Há algumas coisas que o meu pai dizia que nunca esqueci, à conta da repetição: 'amigos, amigos, são os de infância e a família', 'nada se cria, nada se perde, tudo se transforma' (começavam assim demoradas prelecções, cada vez que lhe pedia ajuda num tpc) e 'uma geração faz dinheiro, a segunda conserva e a terceira gasta'. Ainda estou para saber que geração me calhou a mim, mas vá.
De qualquer jeito, é interessante como o 'graveto' sai das famílias de forma inesperada, e cai em mãos alheias, em vez de passar para irmãos ou filhos. Exemplos?
. Era uma vez 3 irmãos abastados, os 2 rapazes casaram com a mesma senhora, viúva essa que tornou o terceiro marido um herdeiro muito feliz.
. Era uma vez um rapaz tão estróina, que a previdente (?) avó, para o petiz não se desfazer da propriedade que herdara, conseguiu passá-la para o seu nome e depois deixá-la em herança a uns sobrinhos dela, com o usufruto do neto (morreram ambos no espaço de um mês).
. Era uma vez uma viúva que passou a posse da casa do primeiro marido para o novo campanheiro, que morreu primeiro e deixou a propriedade à uma irmã açoreana.
Mas, à pala duma cósmica lei das compensações, mesmo que desequilibrada, pode acontecer o inverso, como uma casa lisboeta ser deixada por uma fidalga (açoreana, lá está) aos sobrinhos do marido, com uma história peculiar: aí, no n.º 25 da Travessa André Valente, morreu Barbosa de Bocage.
Descerramento da lápide no centenário da morte de Bocage
Foto de Joshua Benoliel, 1905
Foto de Eduardo Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário