A 2ª série do Diário da República é de boa leitura. Ali ficamos a conhecer quem são os ungidos para a alta administração pública, e os seus
curricula, por vezes tão escassos que tornam difícil compreender a justificação da escolha, pelos comuns dos mortais como eu.
Outras vezes, nem é a falta de
curriculum académico ou profissional que chama a atenção.
O Despacho 5283 é fresquinho, data de ontem, e publica a nomeação da administração do INIAV, 'guarda-chuva' de 3 instituições de referência da investigação científica indígena, o LNIV, o IPIMAR e o INIA: os 3 elementos podem optar pelo vencimento de origem e o presidente e um dos 2 vogais podem continuar a dar aulas. Regular.
Curiosas são as notas curriculares, na parte
diversos.
Do presidente, licenciado engenheiro agrónomo na UTL e aí Professor Doutor, e entre outras coisas ex-director da Galp, consta
'Ex-praticante de rugby, membro da Direção do Clube de Rugby de Agronomia (1999 -2008), Secretário da Mesa da Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Râguebi (2004 -2008). Membro filiado, desde 1998, no partido CDS/PP, onde já fui [sic] membro do Conselho Económico e Social, da Comissão Política Nacional e Vice-Presidente do partido.'
Um dos vogais, licenciado em gestão de Recursos Humanos na Lusófona (aos 38 anos, ou entrou tarde ou demorou-se), trabalha há anos na Carris, tendo sido nos últimos 9-anos-9 'membro de equipas de trabalho dos programas de reestruturação da empresa' (uma obra de Santa Engrácia sem fim há vista, parece).
Nos
diversos, é-nos dado a saber que é
'Ex-praticante de rugby e treinador de rugby com cursos da Federação Portuguesa, Espanhola e Inglesa de Rugby e selecionador nacional adjunto em 2000. Ex-membro da Comissão Executiva e Mentor da Academia Carris.'
Temos pois um denominador comum, o rugby. Ora, há alguma relação entre investigação e esse desporto de porradinha? Amigo maledicente imaginou ouvir-se no Largo do Caldas 'Alguém aqui percebe de
ensaios?' e levantarem-se 2 hércules com polos às riscas no fundo da sala...