terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PASSA AÍ A PIMENTA


'Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes (...) Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seria assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir (...) Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.'
Em O Arroz de Palma, de Francisco Azevedo

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

PARTIDA, LARGADA, FUGIDA!

Escola de Pais Natal, 1961, por Alfred Eisenstaedt

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

7 MIL MILHÕES DE OUTROS


A fundação EDP tem uma exposição sui generis chamada ‘7000 milhões de outros’, respostas sucintas de mais de 6000 pessoas, de 84 países, às mesmas 45 perguntas.
É engraçado como, do Montenegro ao Mali, do México ao Afeganistão, somos todos iguais (prova, a sucessão de gente que, em criança, gostava de ser piloto) e tão diferentes - à pergunta ‘O que é que o chateia?’, respostas à miss universo (ganância, estupidez, injustiça, fome, atirarem o lixo pela janela do carro) são mescladas com outras mais pessoais (a artrose, comer pouco e engordar, ter visto o pai a bater na mãe, ou uma viúva palestiniana a quem censuram sair à rua ou querer usar roupa menos ortodoxa).
Sobre as lembranças mais antigas, aparecem respostas giras: o aldeão maliano que se lembra duma praga de grilos que destruiu as sementeiras, sustento da família, o francês de Nantes, cuja irmã avisava da chegada dos aviões nazis antes das sirenes, ou o canadiano que dizia que o papá não era o senhor que chegara da guerra da coreia, esse tinha o cabelo branco e o papá da fotografia, que beijava todas as noites, não.  
Houve quem dissesse que era feliz porque tinha água, quem apresentasse uma solução genial – tenham menos problemas! -, quem quisesse comer até não poder mais, para nunca mais ter fome, e quem (a minha preferida) afirmasse que, se voltasse atrás, faria tudo igual, só que com outro marido.
Também há testemunhos nacionais: uma senhora, julgo que sobre imigração, disse ‘O nosso país está cheio de toda a gente’, uma frase involuntariamente maiúscula, outro assumiu que era calão, e por isso ria muito, porque rir envolve poucos músculos, e uma cara feia usa muitos mais.
Na secção ‘medos’, ao natural receio da solidão, apareceu uma sequência gira: um peruano disse ter medo que Deus não exista, o seguinte disse que o seu medo era que Deus exista…
Eu sou como o outro que quer uma barrigada, para não ter mais fome - o meu FDS lisboeta chegou para ver outras 2 exposições temporárias imperdíveis: Tesouros dos palácios reais espanhóis, na Gulbenkian (como uma abelhinha, andei a rondar uma guia da casa e o seu bocejante grupo; notas, os habsburgos e os bourbons eram feios com otudo, e o Escorial está cheios de tesouros lusos pilhados pelos filipes) e parte do espólio de Franco Ricci (no MNAA), um colecionador italiano que vai abrir o seu próprio museu em Parma, no próximo ano.
3 gostosas sugestões, digo eu.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

BENGALADAS

Soares até pode dizer que Sócrates foi um PM exemplar, protestar contra a austeridade (esquecendo os 'furos no cinto' do seu governo) e acusar o PM francês de querer deitar fora o socialismo (há 30 anos, dizia-se que ele tinha posto o socialismo na gaveta...).
Já parece um bocado trauliteiro dizer que o governante francês 'é uma besta' e que é quem 'atira mais às trombas' do governo português, que já disse ser ilegítimo e composto por idiotas, ignorantes e, alguns, delinquentes que devem ser julgados quando saírem. Pode não ser da idade (a hipótese mais benigna), mas a sua grosseria tem aumentado com ela.
Soares afirma na entrevista que é um 'cidadão especial', pelos cargos que desempenhou e pelas coisas que fez, mas, mesmo com o respeito que o senhor merece e o apreço pelo seu passado longínquo (nos idos de 1975), não é inimputável.
Para rematar, acho mal fazer de Calimero, mas há mesmo uma dualidade de critérios, fosse um gajo de direita a dizer metade dos dislates, e caia-lhe o mundo em cima - a talhe de foice, Daniel Oliveira é muito escrupuloso (e bem) a defender a presunção de inocência de Sócrates, mas já o ouvi a dizer graçolas sobre Dias Loureiro e os outros 'amigalhaços' do Cavaco, e esses também (ainda) não foram condenados...

Prova do seu destempero, entre alguns elogios, Soares comentou a morte de Eusébio dizendo que ele 'era um homem com pouca cultura, mas não se estava à espera que fosse um pensador' e que 'não sabia nada que ele estava doente, sabia que ele bebia muito whisky, todos os dias, de manhã e à tarde, isso eu sabia, mas julguei que isso não lhe fizesse assim mal'. I rest my case. 
 
 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

VERDADE VERDADINHA


'QUEM NÃO ESTÁ NA MESA, ESTÁ NO MENU.'

Alfredo Valladão, professor da Escola de Relações Internacionais de Paris, dissertava sobre os BRIC na 1ª Conferência de Lisboa (Fundação Gulbenkian, 3.12.2014), mas a sua frase é tão abrangente quanto intemporal.