As ilustrações do Norman Rockwell fazem-me logo lembrar os livros da Anita, que guardo no mesmo gavetão empoeirado onde estão os filmes technicolor da Lassie, os rebuçados santo onofre e os iogurtes feitos em casa. Suspeito que terão o mesmo efeito convosco, se já cá estavam antes do 25 de Abril.
Voltando ao dito, Rockwell (1894-1978), descendente de um dos primeiros colonos da américa, era conhecido como ilustrador de livros, postais, selos, cartazes, calendários (como os dos escuteiros, lançados anualmente entre 1925 e 1976) e revistas: debutando em revistas juvenis como a Boys’Life (onde conseguiu a sua primeira capa em Setembro de 1913), passou pela Saturday Evening Post (SEP), Life magazine, Country Gentleman, Ladies’ Home Journal, Literay Digest e, nos anos 60, na revista Look. Dizer que passou pela SEP é claramente um exagero, foi mais um emprego de longa duração: entre 1916 e 1963, Rockwell assinou 322 (ou 323) capas da revista.
Os seus milhentos trabalhos (cerca de 4000) são na grande maioria caricaturas realistas, passe o paradoxo, e davam trabalho: usava modelos e, a partir de 1937, cada ‘boneco’ envolvia uma composição de fotografias de pessoas e cenários, que ele depois plasmava na tela. Sempre com saudáveis bochechas rosadas.
Querido da América, o ilustrador Norman Rockwell retractava o país interior, dos valores, com o seu casulo de interesses (a lembrar o salazarento 'viver habitualmente'*), em cândidas cenas do dia-a-dia: as refeições, os encontros familiares, o natal, os escuteiros, as orações, os namoros, as idas à missa ou ao médico.
Durante muitos anos, os protagonistas foram os WASP (brancos anglo-saxónicos protestantes), mas, quando se mudou para a Look magazine, lá chegou o tempo de tratar o tema dos direitos civis e colocar os negros na boca de cena.
Um dos seus trabalhos mais conhecidos é sobre Ruby Bridges, a primeira criança negra a entrar numa escola multirracial (forçada pela lei) – enfrentando sem uma lágrima a hostilidade de manifestantes e a recusa de professores e pais dos outros miúdos, durante um ano foi acompanhada por polícias para a escola e tinha uma professora (voluntária) só para ela.
* Norman pintava a felicidade, mas não viveu habitualmente: 3 mulheres, 1 divórcio, 1 viuvez, depressões, apoio psiquiátrico, o incêndio do estúdio com parte da sua obra.
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Checkers (2.7.1928 Ladies' Home Journal) |
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Doctor and the doll (29.3.1929 Saturday Evening Post) |
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Puppeteer (22.10.1932 Saturday Evenong Post) |
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The Tattoo Artist (4.3.1944 Saturday Evening Post) |
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Penny candy (23.9.1944 Saturday Evening Post) |
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Saying grace (24.11.1951 Saturday Evening Post) |
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How-to-diet (3.1.1953 Saturday Evening Post) |
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Happy Birthday Miss Jones (17.3.1956 Saturday Evening Post) |
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Optometrist. kid with new glasses (19.5.1956 SEP) |
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After the prom (25.5.1957 Saturday Evening Post) |
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Before-the-shot (15.3.1958 Saturday Evening Post) |
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The runaway (20.9.1958 Saturday Evening Post) |
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The problem we all live with (01.1964 Look magazine)
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New Kids in the Neighborhood (16.5.1967 Look magazine) |
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