segunda-feira, 25 de abril de 2011

FOTO DE FAMÍLIA


"Precisamos de políticos com voz própria, pensamento novo e autoridade moral.(...)
Sabemos que temos partidos fechados com poucas ideias e pouco debate; que há, muito mais do que seria desejável, políticos que não estão à altura das responsabilidades, mas sabemos também que muitos cidadãos pouco fazem para alterar esse estado de coisas, preferindo o comodismo do alheamento, da indiferença ou da má-língua inconsequente.(...)
É tempo de mudarmos todos de atitude a nível nacional, com mais vontade e menos voluntarismo e evitando a bipolaridade que se tem verificado em Portugal. E ficamos frequentemente felizes com o acessório. É hora de assumirmos todos as nossas responsabilidades na sociedade.(...)
Há desafios e incertezas e a hora exige tudo de todos nós, porque os que fizeram o 25 de Abril merecem a nossa gratidão.(...)
A actual situação criou a abstenção e a descrença nas instituições, a desconfiança nos políticos.(...)
São provas difíceis que todos viveram, embora em épocas diversas. Deve mover-nos a resolução dos problemas.(...)
Não nos podemos deixar desgastar nos problemas, porque os principais problemas têm sido exactamente a falta de sustentabilidade. Portugal enfrenta dificuldades, mas não podemos entrar nesta espécie de persistência nas dificuldades.(...)
Precisamos de privilegiar o interesse geral, de um Estado prestigiado e de uma economia que esteja ao serviço de todos os homens. O 25 de Abril deve fazer convergir para um futuro de esperança e de energia através dos novos talentos. Devemos dar aos sacrifícios um sentido colectivo e patriótico, para que as gerações futuras olhem para nós como alguém que tentou corrigir os erros."

Estas palavras assertivas são parte do discurso de Jorge Sampaio, tão cristalino como herméticos eram os seus discursos enquanto PR. Foi boa a ideia de juntar os 4 presidentes da democracia, se calhar sem bis, nos jardins do palácio de Belém: 4 discursos naturalmente distintos, mas focados todos na dificuldade presente, na responsabilidade de cada um, na necessidade de acordo e unidade (não unanimismo), na esperança no futuro. Foi diferente, para melhor, que a cerimónia geriátrica da assembleia.
Foi bonita a festa, diria Chico Buarque.
Porreiro, pá, diria Sócrates.

Sem comentários:

Enviar um comentário