Jornalista do El Pais conheceu uma britânica, assídua d'A brasileira do Chiado, que lhe contou ter casado em 1917 com um topógrafo do Porto.
Enquanto o marido efectuava o seu primeiro trabalho na Cova de Iria, Mary – recém-casada, ruiva e vestida de branco até aos pés (tal e qual a Virgem de Murillo existente na igreja de Fátima), com um xaile azul – foi apanhada descalça pela tempestade e subiu a uma árvore (como se sabe, o local mais seguro!!!).
Depois o sol apareceu e um raio iluminou-lhe a face, quando ouviu umas cabras e apareceram 3 pastorinhos, que logo se retiraram. Era 13 de Maio.
A anciã não explicou as outras "aparições", o rodopio do sol e os 3 segredos.
Crianças criativas…
"Para certos republicanos a República tem sido um pé de cabra com que vêem aumentando os seus haveres." Senador João de Freitas, histórico republicano, in Boletim parlamentar do Senado, 11-06-1913
...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".
sábado, 31 de julho de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
SERÁ FADO?
Situemo-nos, Portugal século XIX.
Solo de má qualidade, clima seco, falta de matéria-prima combustível (no caso, carvão), população pouco qualificada, aumentos de produtividade modestos (38% relativamente à fiação de algodão em Inglaterra, por exemplo), salários baixos mas custo unitário de mão-de-obra alto, crescimento anual da despesa do Estado acima da subida das receitas e quase o dobro da taxa de crescimento económico, explosão da dívida pública (de 80000 para 600000 contos, entre 1850 e 1890 – correspondendo a 70% do PIB –, bastando os juros para consumir 60% da receita pública), importações sempre acima das exportações, crescimento do PNB sim, mas a afastar-se da média europeia.
“Cada vez que más colheitas obrigavam a mais importações, as remessas dos emigrantes (brasileiros) diminuíam ou o acesso ao crédito externo se tornava mais difícil, devido a crises financeiras internacionais, havia aflição em Lisboa”.
Lembra-vos alguma coisa? Pois.
Havia contudo umas diferenças de pormenor: a carga fiscal podia subir, pois representava apenas 4.4% do PIB, havia taxas alfandegárias para aumentar e o poder de desvalorizar a moeda ou imprimir dinheiro. E esses expedientes a gente já não tem.
Uma chatice.
* Muito antes do país do betão do Cavaco, houve o Portugal do macadame de Fontes Pereira de Melo, que rasgou vias férreas (Porto-Lisboa passou de 7 dias de diligência para 8 horas de comboio), pontes, túneis e estradas pelo país. Disse o Estadista “Tudo stá contente. O povo está feliz, quer estradas e nada mais”...
PRÉ-REFORMA
No census de 1911, foi identificada a pessoa mais velha do país, uma “fêmea (!!!) viúva, com 120 anos, que desfrutou regular saúde, porém, impossibilitada de trabalhar, por cegueira, HÁ DOIS ANOS”.
Curiosamente, por essa altura, os republicanos de esquerda repudiavam a nova ideia do Estado providência, chegando a apelidá-la, no Jornal A Luta, de “ideia reaccionária”.
Décadas mais tarde, o Estado Social permitia que as pessoas, com uma esperança média de vida a aumentar, se reformassem aos 50 anos.
Mas isso acabou. Primeiro, muitas pessoas com 40 e tal anos são considerados “velhos” em candidaturas para empregos. E agora vai aumentando a idade elegível para a reforma - não tarda, ainda vamos ter que trabalhar até ao fim da vida… ou enquanto não vier a cegueira.
sábado, 3 de julho de 2010
BOA GOVERNANÇA
Compreendo que seja necessário apertar o cinto. Pois não é verdade que Portugal vive acima das suas possibilidades?
Pegue-se no Sol de ontem e veja-se como o dinheiro é bem gerido.
1. Armando Vara demite-se (não foi demitido) do BCP, porque o processo judicial em que está envolvido nunca mais desanda. Mas sai com os salários até ao fim do seu contrato (Dezembro), 250 mil euros, sabe-se lá porquê.
2. Os deputados insulares têm direito ao pagamento de deslocações semanais às ilhas, em classe executiva, num valor que oscila entre 636 e 808€. Mas não precisam apresentar nenhum comprovativo, até podem ficar por Lisboa. É que também recebem ajudas de custo diárias, pois estão longe de casa.
3. O relatório anual de combate à fraude e evasão fiscal e a Conta Geral do estado de 2009 traz conclusões animadoras: 306 fundações receberam subsídios de 167 milhões de euros, mas não é assegurada a prestação de contas sobre o destino do dinheiro; em 17% dos organismos públicos auditados houve ajustes directos sem fundamento legal, e em 30% foram pagas ajudas de custo suplementares não conformes ou justificadas; os administradores da parque Expo recebem há 10 anos uma gratificação mensal ilegítima e regalias indevidas;o Estado deixou prescrever 573 milhões de euros de dívidas fiscais.
4. As piscinas municipais (de luxo) de Campo Maior estão fechadas, porque a câmara não tem como pagar os custos de manutenção (12 milhões de euros até 2025), mas mesmo que queira cessar o contrato, tem que pagar a totalidade das rendas. Ah, só houve um concorrente, o concurso não foi publicitado, não houve visto prévio, o terreno público foi cedido durante 20 anos por 175m€, sem que o valor fosse fundamentado, a obra demorou mais 2 anos que o contratado. O ex-presidente da câmara fez um contrato leonino... para a construtora privada.
5. o Tribunal de contas vetou, em 2009, 57 actos ou contratos no valor de 3.400 milhões de euros, 32% das despesas submetidas a visto. Foram analisados 2386 processos, no valor de 10.800 M€, i.e., foram vetados (as) grandes empreitadas.
6. O ministério da Justiça fez novas contas relativamente à construção de 10 prisões e remodelação de 3. Afinal não vai custar 450, mas 760 milhões de euros. No mínimo, não se despede quem fez a conta de mercearia errada?
Sim, pelo menos alguns portugueses vivem acima das possibilidades.
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