...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

quarta-feira, 4 de maio de 2011

PUAAARTO (I) - LIVRARIA LELLO

Eu nem sou pessoa para puxar pelos galões da cidade do Porto, e por duas razões: sou um sulista infiltrado, e até acho que o granito, para mais sujo, não favorece uma urbe com pouca luminosidade. Mas o Porto tem várias encantos.
Um deles, perto dos Clérigos (Rua das Carmelitas, 144), é a livraria Lello e Irmão, considerada a terceira melhor livraria do Mundo para 2011, pela editora australiana Lonely Planet, e a terceira mais bela do mundo, pelo The Guardian.
No local da antiga livraria Chardron, o edifício com fachada Arte Nova mesclada de neogótica (dizem), da autoria dum engenheiro com a graça de Francisco Xavier Esteves, foi inaugurado a 13 de Janeiro de 1906, com grande pompa (visita guiada, discursos, beberete com champanhe, a presença de muitos notáveis, como Afonso Costa, Guerra Junqueiro, Júlio Brandão e Aurélio Paz dos Reis, telegramas de felicitações de teófilo de Braga, bernardino machado, Júlio de Matos, ...) e a cobertura de jornais portugueses e brasileiros.
Embora pequena, está cheia de pormenores, como a peculiar escadaria de madeira, as prateleiras e o vitral no tecto com o lema dedicação no trabalho.
Apareçam.



"Em estilo neogótico, um amplo arco abatido, cuja entrada se divide numa porta central, ladeada por duas montras que constituem os verdadeiros expositores públicos da Livraria. Sobre este arco, há uma janela tripla, fechada na platibanda e separada das pilastras, as quais são encimadas por coruchéus originais. Dos lados da janela, destacam-se duas figuras pintadas, da autoria de José Bielman, simbolizando uma a Arte e a outra a Ciência. O resto da fachada completa-se com ornamentação fitográfica e com o nome da livraria. De realçar o rendilhado que encima o edifício, todo ele um autêntico monumento artístico que já mereceu classificação de património nacional."




"Nos pilares, à esquerda e à direita, distinguem-se os bustos de ilustres homens de letras: Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Tomás Ribeiro, Teófilo Braga e Guerra Junqueiro. Obra do escultor e distinto artista Romão júnior, estão cobertos por baldaquinos, rendühados em estilo gótico. O tecto, lavrado, resguarda no centro uma luminosidade diáfana que provém do amplo vitral em que se desenha o ex-libris de Lello & Irmão, Lda, com a conhecida divisa Decus in Labore. Como escreveu um afamado jornalista do princípio do século, a riqueza de tons do grande vitral, o recorte gracioso das janelas, a balaustrada da galeria e os grandes candelabros situados nos ângulos que demarcam esse espaço, as linhas das ogivas que se entrelaçam no tecto sob os florões e que vêm morrer nas nervuras que correm pelos pilares até às mísulas, deixam o visitante deslumbrado."




Na inauguração, "os presentes deixaram consignadas no Livro de Ouro da Livraria as suas impressões e votos de futuro sucesso para a Casa Lello. Abel Botelho, por exemplo, deixou assim registado o seu testemunho: ...erigir um tão formoso templo ao divino culto da Emoção e da Ideia, é um grande acto de benemerência, e que, pelos seus largos e fecundos resultados, há-de ligar perduravelmente os nomes de LELLO & IRMÃO ao reconhecimento nacional."




Um dos três actuais proprietários é herdeiro dos fundadores.
Os excertos foram pescados em www.portoxxi.com/cultura

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