"Para certos republicanos a República tem sido um pé de cabra com que vêem aumentando os seus haveres." Senador João de Freitas, histórico republicano, in Boletim parlamentar do Senado, 11-06-1913
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
vinte cinco barra onze
Nuno V. Leal
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
PRETO E BRANCO
"O mundo moderno está dividido entre conservadores e progressistas. O negócio dos progressistas é insistir em cometer erros, o negócio dos conservadores é evitar que os erros sejam corrigidos." G. K. Chesterton
O MANIQUEÍSMO é a doutrina religiosa pregada por Maniqueu (ou Menes, ou Mani) na Pérsia, no séc. III. É uma filosofia dualística que divide o mundo entre bem, ou Deus, e mal, ou o Diabo. Advoga a fusão entre espírito (intrinsecamente bom) e matéria (intrinsecamente má). Originalmente, trazia uma mensagem de tolerância e conciliação.
Hoje, o maniqueísmo significa uma divisão entre dois campos, opostos e exclusivos - o do bem e o do mal –, uma visão redutora e protofanática: parafraseando, é o Narciso que acha feio o que não é espelho.
O maniqueísmo vê um mundo bipolar. Quer a direita católica americana, quer a esquerda caseira fazem uma divisão infantil do mundo e das pessoas, atirando para a outra banda todos que tiverem outra escala de valores morais. Não só vêem o mundo a preto-e-branco como, em qualquer posição que tomem, estão arrogante e absolutamente certos de detêm a razão: a esquerda defende a liberdade, os oprimidos e os pobres, a direita os opressores e os ricos (li há dias num blogue “qualquer ditadura é de Direita, a do Pinochet, a do Fidel, a do Kim Il Sung…” e ouvi só meio a brincar, “no CDS não há pessoas boas”, pois).
Infelizmente, não há um risco entre o bem e o mal, o mundo é mais complicado. Não é a preto-e-branco, tem muitos cinzentos.
O mais curioso é que, sendo a esquerda que enche a boca com a palavra tolerância, tenha tão pouco respeito pela opinião diversa, ou de quem não assina logo por baixo.
E então quando precedido de “isso nem parece duma pessoa de bem”…
terça-feira, 17 de novembro de 2009
+ opinião
A questão da igualdade perante a lei parece já não ser questionada, ah e tal, podia-se chamar nhac em vez de casamento, dizem alguns, mas a verdade é que parece que desta vez a igualdade perante a lei e a separação entre césar e deus está quase a chegar. Os argumentos contra já só passam pelo nome jurídico do contrato... aconselho a pesquisarem os argumentos esgrimidos aquando do passo que se deu ao permitir casamentos apenas no civil. É que no virar do século XIX para o XX os argumentos foram os mesmos... a malta até aceita um casamento sem padre, mas chamem-lhe outra coisa, ok?.
Levanta-se agora a questão que ainda não o é, pois o PS é pela igualdade mas, todos somos azuis, mas há uns mais azuis que outros, pelo que descansem as alminhas de deus, que virá uma cláusula a proibir a adopção.
A questão é pois a adopção e sobre ela tenho a seguinte opinião:
Estamos a falar de crianças institucionalizadas, sem pai nem mãe (ambos têm 3 letrinhas apenas). Acaso alguém pode dizer que são educadas mais equilibradamente num orfanato que com apenas uma mãe, apenas um pai, dois pais ou duas mães? É que sobre a questão das referências é falada como se os seres humanos fossem uma ilha, sem familia, relações sociais, como se vivessem isolados do mundo e que a familia nuclear fosse a única referência no crescimento de uma criança.
A criança vai sentir-se diferente das outras e isso vai afectá-la para sempre, ou será gay ou traumatizada! Eis o regresso do velho argumento que já conhecemos e que foi usado no passado contra os pais divorciados, contra os casamento interraciais e contra as mães solteiras. Neste argumento trata-se de descriminar para salvar da discriminação... como sabemos, os filhos de divorciados, solteiras e pais de étnias diferentes são ou gente sem sentido de familia, ou traumatizados ou vítimas destes progressismos que ninguém sabe onde vai parar.
Por mim, reforço que somos todos iguais perante a lei e que não existe nenhum estudo que diga que uma criança é mais feliz e mais equilibrada numa instituição que com um pai, uma mãe ou um casal que a ame, proteja e prepare para a vida.
Pedro Mendonça
OPINIÃO
Fátima, era um assunto que já se estava à espera.
Pois bem, eu tenho a dizer:
No meu segundo post, sobre a tourada, escrevi que poucos assuntos me levam a tomar uma posição apaixonada ou “bélica”. O casamento gay não é um deles, EU NÃO QUERO SABER, façam o que entenderem.
Eu não lhe chamava casamento – igual o que é igual, diferente o que é diferente -, mas não insisto muito, tudo bem por mim. Devo afirmar que não tenho nada a dizer sobre a homossexualidade, não é doença nem peçonha.
Quanto à adopção, tenho alguma dúvida, apenas no que diz respeito às crianças. Se há tantos que não saem do armário, por opção própria, vão levar as crianças a sair do aparador, numa sociedade fechada? E acho pessoalmente que uma mãe faz sempre falta, "com 3 letrinhas apenas se escreve a palavra, que é das mais pequenas, a melhor qu eo mundo tem", era a lengalenga. Pelo outro lado, é preferível isso a fazê-las crescer num lar público, ou deixá-las num lar disfuncional, dizem com razão os progressistas.
Mas não posso acabar sem uma grande provocação aos caros combatentes, desculpem.
Levemos à frente o raciocínio e quebremos todas as convenções: quaisquer 2 pessoas, adultas, de forma consciente e voluntária, podem casar. Concordam?
Então, porque é que um pai não pode casar com uma filha adulta, se ambos quiserem de plena vontade? Ou irmãos, como os faraós? Mãe e filha? E um homem e três mulheres, se todos estiverem de acordo?
Digam lá porque não - qual é o argumento (e não venham com a genética)? É com eles.
É um problema, quem decide e qual o limite, porque inevitavelmente há um.
Adenda: Johanna Siguidardottir é primeira-ministra da Islândia, por acaso lésbica. A parada gay de 2008 juntou 70.000 pessoas, 23% do país, e transformou-se numa festa das famílias.
Lá, este assunto já não é assunto, porque há anos muitas pessoas deram a cara e a situação tornou-se natural.
domingo, 15 de novembro de 2009
DEJA VU
63.7% de Taxa de cobertura das importações pelas exportações (défice anual de 9.2% do PIB),
Défice público acima dos 8% no triénio 2009-2001.
Previsão para 2011: dívida pública a crescer até 91% (14% em 1974, 58% em 85, 50% em 2000, 64% em 2008), défice externo acima dos 10% do PIB, endividamento externo de 120% do PIB (97% em 2008, o maior da UE27).
A cada hora, mais pobres e endividados. ALEGREMENTE, A CAMINHO DA FALÊNCIA.
Bem, nem todos: em 2008, Fernando Gomes ganhou 4.000.000€ na GALP (mais 90000€ de PPR); Silva Lopes, aquele que propõe congelamento de salários, tem reforma de governador do Banco de Portugal, saiu do Montepio com 400.000€ de indemnização e é agora administrador da EDP renováveis. De ramo em ramo...
Escrevi aqui que, dos 17 PM da N. democracia, este é o que tem o curriculum mais nebuloso. Foi o Sócrates-Independente, o Sócrates-mamarrachos, o Sócrates-TVI, o Sócrates-Freeport, agora é o Sócrates-escutas. Um jornal já chegou ao ponto de escrever na 1ª página “Sócrates mentiu” - um patamar acima do usual e prudente faltou-à-verdade-que ou da é-uma-inverdade. Esta legislatura promete…
Um Juiz determina escutas ao telefone de Vara e apanha conversas com o PM, que justificam o envio de 11 certidões para a PGR, por indícios de “atentado contra o Estado de Direiro” por Sócrates, punível até 8 anos de prisão. O STJ já mandou destruir as primeiras 6 escutas, para cumprir a lei que impede escutas do PM (mesmo sendo outro o alvo da escuta, perguntam muitos?). Paradoxo, o Estado de Direito protege quem atenta contra o próprio.
As mesmas garantias do cidadão (compreensíveis no rescaldo duma ditadura, mas que levam à prescrição de processos…) impedem o PS de aceitar a CRIMINALIZAÇÃO DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, para não inverter o ónus da prova e manter o princípio constitucional de presunção de inocência - esses senhores “tudo fará para que o Estado democrático vigore em Portugal”. Dixit.
Ah, a administração do BCP decidiu manter o salário do auto-suspenso Vara, enquanto não esclarecer o seu envolvimento no processo de corrupção sucatagate.
A presidente da única câmara do BE era arguida relativamente a funções camarárias. Agora é o vereador de Olhão do BE, envolvido em queixas-crime, transacção de terrenos alheios, dívidas ao fisco, falsificação de cheques, burla. Assim de cabeça, o moralista e justiceiro BE talvez seja o partido com maior proporção de edis a contas com a justiça.
A IGAI tem 7 carros, mas só 4 estão ao serviço dos inspectores, para efectuar diligências em todo o país, os outros 3 estão afectos ao trio dirigente.
SERÁ KARMA? Vá lá, não esperem muito de um país que começou com um gajo que batia na mãe, ainda por cima bastarda.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
A POSTERIDADE E O ANONIMATO
Pois tenho em casa uma série de fotografias de antepassados a que nem consigo atribuir um nome (para evitar outras “mortes”, cravei a minha irmã para saber os nomes das pessoas emolduradas na casa da minha tia-avó e escrevê-los no verso, antes da última fonte da informação desaparecer).
Daqui a 100 anos, é possível que ninguém saiba que existimos (tirando uns trinetos, que guardarão alguma lembrança nossa) ou quem fomos, o que fizemos, rimos e chorámos. Talvez fique um nome e 2 datas - quem sabe o nome próprio dum dos 32 tetravós?, digam lá.
Soube hoje (eis a razão do post) que Mozart vendeu as suas obras para pagar os remédios da sua mãe, e foi enterrado numa vala comum para indigentes (conta a lenda que a mulher descobriu a vala porque o cão de Mozart morreu congelado sobre a campa).
Muitas personagens célebres tiveram vidas miseráveis. Camões e Pessoa passaram as passas do Algarve, e acho que não trocava o sucesso pela cegueira ou até pela surdez de Beethoven.
Valerá a pena haver posteridade, pagando na hora, com uma vida f…anhosa?, pensei. Cá p’a mim, "vai-se a ver" e se calhar é melhor uma vida anónima, mas satisfeita.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
O fim do Muro de Berlim representou simbolicamente o fim da Guerra Fria. Com a derrota das cruéis ditaduras comunistas através também das revoluções de rua os cidadãos de Leste enterraram regimes que não quiseram um socialismo livre, com liberdade além de igualdade, com representatividade, respeito pelas minorias, pelo direito à greve, ao sindicalismo, à liberdade de expressão e obviamente ao multipartidarismo. Com o fim do Muro, parecíamos assistir também ao "fim da história" onde o capitalismo liberal vencia e arrastava consigo a democracia parlamentar para o bem de todos, esta recente crise do capital prova que não é bem assim...
Há vinte anos foi o começo de um mundo novo. É possível ser comunista depois da queda do muro? Sim, claro que sim, se um comunista considerar a sua ideologia como uma religião dogmática, afinal séculos depois da Inquisição ainda existe Igreja católica.
É possível ser capitalista depois da crise sistémica actual? Sim, claro que sim, não só pela razão do comunista continuar comunista, como pela razão de o capitalismo ser mais mutável, adaptável a novas realidades, mas a questão não deveria ser mitigar os problemas destes sistemas que controlaram o século XX, deveria ser o bem geral, sem proteger os dogmas que o afectam.
Considero que a queda do muro da vergonha, representa um oportunidade para o Socialismo e não mais o Comunismo se apresentar como contraponto ao Capitalismo. Só em Liberdade com Igualdade, só respeitando as diferenças e os direitos humanos se pode tentar transformar a sociedade e não administrar uns analgésicos às dores que o capitalismo e o Comunismo provocam ou provocaram nas sociedades.
Do lado da Esquerda não soviética e anti-estalinista, há uma mudança que se vai construindo em Portugal com o BE, em França com a Liga anti-capitalista, na Alemanha com o Die Linke, na Grécia e em vários países de Leste da Europa... e do lado da Direita há algo novo ou continuam a dar-nos os valores católico com uma mão e os cifrões da bolsa com a outra?
Ontem festejei o fim daquela aberração histórica, festejei porque sou de Esquerda e para mim nada se constrói contra a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade.
Pedro Mendonça
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
O POVO SOMOS NÓS
* Uma deputada nova do PCP respondeu, em entrevista, nunca ter ouvido falar em GULAG... sinto-me bem representado, e vocês?
domingo, 8 de novembro de 2009
A SEMANADA
Vítor bento prevê que seremos os Trás-os-Montes da Europa e que "gastámos a herança, tudo o que produzimos e ainda retirámos um ano de rendimentos ao nosso filho"…
El matador Medina Carreira dixit: cepa torta; o lodo em que estamos metidos, gente incapaz de tomar conta disto, o ensino é uma farsa e os programas são feitos por semianalfabetos, o país não pode ser dirigido por trafulhas, fraude, isto é um enjoo, há verdadeiros criminosos à solta, os políticos usam ao país como manjedoura, transformou-se o 25/4 nesta piolheira política; quando o Sócrates aparece na TV, mudo de canal, para espectáculo, vou ao circo.
As previsões para 2011 são boas… défice orçamental de 8.7% (2.7% em 2008), o pior nos últimos 24 anos, dívida pública de 91% do PIB (66% em 2008). Para o abismo, marchar, marchar.
Paulo Bento, um dia depois de afirmar que tem resistência para suportar a crítica dos sócios, bate com a porta, dizendo que devia ter saído há 4 meses. Concordo. Antes do jogo com o qualquer-coisa-pils, cheguei a torcer para que o Sporting perdesse, para forçar o homem a sair. Estávamos fartos da “tranquilidade”, que quer dizer continuar a perder serenamente.
Nunca mais esqueci o nome, desde que era deputado nos anos 90: Chocolate Contradanças. Está envolvido na operação “face oculta” (eu chamava-lhe operação vara, versão zootécnica), suspeito de tráfico de influências em prol do homem do lixo, um tal Godinho. O engraçado é que, à volta dos políticos que dão a cara e são escrutinados, há centenas de gajos da tribo infiltrados nas EP e centros de decisão, um meio opaco com mais poder que a face visível do Estado, que se conhecem todos e dão uma ajudinha, pois uma mão lava a outra. Muitos deles já foram deputados, como é o caso, e receberam subsídio de reintegração, pois os coitados saem do hemiciclo com uma mão à frente e outra atrás. Por vezes, a mão da frente está estendida.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
ANGÚSTIAS
Sempre sofri de grande ansiedade pré-natal.
Em miúdo, era a expectativa durante semanas, em contagem decrescente para o melhor dia do ano, como um ladrão que risca a parede à espera do fim da pena.
Era a espera à janela da casa dos meus avós, ou o medo de me cruzar com o Pai Natal numa das esquinas dos seus 40 metros de corredor. Era palpar os embrulhos e tentar adivinhar o conteúdo, ou tentar espreitar à socapa sem rasgar o papel.
Curiosamente, as únicas prendas que me lembro são um fato de cowboy amarelo, aos 6 anos, e o Natal de 87, em que recebi um pullover Paul&Shark verde que ainda está como novo e um casaco à clown, que se usava na altura (anos mais tarde, partiram-me o vidro do carro no Porto para roubarem 2 casacos de ganga, mas deixaram esse - ainda me chamaram piroso!).
A última é pièce de résistance: em 92, namorados de fresco, dei à Susana 5 ou 6 prendas, ganhei em troca uma pistolinha isqueiro... Como lembrança, foi uma prenda bem sucedida.
Agora o Natal é a repetição, a cada 12 meses, duma correria em contra-relógio, numa mole de pessoas agitadas, a picar a lista de 33 pessoas a presentear (impressa a do ano anterior, com uma ou outra alteração), tentando encontrar um objecto que agrade minimamente ao destinatário. Confessem, a obrigação do ritual retira qualquer espírito fraterno ao gesto de oferecer algo de especial, pessoal e intransmissível. Balelas, é como ir ao supermercado, com um corredor bom para encher parte do carrinho (livros na FNAC).
Bem, recuso por agora pensar na despesa que será mais uma vez.
Mas o Natal é também sinónimo de falta de espaço, com as pilhas de brinquedos que terei que arrumar no quarto dos miúdos, sem que os mais antigos desapareçam.
A foto mostra um brinquedo de 1930 do meu tio-avô, um bocado de folha-de-flandres laranja, amolgada na forma dum chassis dum carro, com buracos no lugar dos vidros. Para chegar à minha mão, devia ser especial. Ainda que fosse normal, não tem nada a haver com os jipes telecomandados de hoje.
Mesmo há 30 anos, um forte de madeira do farwest, ou um jogo informático muito básico com um ponto branco e duas barras laterais (ténis pré-histórico, lembram-se?) era para uns poucos afortunados; agora, NÃO ter uma Playstation é quase violência doméstica, pois todas as crianças têm que ter o mesmo que os amigos, sob pena de desarranjo emocional.
Consequência, agora qualquer quarto de criança está pejado de plástico e pelúcia coloridos. Metros e metros cúbicos - e os miúdos ainda têm a lata de dizer “não sei a que hei-de brincar…” Que tal uma bola feita de meias ou umas tábuas e uns rolamentos, para montarem um carrinho?
A todos, feliz temporada.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
É SEMPRE A FAVOR DA BANCA
Numa altura longínqua em que poupava de forma sincopada, o BCP ofereceu-me uma proposta fantástica: 6 meses de taxa 2x acima do mercado, e 5 anos com a guita aplicada na bolsa, sem limite de descida, mas limite de subida de 4%. Conclusão, com as oscilações, houve um rendimento final de 24%, a banca ficou com 20% e eu com o resto, abaixo da inflação.
O BPI mandou-me ontem pela 2ª vez uma proposta para eu aplicar parte do meu porquinho em 5 lotes de acções de empresas energéticas durante 4 anos. Em cada ano, ganho se todas subirem (1% no 1º ano, 2% no 2º, 3% no 3º e 4% no último), basta uma não subir e não recebo nada.
A minha filha tem 8 anos e não percebeu as contas: 1000€ em cada lote, se 4 subirem 20% e 1 descer 1€, a banca ganha 799€ e o dono do dinheiro fica em branco.
Hum, acho que vou repetir a resposta que dei pessoalmente à senhora que me atendeu na primeira tentativa, é uma proposta indecente. Avisem se houver algo menos desigual, ou mais subtil, eu espero.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
1/2. A MINHA AVÓ RECICLAVA
É por isso que a poupança dos portugueses definhou em 30 anos com a mesma rapidez com que o crédito bancário se multiplicou: na altura, o povo era FRUGAL, gastava os escudos no que precisava, e por vezes tinha uns pequenos luxos, agora gastamos os euros em coisas menos básicas, nem que se peça emprestado. Bem, mesmo dentro das nossa posses, não haja dúvidas que agora qualquer um de nós vive muito melhor que a própria Rainha Vitória.
E para ter um equipamento novo, há que dar destino ao anterior. Nos EUA são “trocados” anualmente 150 milhões de PC e um valor parecido de telemóveis - parte dos quais é reciclado em fundições medievais na China, por cidadãos que preferem um cancro, se for pago a um dólar/dia.
Pois a minha avó reciclava e não sabia o que era uma pegada ecológica: as meias rotas eram serzidas, as compras eram carregadas num carrinho de lona axadrezada e as batatas vinham para casa em sacos de nylon entrançado; as máquinas eram consertadas, pois a reparação era muito mais barata que um aparelho novo; os sacos de pão e as fraldas eram de pano, os iogurtes e o leite vendiam-se todos em frascos de vidro e as caixas de lápis eram de madeira com tampa corredia… mas o meu símbolo preferido da reciclagem é a AÇORDA, que não se fazia só por gastronomia.
Agora é tudo descartável, e de plástico, curiosamente um material que a Terra não consegue descartar (conceda-se, como a globalização, o plástico é também responsável pelo baixo custo dos produtos).
2/2. A ÚLTIMA SINFONIA
A terra tem 4000 milhões de anos (um longo adágio), o homem apareceu há 180 mil anos (andante), há 9 mil anos assentou e dedicou-se à agricultura (e à domesticação de outras espécies), a primeira cidade apareceu há 6 mil anos (allegro).
A população triplicou nos últimos 60 anos, a globalização cresceu 20 vezes nos últimos 50, e atingimos excedentes agrícolas: a comida deita-se fora, para cumprir quotas (assegurando o preço) e agora até serve para combustível. E a água, é sorvida na exploração agropecuária moderna: 4 litros para 1 quilo de batatas, 100 para 1 quilo de arroz, 13000 para 1 quilo de carne. Um pneu resulta de 83 litros de petróleo, por cada barril de petróleo encontrado, gastam-se 3 (maior consumidor, forças armadas americanas…). E há minérios que, estima-se, desaparecerão em 20 anos, à pala da China.
Chegámos, numa geração, a um tempo de ABUNDÂNCIA E VORACIDADE (prestissimo).
Claro que esta conversa se aplica apenas a parte do mundo, a maior parte da população nunca cheirou a abundância: apenas 3 em cada 100 agricultores já usaram um tractor, e só 2/10 das pessoas detêm 8/10 da riqueza mundial.
Assim escreveu Edward Docx, metade do mundo está a gritar por água e liberdade, enquanto a outra metade está a pedir cocktails e a reclamar do serviço.
domingo, 1 de novembro de 2009
FESTUM OMNIUM SANCTORUM
O dia de todos os santos serve para celebrar todos os santos e mártires da igreja, conhecidos e desconhecidos. O 1º dia de todos os santos apareceu no século IV, quando eram já tantos os mártires que não havia um dia do ano para cada um, e a data fixou-se no século VII.
Certo é que a feira do Cartaxo, com menos vigor de outrora, quando servia para o povo abastecer-se de roupa, utensílios e frutos secos, nada tem de religioso.
Para mim, era uma semana de carrinhos de choque, nos furos das aulas – e agora é um pequeno exercício de masoquismo, em prol da miudagem, cheio de encontrões, música aos berros e alguma lama.
Procurando informação sobre a Feira dos Santos, não só fiquei a saber que é herdeira duma feira de Agosto iniciada em 1654, que começou numa quinta afastada (Quinta do Moinho da Fonte) e passou para a cercania da novel praça de touros, mas que o centro do Cartaxo era um bosque dos frades mendicantes e o convento do Espírito Santo, fundado em 1525, transformou-se mais tarde na sede do município (com escola, tribunal e cadeia), a que ardeu em 1970 e existia no local da actual.