sábado, 25 de junho de 2011

O ANTÓNIO MARIA

Quando vamos à cata de caricaturas do século XIX, é impossível não dar de caras com o pasquim humorístico "O António Maria", uma espécie de antepassado d' O Inimigo Público. O título levou o nome próprio de Fontes Pereira de Melo, os desenhos têm a traça de Rafael Bordalo Pinheiro e a escrita o cunho de Guilherme de Azevedo e, depois, de Ramalho Urtigão.
Com circulação nos períodos 1879-1885 e 1891-1898, fundado e dirigido por RBP, prometeu fazer “em prosa e verso, á penna e a carvão, a silhouette da sociedade portugueza do ultimo quartel do seculo dezenove”, não havendo outro remédio "senão ser opposição declarada e franca aos governos, e opposição aberta e systematica ás opposições, o que não o impossibilita de ser amavel uns dias por outros".
O primeiro (e delicioso) número, depois do "estatuto editorial", traz a seguinte notícia:
"O governo n'este momento de crise, resolveu fazer um leilão de toda a mobília dos ministerios e comprar outra para seu uso.
A venda consta de:
Um lote de governadores civis com as molas pouco seguras.
Vários directores geraes de mogno para sala de jantar.
Alguns deputados e alcatifas.
Generaes de brigada retocados.
Um comissario de policia com algumas deteriorações.
Um par do reino de coiro com o fundo um pouco usado.
E o competente serviço de cosinha, composto de caçarolas, amanuenses, panellas, chefes de repartição, frigideiras, moços fidalgos, barris do lixo, economias, etc."

Por milagre da tecnologia, todas as edições estão disponíveis para consulta pelos mais bisbilhoteiros (http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/OAntonioMaria/OAntonioMaria.htm.













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