueira de Minimata, livro que lhe valeu o
regresso às boas-graças do público. Já em 1978, aceitou um cargo de professor
na universidade de Arizona, para onde levou o seu arquivo, um espólio com 22
toneladas.
1945. Queda de bomba que atingiu Smith, Iwo Jima (foto não publicada) |
1948. Ceriani, numa pausa após uma longa cirurgia (de acordo com um dos sites, após um parto com perda da mãe e da criança) |
1950/1. Lutero Curiel, 5 anos, junta estrume à porta de casa, para usar nos 8 pequenos campos que a família tem e arrenda |
1950/1. A família Curiel come sopa de feijões e batata, da mesma panela. Pais e 4 filhos partilham o único quarto |
1951. Ku Klux Klan, Carolina do Sul |
1953. Inspector Monsanto caminha num incinerador (LIFE 26.1.1953) |
1971, dezembro. 'Tomoko Uemura in Her Bath', testemunho da poluição ambiental e envenenamento neurológico causado pelas descargas de mercúrio na baía da Minimata, pelo empório Chisso |
http://anthonylukephotography.blogspot.pt/2012/01/photographer-profile-w-eugene-smith.html
http://life.time.com/history/life-behind-the-picture-w-eugene-smiths-guardia-civil-1950/#end
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