quinta-feira, 14 de julho de 2011

UMA TANGA


Estreou esta semana A TANGA III (As Relíquias da Morte). Com sabor a déjà vu.

O guião é rudimentar: Passos Coelho diz que o aumento dos impostos sobre o rendimento é um disparate e, vencidas as eleições, é a 1ª coisa que faz; no dia em que assina o acordo nupcial com o consorte, promete inaugurar outra forma de fazer política e não atirar as culpas para o governo anterior, e agora faz ventilar que descobriu um buraco colossal nas finanças.
Em fase de pré-produção, a película incluía promessas impopulares, mas a rejeição do público-teste obrigou à retirada dessas cenas.
Surpreende que o público nacional continue a afluir às salas de cinema, como se esperasse um desfecho original: como os filmes do Rocky Balboa, o final é recorrente, num caso o equimótico boxeur vence, no outro o povo paga.

O mesmo sucedeu n’A TANGA I (O Cálice de Fogo), quando Durão Barroso chegou ao governo e disse ter encontrado o país de tanga, congelando salários e promoções, e subindo o IVA, e n’A TANGA II (A Ordem da Fénix), em que Sócrates prometeu não aumentar o impostos e não escapou nenhum, porque as contas estavam pior do que imaginava.
O primeiro dedicou-se a co-produções europeias, inspiradas na escola alemã, e o outro anunciou uma pausa após um fiasco de bilheteira, para estudar o (discurso do) Método, em Paris.

O êxito de bilheteira prenuncia que este blockbuster (feito com capitais totalmente públicos, a custo perdido) poderá ter mais sequelas que o 007, se tardar a passarmos a protectorado.
A saga começou com O PÂNTANO de António Guterres (em exibição num remake de Diamantes de Sangue, contracenando com Angelina Jolie), mas existe um historial, lembremos as 'curtas' de Vasco Gonçalves e o centenário filme mudo A SAÍDA DO PESSOAL DE S. BENTO (em que a velocidade de marcha dos 'actores' não se deve à tecnologia incipiente, mas ao ritmo de mudança dos governos).
Mas já se encontram referências à tanga em algumas peças trágico-cómicas descobertas em Conímbriga e mesmo imagens em pinturas rupestres, que os arqueólogos consideram metafóricas.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário