segunda-feira, 4 de abril de 2011

SÃO NÚMEROS, SENHOR, SÃO NÚMEROS


Desde Janeiro, quem ganhar mais de 5000€/mês paga uma contribuição extraordinária de solidariedade de 10%... na parte acima dos 5000: ou seja, quem ganha 5010 euros, paga um.
Os 4533 pensionistas que recebem mais de 4000€/mês (eram 1002 em 2000) custam 20,39 milhões de euros/mês, quatro vezes mais que os 22311 beneficiários da pensão mínima (até 227,39€), cerca de 5 milhões - o valor médio das pensões da CGA é 1240,44€.
O último relatório da CGA regista um gasto de cerca de 8,5 milhões/ano com pensões vitalícias de 383 deputados (valor que sobe para 9,1 milhões em 2011) – esse valor vai subir, pois há em funções deputados e presidentes da câmara que já tinham esse direito adquirido em 2005, quando a lei mudou.

Os aposentados Cavaco Silva (10042€/mês, suspensos neste 2º mandato), Eduardo Catroga (9693), Daniel Sanches (7316), Mário Soares (5518), Correia de Campos (5524, eurodeputado), Luís Filipe Pereira (5663, vice-presidente da Efacec), António Capucho (3559, até há pouco presidente da câmara), Manuel Alegre (3219, já inclui pensão da RDP), Ferreira Leite (2417, deputada) e José Lello (2234, deputado) bem podem pregar que o Estado tem que emagrecer.
Um pormenor, a Galp e a EDP já tiveram 13 ex-ministros ou secretários de Estado na chefia de empresas públicas, a PT 19 e a CGD.

As parcerias público-privadas (PPP) têm uma vantagem: há um período de carência, em que o Estado não paga nada – não conta para o défice, ou para a dívida pública. O pior é o resto: as PPP celebradas desde 1995 (75 em 83 são da responsabilidade de governos PS) têm um custo acumulado de 48.275 milhões de euros até 2050. Mas a última PPP vai durar até 2083 - quem nascer agora deverá ser um avô reformado (?) nessa altura. Há muito que é sabido que a conta, em particular em 2014-2024, vai ser astronómica, mas quem decidiu não quis saber: quem vier que feche a porta!
Projectos mal concebidos (como orçamentos por baixo, atrasos, estimativas de tráfego ou traçados revistos e alterados, ou até “efeitos adversos da pluviosidade”) e negociações displicentes são a cunha para a derrapagem das PPP: no caso da ponte Vasco da Gama, houve 7 alterações (sempre a favor da “banca”) e derrapagem de 408 milhões, longe do desvio da Fertagus, apenas 111 milhões.

Querem o TGV? Eis 1393 milhões em derrapagens, que chegavam e sobravam: scut (383M), estádios municipais do Euro94 (187M), linha amarela do metro de Lisboa (127M, + 61% relativamente ao contrato inicial), aeroporto Sá Carneiro (93M, +30%), Casa da Música (69M, +235%), Ponte Santa Isabel em Coimbra (38M, +118%), Túneis do Terreiro do Paço (29M, +59%) e do Rossio (12M, +31%).
Só as auto-estradas do Norte e do Oeste cresceram 319 milhões – 280M para a A7 (+43%) e 39M para a A8 (+33,7%) – e a scut Costa da Prata encareceu 449M, uns 20%.
E falta o CCB: 175 (e meio) milhões de euros acima do previsto.

Fonte: O estado a que o Estado chegou, DN, edições Gradiva
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