Casa Municipal
Igreja Nª Sra. de Tyn
Relógio astronómico - Câmara da cidade velha
Casa dos minutos (1 morada de Kafka)
Ponte Carlos (10x520m)
Palácio real (o maior da Europa, 72.500 m2) e catedral de S. Vito
Praça pequena
Fizemos o “czech in” a 23/5. A primeira impressão teve a ver com a língua: as tabuletas são ilegíveis – quem entende uma palavra com 2 vogais, 6 consoantes e 3 acentos, incluindo circunflexos invertidos? – e os sons incompreensíveis: a gravação com os nomes das paragens do autocarro lembrava um campeonato de ginástica rítmica em Bucareste, quando davam as pontuações, 9.1, 9.4, 9.0.E o povo, pá? Veste tão ‘bem’ e é tão ‘bonito’ como nós: há muitas Svetlanas como a Joana Amaral Dias, quantas Natalyas como a Odete Santos, parece que a idade é madrasta. Os louros são apenas uma (grande) minoria, mas olhos claros são quase metade. Existe ainda um grupo numeroso, muito gregário, de baixotes de cabelo escuro liso e olhos rasgados, que parece ligado ao sector da fotografia.
Têm, porém, uma característica que nos envergonha: durante toda a semana, as igrejas e salas de espectáculo enchem antes de jantar, com os indígenas bem vestidos para o teatro e música clássica.
Custo de vida: as coisas custam sensivelmente o mesmo que cá (25 coroas=1€), a cerveja é mais barata, mas existe um senão: paga-se 0.2€ eliminar os resíduos, incluindo na WC da McDonald (equivale a ¼ dum cheeseburguer). Claro que a parte nobre duma capital não vale pelo país, mas a quantidade de RR, maybach, maserattis, bentleys, porches, mercedes e bmw topo-de-gama devem dizer algo sobre a economia checa.
Sinal de atraso para quem não é adicto, como este escriba, pode fumar-se na maioria dos restaurantes - como na (recomenda-se) cervejaria da cave da Câmara Municipal, ao som do acordeão dum velhote mascarado de alpino. A propósito, os pratos nacionais incluem goulash, umas bolas de farinha e joelho de porco, mas os mais sensíveis têm comida internacional, significa italiano ou chinês.
Para ver, há imenso: os subúrbios são incaracterísticos como Lisboa, mas o centro da cidade é poesia. E lembra muitos outros lugares: o barroco de Salsburgo, com cúpulas pretas ou verde-taxi, as cervejarias bávaras, as paredes e tectos com pintura grosseira tipo mexicano, as quadrigas no topo dos prédios qual Gran Via madrilena, o stucco florentino, ou os quarteirões Arte Nova à Paris, com os seus florões e bustos de estuque ou os ferros forjados. Aliás, é um checo que ombreia com Toulouse-Lautrec como o principal ilustrador de cartazes publicitários arte nova, Alphonse Mucha.
Praga acumula estilos arquitectónicos, mas o que vemos são, em boa parte, réplicas ou reconstruções – muitos edifícios não sobreviveram à passagem dos séculos e à sorte das guerras (incluindo os finados da 2ª guerra mundial, quando os alemães não quiseram levar as munições na retirada, e morteiraram a cidade). Fez-nos lembrar a leva de restauros dos monumentos, obrigatoriamente ‘criativos’, que Salazar implementou nos anos 40. E restauro é uma palavra prudente, alguns foram erguidos do chão.
Mas encontramos também diferentes estilos nas mesmas construções, que se arrastaram como obras de santa Engrácia: a catedral do castelo (de S. Vito, S. Venceslau e St. Adalberto) foi lançada em 1344 e só ficou pronta em 1929, possibilitando-nos ver vitrais arte nova numa igreja gótica.
Vá lá, tirando alguns prédios bem dissimulados, os comunistas não plantaram na Praga antiga os típicos blocos espartanos ao estilo modernista soviete. E a maior estátua de Estaline do mundo, com 14.000 toneladas, foi arrasada há muito.
O museu do castelo constitui um problema: mostra roupas (a maioria cópia, os originais estão guardados), sapatos, jóias, moedas, cartas de outorga, espadas e selos reais com 600-900 anos, o que obriga a uma visita atenta, mas há pessoas, e não vou citar nomes, com menos paciência porque, dizem, não gostam de ver cacos.
Finalmente, a quem quiser visitar Praga enquanto não tiver euros, cuidado com os cambistas: confirmem primeiro o câmbio, ou trocam o vosso dinheiro pelo limite mínimo – e depois, subitamente, eles deixam de perceber inglês.
P.S.: tirando o mural de John Lennon, vimos apenas uma parede ‘espichada’. Em português.
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