Não sei quem foi o pintor, mas o estupor pintou bem...
Na primeira noite eles se aproximam,
roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo o nosso medo
arranca-nos a voz da garganta.
E já não dizemos nada.
Este poema, que tem um gêmeo (uma coisa no género: primeiro apanham um vizinho, não o defendes, depois outro, idem, depois levam-te a ti e não sobrou ninguém para te defender...), foi atribuído a Vladimir Maiakovsky, mas o seu justo autor foi o brasileiro Eduardo Alves da Costa, em 1964.
Não sabia de quem era o olho, descobri hoje: de S. João Evangelista, n' A descida da Cruz, de Rogier Van der Weyden (1430-35).
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