quarta-feira, 17 de julho de 2013

ESTÁTUAS QUE FALAM

Fica em Stone Town, a parte velha de Zanzibar, na Tanzânia. Mais precisamente, onde em tempos (1811-73) houve um mercado de escravos, e logo depois foi erigida uma catedral anglicana (1873-77), como uma espécie de redenção - consta que o altar foi colocado onde havia o tronco onde o chicote provava a qualidade da 'fazenda'. O memorial em cimento, de 1998, é da artista sueca Clara Sornas.
É impossível ficar indiferente à cova com 5 pensativas estátuas - 4 resignadas e 1 orgulhosa -, mimetizando centenas de semblantes que ali passaram, assistindo às suas licitações. 
A mim provocou 2 sentimentos imediatos, um mais compreensível que o outro: empatia pelos negros escravizados e vergonha pelos brancos que os mercavam (na verdade, travava-se dum negócio multiétnico: a ilha de Zanzibar era parte do sultanato de Oman, líderes tribais do continente arranjavam a 'mercadoria', vendida por árabes a europeus, rumo a ilhas do Índico, arábia ou américa).
Dois pormenores, as águas das chuvas aumentam o impacto da obra (os 'modelos' também eram armazenados em celas que enchiam de água com as marés) e a corrente que agrilhoa as estátuas veio de Bagamoyo, o mais conhecido porto de escravos do continente.   
Mas, palavras para quê?
 
 





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