sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

VAI-SE ANDANDO

 
A maioria das sondagens não surpreende, antes confirma o que já julgamos saber. A revista do Expresso de 9.11.2013 disseca um inquérito a mais de 1200 indígenas, realizado à volta duma questão, são os portugueses felizes? Dado inicial, Portugal está no 85º lugar, em 156 países, no ranking do último Relatório Mundial da Felicidade da ONU.   
Eis alguns resultados:
- 67,1% diz-se (muito)feliz e 6,7% (muito)infeliz - e, oh, o optimismo desce com a idade. 25,8% dos inquiridos respondeu assim-assim, a recordar o típico vai-se andando (por vezes substituído por um resignado nunca pior), que não é só um 'cumprimento de tarifa', serve para espantar a inveja e a má fortuna, ou ainda para evitar uma resposta demorada, que o interlocutor não pediu. A esse propósito, e da saudade, a revista recorre a Eduardo Lourenço, que disse ter a alma portuguesa uma 'melancolia feliz'.
- 34,3% afirma que os portugueses são (muito)felizes e 24,9% julga que são (muito)infelizes, i.e., os inquiridos julgam-se mais felizes que os outros.
- 43,8% acha que o dinheiro que possui não chega para ser feliz e 39,1% diz que bastaria ter mais dinheiro para ter a felicidade que deseja. Porém, o dinheiro (2,9%) é ultrapassado pela saúde (87,9%) e pelo amor (8,7%) como o factor mais importante para a felicidade da amostra.
- acerca da hipótese que os deixaria mais felizes, 33,9% os homens e 42,2% das mulheres escolheu ter filhos felizes e saudáveis, enquanto 17,8% dos homens e 9,3% das mulheres preferiu um emprego de que gostem e ganhem bem (saúde e um relacionamento feliz foram opções com resultados similares para ambos os sexos, com cerca de 33% e 12%)
- quanto à fase em que se é mais feliz, a opção maioritária das mulheres foi a infância (29%) e dos homens foi a etapa dos 20 anos (24,4%) - ramboia!
- 17,4% acha dá mais felicidade definir objectivos, 33,5% lutar por eles, 23,8% alcançá-los e 17,3% saboreá-los (a resposta certa...).
- sobre o que os deixa logo mais felizes e bem-dispostos, algumas das 17 preferências são estar com filhos e netos (63,7%), falar/estar com amigos (50,7%), fazer sexo (20%, um bissectriz entre 31,4% dos homens e 9,5% das mulheres), ver televisão (16,5%, iupi!), ir trabalhar (12,6%, sem nada melhor para fazer) ou estar sozinho (5,2% de anacoretas).
- 67,7% acham que ter filhos é condição sine qua non para se ser feliz, e 72,8% diz que os filhos nos fazem muito ou estupidamente felizes (desce de 80% no escalão 18-34 anos, para 62% depois dos 65 anos)
- Os problemas dos amigos afecta nada na felicidade pessoal de 8,9% dos inquiridos; os problemas dos familiares afecta nada a felicidade de 5,17% da amostra.
- 33,8% afirmou que o exercício físico regular os deixa (muito)felizes, mas os que ficam infelizes são 22,7%. À parte, 48,6% nunca praticou com regularidade.
- 6,4% acham a beleza muito importante para se ser feliz. Daaaaa.
- 4,8% dos homens e 13,9% das mulheres tomam regularmente ansiolíticos ou antidepressivos, mesmo que, dentro destes, 14,5% ache que fica na mesma e 2,9% pior.
Mais informação: metade do nível de felicidade é genética, 10% deve-se às circunstâncias e o resto a características como o autocontrolo; estudos recentes mostram que muito poucas experiências nos afectam positiva ou negativamente mais que 3 meses.
Como disse, quase tudo expectável, mesmo a quantidade de gente para quem o desporto não traz alegria (como eu os compreendo), a diferença entre marte e vénus, ou o valor atribuído ao dinheiro, mais ou menos revelado, conforme a questão é posta.
Agora, 1 em cada 20 tem a franqueza de admitir que os problemas da família não faz, sequer, uma comichão na sua felicidade... Deve haver muita partilhas mal resolvidas!  
 
 

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