Diz-se que, quando morreu o generoso Afonso V (com o irónico cognome d'O Africano), apenas deixou ao herdeiro as estradas do reino. Hoje estamos pior: as estradas são parcerias público-privadas que estamos a pagar a peso de ouro, a banca tem mais poder que os prestamistas judeus e italianos de então, e o país pertencia nessa altura a uma oligarquia, sim, mas nacional.
Agora, não só parece que 17 das 20 maiores empresas cotadas na bolsa (PSI20) têm sede fiscal na Holanda, como as suas estruturas accionistas são uma espécie de Babel: lá se fala (e se manda em) inglês, português do Brasil e de Angola, alemão, francês, árabe, castelhano e mandarim*.
Inevitável? Sim. Irónico? Também.
E cadê os subscritores do Manifesto dos 40, de 2002, que defendiam a manutenção intransigente dos centros de decisão nacional (como Ricardo Salgado, Van Zeller, Nogueira Leite, Paulo Teixeira Pinto ou... Eduardo Catroga)? Agora ou se calam ou optam pela defesa dos centros de competência nacional.
Até ver.
* E já não são só os companheiros de bridge da velha Europa, mas também os emergentes (termo curiosamente usado no brasil para referir, com alguma snobeira, os novos-ricos), alguns à sombra ou dentro de Estados musculados.
Alguns dados foram retirados de relatórios publicados há alguns meses, podendo haver actualizações.
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