domingo, 26 de junho de 2011

GORBACHEV FOI FELIZ

Михаи́л Серге́евич Горбачёв ou Mikhail Serguéievich Gorbachev nasceu em 1931, aderiu ao PC aos 21 anos, casou e licenciou-se aos 22, tornou-se economista-agrónomo aos 35.
Em 1970 torna-se 1º secretário da agricultura, em 72 entra para o comité central, em 74 no soviete supremo e em 79 no politburo, à sombra do conterrâneo Yuri Andropov. Com a morte deste líder e do seu breve sucessor, Chernenko, ascendeu a secretário-geral do PCUS em 11.03.1985.
No congresso do ano seguinte, Gorby fez história anunciando a glasnost e a perestroika - transparência e reestruturação. Em 1988, renegou a doutrina Brejnev, admitindo a opção dos povos pela democracia e recusando dar cobertura aos líderes comunistas do bloco de leste, o que acelerou o corrupio de revoluções, como milho numa panela, poc-poc-poc.
Convicções porventura ancoradas em algumas viagens ao ocidente, a consciência do fiasco do regime, posto a nú durante o desastre de Chernobyl, o facto de ter como interlocutor  um cativante e distendido Reagan, tão capaz de engrossar a voz como de fazer compromissos, e cuja despesa militar não podia acompanhar, tudo isso explica a sua abertura.
Em Agosto de 91, ficou 3 dias em prisão domiciliária na sua dacha da Crimeia, durante um golpe de Estado que fracassou e donde emergiu um herói, Iéltsin, tornado líder de facto - depois de humilhações públicas, no dia de Natal, Gorby resignou e a bandeira soviética foi retirada do mastro.
Visto como coveiro do comunismo por um ocidente agradecido, Gorby não deixou boa memória nos russos: associado à crise económica e à depressão nacionalista, com a desagregação da URSS e satélites, teve menos de 1% nas presidenciais de 1996.

O Nobel da Paz de 1990 esteve esta semana no Minho, em Arcos de Valdevez, onde foi homenageado. Numa entrevista da RTP, a jornalista perguntou-lhe, num rescaldo dos 80 anos, se fora feliz.
Respondeu o estadista, "Os reformadores nunca ficam felizes" e respondeu o homem: "Sim, muitas vezes. apesar de ter sofrido muitas perdas. A maior alegria para mim e para a Raisa [falecida em 1999], foi termo-nos conhecido. Amávamo-nos, casámos e vivemos sempre lado a lado. Esta felicidade pessoal foi compensadora." Em idade para balanços, é o homem que conta.

Gorbachev foi, pelo menos, 15 vezes capa da Time. Uma espécie de powerpoint da sua meteórica passagem pelo poder.  

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 Janeiro 1990
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