1. A Direita é intolerante e radical. Liberais e conservadores nada têm de extremo, e Khol e Churchill são referências nada radicais ou de intolerância; historicamente há várias direitas, umas mais retrógradas que outras, cujas ideias eu e muito boa gente não partilhamos. Mais, o liberalismo e a Democracia-cristã nunca desembocaram em ditadura, ao contrário do(s) comunismo(s). Vejamos o shaker BE: o maoísmo, o trotskismo e o comunismo são tudo coisas moderadas…
2. A Esquerda é multicultural e igualitária. Posso estar errado, mas só me lembro de deputados de origem hindu, africana e timorense no CDS e PSD (Narana, Amaral e Carrascalão), a Zézinha e a Manuela foram as únicas mulheres líderes parlamentares e candidatas a presidente dum partido (tirando a Carmelinda).
3. A Direita é preconceituosa. A Esquerda não só parece que tem o monopólio da igualdade e das preocupações sociais, como tem soberba moral; o Dr. Louçã, com o seu tom melífluo e moralista, parece ser o detentor da verdade. Não, todos os partidos procuram o bem geral, o caminho é que difere – haja espaço à sociedade civil, haja mercado livre, não em roda livre: o Estado deve ser pequeno, não curto; não há ricos a mais, há pobres a mais; o dinheiro não tem peçonha. E não tem a Esquerda os seus dogmas, os privados, a burguesia e o capital?
4. A Esquerda é (a vanguarda) progressista. O progresso na Europa não se conseguiu com a estatização da economia, deve-se aos partidos “burgueses”; o PCP votou contra todas as revisões da Constituição, porque ela ‘tava boa em 75, o programa BE combate a regressão da constituição; o PCP e o Bloco querem de novo a estatização dos sectores estratégicos (quando a UE quer acabar até com as golden-shares), o BE advoga um banco de terras gerido pelo estado (com terras públicas e privadas) e segurança pública de base comunitária (?), i.e., voltar 34 anos para trás. Era giro deixa-los governar uns 2 anos, não fosse isto deixar de ter conserto.
5. A Direita é neoliberal. Há um modelo social europeu com reformas, saúde e educação, criado a 2 mãos (conservadores e sociais-democratas) que ninguém põe em causa, e que nem PSD, nem CDS querem desmantelar. Todos aceitam a universalidade dos SNS e nenhum europeu, à esquerda ou à direita, compreende que alguém vá à falência porque adoeceu, como acontece nos EUA, onde se gasta 16% do PIB em saúde (o dobro dos países desenvolvidos, mas com piores resultados), os seguros de saúde subiram, em 10 anos, 3x mais que salários, e onde 45 milhões de pessoas não têm seguro de saúde nem são elegíveis nos sistemas Medicare e Madicaid.
Já agora, o liberalismo é de esquerda, histórica, doutrinal e politicamente. Tenham tento nos rótulos, neoliberal é o Bloco.
6. A Esquerda é anti-burguesa. O BE restaurou para sede um palacete na Rua da Palma, com tectos estucados, escadas de madeira e janelas de sacada, o Garcia Pereira (que se faz pagar muito bem para patrocinar trabalhadores… e o Governo da Madeira) tem um belo veleiro, e o latifundiário PCP tem uma quinta só para festas.
7. Portugal está ao centro. Não, o País está descaído para a esquerda, para o que também contribui a N. falta de empreendorismo. A esquerda é largamente maioritária, o partido alternante à direita chama-se social-democrata, o partido de direita é chamado de Centro e está no extremo da Assembleia - o que não é mau, porque o espaço à direita do CDS já me parece mal frequentado. Ao contrário, os socialistas governam ao centro e até têm menos pruridos em dar o braço aos “patrões”. Se o Durão tivesse feito metade que o Sócrates fez, seria chamado de fascista pela certa.
8. Há outra ainda com graça: a esquerda é popular, a direita populista.
Salvo melhor opinião, claro.