Se formos governo, posso garantir que não vamos
despedir pessoas nem cortar mais salários
para sanear o sistema português.
Passos Coelho, twitter 2/5/2011
Dizem que eu sou um privilegiado. De facto, não tenho um patrão qualquer - para começar é mais forte que os outros, porque é ele que faz a lei: exemplo, os outros patrões não podem diminuir salários, o meu pode, e fê-lo; os outros têm que respeitar os acordos e convenções colectivos, o meu apresenta propostas inegociáveis.
Ora bem, o meu patrão decidiu: pagar menos um quinto do salário (numa estimativa bem conservadora); reduzir em 50% o pagamento de feriados e horas extraordinárias; reduzir subsídios de alojamento e ajudas de custo por deslocações (pagas apenas se a distância é superior a 20km, ou 50km em dias sucessivos); manter a suspensão de progressões; aumentar o nº de horas de trabalho, daqui a um tempo; reduzir o nº de colaboradores (trabalhando mais os que ficam, naturalmente); deixar de pagar baixas por doença nos primeiros 3 dias, e reduzir em 10% o pagamento dos restantes dias; apressar a subida da idade da reforma (e pagar menos por ela), aumentar várias vezes as contribuições para a segurança social (adse+cga) e os impostos (a 2ª maior subida do mundo, nos últimos 3 anos).
Deu cavaco a alguém?
Uma coisa é aproximar o regime da FP do sector privado - tudo bem! -, outra é torná-lo ainda pior. É de esperar que o Estado seja um exemplo de decência com os seus trabalhadores - pormenor, também seus accionistas.
post scriptum: o meu patrão diz que a sua prioridade é o desemprego, mas rescinde com contratados que têm a particularidade de não terem direito a subsídio de desemprego - o governo começou a explicação com "como em qualquer empresa...", pois há empresas que agem com menor ligeireza (bem a propósito, os desempregados vão passar a pagar taxa social a partir dos €419).
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