quarta-feira, 29 de junho de 2011

A MORDAÇA




O DRAMA DE UM PODE SER UMA TRAGÉDIA,
O DRAMA DE MILHÕES É UMA ESTATÍSTICA.

Orlando Figes já pos no prelo seis livros, todos sobre a Rússia. Um deles, há pouco publicado em Portugal, chama-se
Susurros - A Vida Privada na Rússia de Estaline.
Com esta obra, o historiador colige milhares de histórias pessoais, em primeira mão, recolhidas por uma equipa de investigadores, sobre o terror e as purgas estalinistas, e o medo que obrigava as pessoas a sussurrar e/ou a denunciar.
Em vez da estatística, tipo "O livro negro do comunismo" - 25 milhões objecto de repressão, 3 milhões de fuzilados, 4.6 a 8.5 milhões de mortos -, Figes mostra as tragédias individuais e dá nomes às vitimas: pessoas que esconderam (até reciprocamente) aos cônjuges o parentesco com "inimigos do povo", que perderam os pais nos gulags, que não falavam alto nem na solidão dos lares. Histórias de sobrevivência e, principalmente, sobre o Medo com letra grande, que ajoelhou 200 milhões de russos.
Medo duma palavra mal escolhida ou mal ouvida, medo dum bater à porta, medo do cunhado cobarde, do vizinho invejoso ou do colega despeitado, qualquer deles um possível delator - fosse o camponês mais modesto, fosse um alto membro do politburo, subitamente caído em desgraça.
Um misto de lotaria e dum jogo da cabra-cega.

Generoso, o historiador pôs à disposição na sua página (http://www.orlandofiges.com/) fotografias, algumas escondidas durante décadas em gavetas falsas ou debaixo do soalho, relatos e videos, organizados por protagonistas do livro.

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