"Para certos republicanos a República tem sido um pé de cabra com que vêem aumentando os seus haveres." Senador João de Freitas, histórico republicano, in Boletim parlamentar do Senado, 11-06-1913
...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".
terça-feira, 5 de abril de 2011
QUASE LIXO, FITCH DIXIT
MOODY: adj. instável, mal-humorado, temperamental
POOR: adj. pobre, coitado, mau, desafortunado, miserável
Mera coincidência, os nomes de 2 das 3 agências de rating têm tradução. Reveladora: uma pessoa temperamental que pode fazer uma pessoa pobre. Apenas porque diz que é miserável.
As 3 agências tomam decisões como César na arena: basta virar o polegar para baixo, que há consequências nefastas para o sentenciado. E a descida abrupta da República em 5 níveis no rating da Fitch, a um degrau da classificação LIXO, é apenas mais uma machadada de milhões de euros em juros.
Mas que credibilidade têm esses senhores?
Para os próprios, muita: na Moodys, a administração foi aumentada em 2010, cerca de 60% (o bolo salarial já é o dobro de 2005), num ano em que o lucro desceu 10%. Porquê? O presidente recebeu 10 milhões de dólares em 2010, porque, nas palavras do relatório da empresa, "ajudou a restaurar a confiança dos ratings" da mesma.
Não é isso que pensa a Comissão do Congresso americano, encarregue de investigar as resposabilidades da crise financeira de 2008: "Concluimos que as falhas das agências de notação foram engrenagens fundamentais na máquina de destruição financeira. As 3 agências (Fitch, Standard & Poors e Moody's) foram ferramentas-chave do caos financeiro. Os produtos relacionados com hipotecas não se teriam comercializado e vendido sem o seu selo de aprovação." Afirmou ainda que, em 2006, a Moody's passou a ser uma fábrica de AAA, a notação mais alta - e 83% dos produtos que receberam essa nota acabaram como lixo.
Resultado, os culpados ao fim de 3 anos de crise (filha da "ganância" e da falta de "ética moral e profissional", como rotulou Bento 16) ainda estão mais ricos, e exigem a austeridade alheia de forma inimputável. Mais poderosos que nunca, o que dizem é lei escrita na pedra, enfim, um mandamento.
A propósito, o repúdio das agências nada tem a ver com ideologia, mas com pudor e probidade.
Analogia: por cá, João Rendeiro recebeu 3 milhões de euros no ano em que o BPP faliu, e é agora consultor financeiro.
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