[em 1968] Já o homem ideal, segundo as crónicas femininas, deve telefonar à mulher quando se atrasa no escritório. «Escangalha-se uma torneira, entope-se um cano» e ele deve arranjar. Tem de estar disponível para «pegar num esfregão e num balde» e não arvorar «ar de mártir» nessas tarefas. Não pode ainda esquecer o aniversário de casamento, de elogiar o novo penteado ou o vestido da consorte. E isso «sem fazer alusão a quanto possa ter custado», pois o «homem ideal» sabe que «a mulher precisa de dinheiro para gastos pessoais e estabelece o orçamento para que não haja discussões». Se há mulheres que não conseguem encontrar a sua cara-metade com esses predicados, «é por sua própria culpa».
Em A Última Criada de Salazar, Miguel Carvalho
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