quarta-feira, 17 de outubro de 2012

UE FORA DE PRAZO

Ich bin ein athenischer

'Grécia permite venda de alimentos fora do prazo de validade mais baratos', titula o Jornal i de ontem.
Ao que isto chegou, numa Europa que proíbe colheres de pau.
Ao que os gregos chegaram... que triste sina ver-te assim, que sorte vil degradante... cantaria o Vasco.
Caso os outros países-membros da União europeia, repito União, aceitem isto impávidos, podem tocar os sinos: é oficial, a União morreu, R.I.P.
Na melhor das hipóteses, a Europa esfarelou, não passando dum alvo e frágil castelo com as claras a deslaçar.

E nós? Pelo caminho que isto leva, a expressão 'eu sou um eteniense' deixa de ser uma metáfora solidária. O que parece é que vai TODO o país num autocarro desgovernado pela ribanceira abaixo - lá em baixo, o Egeu! -, agarrado ao banco e a protestar (incluindo ministros), e os motoristas Passos/Gaspar aceleram, dizendo 'estejam quietos, o caminho é estreito'.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

LOGO, ESPIRAL RECESSIVA

Mais 4.322.000.000€ em impostos (irs 2810MM, irc 225MM, CGA 143MM,...) e menos 1.400.000.000€ em prestações sociais (salários 726MM, pensões 421MM,...). Insistem...
Lagarde diz que FMI se enganou (ups!) e que as coisas afinal estão a correr pior do que pensavam*, Pilatos Durão diz que a troika não tem nada a ver com as medidas de Passos. Mas insistem...
É difícil explicar ao meu gaiato de 8 anos o que o Gaspar está a fazer, ele perguntou-me se não é suposto o senhor perceber de economia: está na cara (como uma bofetada) o que é que está a acontecer. E está tão na cara, que nem dentro do governo estão convencidos, partiram pedra em reuniões de 20 horas.
Pois imaginem o reclame daquela seguradora, a do LOGO:
* por cada 1€ retirado pelo Estado (via receita ou despesa), o efeito
recessivo é de 0.9 a 1.7€ e não o (sub)estimado 0.5, porque o crescimento
é frouxo, os juros já não podem descer muito mais e os países estão
a ajustar ao mesmo tempo. (FMI) E não há moeda própria, já agora.

Enfim, em medicina chama-se a isto sobredose. A receita não está a funcionar mas, teimosos, insistem. Não é surpresa nenhuma, Ramalho Ortigão já o explicou n' As Farpas, em 1882.

p.s.: liberal, um governo que o que está a fazer é nacionalizar bancos (em necessidade), arrendar a casa aos donos (o IMI vai crescer 8 vezes desde 2003, é uma renda) e colectivizar a economia, apropriando-se vorazmente do dinheiro que circula. Mais Estado, pior Estado?

domingo, 14 de outubro de 2012

ÓDIO AOS COLONOS?




       PROVÍNCIA DO UÍGE, AOS 5 DE JULHO DE 1976

         Exmª Prezada Senhora:
        Saudações e votos que desejo a minha Senhora.
Esta carta quer que vá te encontrar de uma ampla saúde
juntamente a família de casa.
        Eu cá seu cozinheiro de nome Augusto Sertão
estou de saúde graças a Deus. Sobre a sua carta que me
envias-te recebí amávelmente a qual respondo-a, e re-
cebí a quantia de escudos que me envias-te a quantia de
150$00 (cento e cinquenta escudos) e a qual fiquei mui-
to grato.
        Enviu muitos cumprimentos a família de casa o
seu marido as crianças e os outros que te rodeiam em
comum.
        Termino aqui eu seu cozinheiro não tenho muito
que rogar somente saudações.

                 Subscreve o íntimo cozinheiro
             Augusto Sertão

                 2 abraços fortes que o enviu.
              
               Daqui é tudo     ( Chau chau chau )

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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A CURVA DE LAFFER POR VICTOR GASPAR

A Curva de Laffer é tão simples que Arthur Laffer a explicou no guardanapo dum restaurante, em 1974: com a subida dos impostos vai aumentando a receita, até um momento de equilíbrio ou saturação (variável com o país), e a partir a receita vai descendo, à conta da evasão fiscal ou porque não há estímulo a sobre-esforço.


O ministro das finanças, Victor Gaspar, ficou surpreso com a evolução da receita entre Janeiro e Julho de 2012: o IVA não subiu 10% como previsto no orçamento rectificativo (feito há meses), caiu 1.1%; o total dos impostos não subiu 2.8%, desceu 3.5%; o imposto sobre o tabaco não subiu 10%, desceu 12.7%.
Não satisfeito, subiu a parada e tirou do seu excel o maior aumento de impostos que há memória, a ver se é desta que a receita cresce.
Está explicado: o monetarista teórico, fanático por equações e modelos econométricos, faltou a essa aula ou tem o PC marado – eis a sua Curva de Laffer:

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

DOBRE A FINADOS?


Factos deste 5 de Outubro:
1. A bandeira foi hasteada 'de pernas para o ar', como o país - alguém brincalhão ou sinal do Olimpo? No código militar, a bandeira ao contrário indicava um território tomado pelo inimigo e um de pedido de socorro...
2. A vê-la subir estavam os presidentes da República, do parlamento e da câmara da capital. Talvez pela primeira vez, o primeiro-ministro não apareceu, fazia falta em Bratislava.
3. Também pela primeira vez em democracia, os discursos não foram públicos, mas reservados a convidados (no Pátio da Galé) - havia atiradores na cobertura dos edifícios e a polícia impediu as gentes de chegarem à praça do município.
4. Desde que lá chegou, Cavaco abria os jardins de Belém e recebia os indígenas neste feriado. Hoje não, por motivos económicos.
5. Foi a última vez que o dia da implantação da República é feriado.

Duarte de Bragança fala hoje ao país e é apresentado um manifesto da Causa Real. Os monárquicos acham que 'o país está à beira de um abismo' e que só 'a instituição real permite devolver o futuro aos portugueses'. Pois... é tudo uma questão de fé, como a crença do governo em que o bombardeamento fiscal dará frutos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

UM BURACO COLOSSAL


ISTO JÁ NÃO É UM PAÍS, É UM POÇO DA MORTE:
A FAMEL DIA PARA DIA A CARBURAR PIOR,
E O 'ARTISTA' (QUE APRENDEU MECÂNICA NOS MANUAIS)
A AFOGAR O INSACIÁVEL MOTOR EM GASOLINA,
QUE NÓS VAMOS PAGANDO.
E SEM PERCEBER QUE A MOTA VAI GRIPAR.

Hoje o ministro das Finanças Victor Gaspar defendeu no parlamento o enorme aumento fiscal (palavras suas) de ontem, uma espécie de PEC DLXIII, e teve a lata de dizer que '[com a gigantesca manifestação de 15/9] o povo português revelou-se o melhor do mundo e o melhor activo de Portugal'.
Fulano bem humorado (acreditemos não ser apenas magistralmente cínico), parece aqueles maridos que sovam as mais-que-tudo e depois lhes dizem 'tu és a melhor mulher do mundo'. Que estóicos que nós somos, hã?

O pior é que esta gente acredita mesmo que está a purificar a nação, como numa queimada ou numa sangria medicinal, de onde sairá milagrosamente um país novo, e acha que merecemos ser castigados pelo que 'esbanjámos'. O meu problema é que não acredito na providência, nem em pessoas providenciais - e o último que andou aí caiu de podre (da cadeira, a bem dizer, e sem nenhum empurrão).
Bem, acho que, à velocidade a que isto anda, não tarda o Passos Coelho tem o mesmo caminho, é despedido sumariamente por quebra de contrato e incumprimento de objectivos (do défice) - ele, que gosta tanto de gestão empresarial do povo, devia saber que é isso que acontece nas empresas.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CORRECTO OU CONVENIENTE?



  Por vezes, existe uma linha que separa 
  o que está certo do que é melhor para nós.
  A escolha correcta pode ser uma má escolha, pois
 A CONSCIÊNCIA NÃO TEM
 INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA.
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QUEBRA DE CONTRATO

 
 
 

O partido em que votei foi prudente na campanha eleitoral e ousou poucas promessas - proclamou desafios.
Mesmo com essa frugalidade, o partido em que eu votei:
1. Queria uma administração pública motivada e era a favor do mérito - disseram que a porta estava aberta a quem não estivesse bem, elegeram-na como a vanguarda da penalização salarial e agora são eliminadas normas sobre distinção por mérito na FP.
2. Afirmava-se o partido dos contribuintes, crítico da asfixia fiscal de Sócrates, esse xerife de Nottingham - e a emboscada fiscal nunca foi tão galopante.
3. Era a favor do 'visto familiar' em cada proposta legislativa - critério desaparecido em combate no último ano.
4. Estava contra a mudança da TSU - e só decidiu ser desleal com o seu parceiro, publicitando a sua discordância, depois da maior manifestação das últimas décadas.
5. Tinha reservas quanto à privatização das 2 RTP, da REN, da CGD e das águas - a REN já foi, as outras parecem ir a caminho.
6. Era a favor duma autoridade da concorrência que desmantelasse a cartelização do preço dos combustíveis - e os preçários nas auto-estradas continuam a parecer decalques.
7. Considerava a cultura uma prioridade, motor de crescimento e sector gerador de emprego ('sem cultura, o país é uma mero somatório de pessoas e terras' escrevia-se em 2009) - ...
8. Criticava a partidocracia na escolha de dirigentes 'cuja relação com o mérito ou a qualificação é absolutamente remota' - ãhã!
9. Tinha por suficiente 90 dias para cada ministério inventariar institutos, fundações e empresas públicas a extinguir - ao fim de ano e meio, pouco há a mostrar.
10. Era contra a reforma das urgências hospitalares sem oferta de alternativas - e é tirado o helicóptero de Macedo, lá colocado como compensação pelo fim das urgências.
11. Dava a prioridade ao crescimento económico, e 'tal objectivo implicará que a política de finanças públicas não seja um fim em si mesmo, mas um instrumento decisivo ao serviço de uma melhor e mais sustentada economia nacional'.
12. Propunha a agregação de concelhos na mesma câmara municipal - calendas gregas, pois não há córagem, como diz o Jardim, se metem contra os presidentes locais.
12. Achava ser 'preciso ter o elevador social a funcionar' - e o que há para os jovens licenciados são aviões low cost para emigrar.
É sempre mais complicado defender um partido quando ele chega ao poder e tem que pôr a mão na massa. E é óbvio que o partido minoritário não lidera o governo, mas, simplesmente, não se dá pelo seu 'caderno de encargos'.
Não peço contas ao PSD - não votei nele e não fui (des)iludido, mas prometeu o contrário aos seus eleitores (bem, não abandonou as ideias de alterar a constituição, estão a fazer o mesmo por decreto - epá, não é isto uma ditadura?, hum). Mas peço ao CDS, que é suposto ser diferente: se eu quisesse um governo laranja, não precisava votar ao lado.

Há uma linha que separa não cumprir as promessas e fazer o seu oposto.
Em tempos normais, dá-se um desconto a promessas eleitorais. Mas estes são tempos pouco normais, e estamos mais atentos à accountability.

Pela boca morre o peixe:
'As políticas focalizadas, unicamente, no equilíbrio da situação orçamental Portuguesa têm vindo a registar, repetidamente, os mesmos resultados: acréscimo da carga fiscal, rigidez ou aumento da despesa pública, aumento da dívida pública, descontrole do défice público, agravamento dos efeitos dos ciclos económicos e crescimento económico abaixo dos nossos parceiros.
Uma política orçamental que tem como primeiro objectivo o crescimento económico não implica que o CDS abandone a sua preocupação, de sempre, com a disciplina das Finanças Publicas. A saúde orçamental é uma base fundamental para assegurar um desenvolvimento equilibrado e geracionalmente justo. Dar prioridade ao crescimento sobre o défice não é um dilema. É uma ordenação de prioridades. Aliás, só o crescimento gerará receita, e a receita é essencial para a redução progressiva do nosso desequilíbrio orçamental.' 
Programa eleitoral 2009 

'O CDS, que tem uma forte tradição de defesa do contribuinte e de moderação fiscal, que não abandona, sabe que neste momento excepcional que Portugal está a viver, defender o contribuinte também é saber defender que não sejam sempre os mesmos – os que não podem fugir aos impostos – a pagar a factura; e que há formas de aumentar a receita que tornam evitáveis aumentos da carga fiscal.' 
Manifesto eleitoral 2011