Chama-se Liu Xiaobo e devia ter ido hoje a Oslo receber o Nobel da Paz. Não foi porque está preso por actividades subversivas (crime: assinar um manifesto reclamando a democracia; pena: 11 anos), a mulher está em prisão domiciliária desde o anúncio do prémio. Daí as cadeiras vazias no palco e uma cerimónia reduzida a um austero discurso, uma leitura do homenageado e uma salva de palmas por uma plateia trajada de gala e presidida pelos reis da Noruega.
Uma pateada à China, um regime securitário onde, por azar, vive amordaçado um em cada 5 terráquios - uma boa talhada dos talvez 3 biliões que vivem em países sub-livres.
Uma vaia aos 18 países que, pressionados por carta pela China, sob pena de haver "consequências", boicotaram a cerimónia - Rússia (apenas por falta de agenda, afiançaram...), Cazaquistão, Colômbia, Tunísia, Arábia Saudita, Paquistão, Sérvia, Iraque, Irão, Vietname, Afeganistão, Venezuela, Filipinas, Egipto, Sudão, Ucrânia, Cuba e Marrocos.
São uns belos exemplos de países que a China arregimentou para provar que o prémio não representa o desejo da "maioria dos povos do mundo". Ah, e como escreveu Hillary Clinton (num dos papeis delatados pela voyerista Wikileaks), "Como é que que se consegue falar duro com o nosso banqueiro?".
Uma vênia à Noruega, que viu suspensas as negociações comerciais com a China. Só num país com eles no sítio, perdoe-se-me a grosseria, os reis, o governo e o parlamento dão a cara numa cerimónia destas. Aliás, viu-se como cá, há 15 dias, Cavaco e Sócrates estenderam o tapete vermelho a Hu Jintao, à espera de patacas. Com manifestantes suficientemente afastados.
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