domingo, 20 de março de 2011

A MINHA VIDA NÃO É ISTO


A Inês fez há tempos uma mini-prova de equitação. Não ligou aos repetidos avisos da assistência para por os pés nos estribos, o cavalo virou e ela foi em frente. Caiu. As dores nas costas e no pescoço aumentaram no dia seguinte e, por descargo da consciência, levei-a à clínica.
Fomos atendidos por uma médica entradota, presumo que reformada a fazer um biscate "para ter para os alfinetes", loura platinada e cujo baton já não alinha com os lábios, tipo mariana-do-circo.
A meio da consulta, atendeu a empregada, com quem discutiu uma fuga de óleo do carro e a quem pediu para cozer o frango (sem sal) para o cãozinho. Foi o mote para o monólogo: cão idoso, idas ao veterinário (uns ricos!, não saáa do hospital sem lá deixar mais de 200€, agora arranjei uma clínica ao pé da farmácia não-sei-quantos que me leva 8€). Quando respondi que era veterinário, mas não era rico, aproveitou para perguntar sobre raças de cães para fazer companhia ao seu geriátrico canídeo.
Depois a razão da consulta desviou-a para os equídeos: um colega cirurgião estético ia todas as semanas à Holanda ver os cavalos que lá tem - esses são outros que ganham rios de dinheiro, agora todas querem por botox!
Prescreveu radiografias, a tirar no piso inferior: "eu até sei ver, mas peça ao radiologista para dar uma olhada, eles querem é fazer pouco".
O interessante da história é que a "physica" nunca tocou na paciente.
Minto, tocou para lhe dar um beijo à saída, recomendando mais cuidado no cavalo: "Oh amorzinho, não te esqueças de por os pés nos PEDAIS".   

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